1. Etnofilosofia
Ideias gerais:
• Considera todos os elementos da cultura africana como manifestação da existência da
filosofia africana.
• A Filosofia Africana está presente nos contos, lendas, fábulas, mitos, provérbios, poesias
divulgadas nas culturas tradicionais africanas.
• Esta Filosofia é uma visão geral de uma tribo ou grupo étnico particular sobre o mundo.
• Trata-se de uma compilação da história natural do pensamento popular tradicional sobre
questões centrais da vida humana. É uma Filosofia cultural.
O Papel do filósofo:
• Compreender e explicar os princípios sobre os quais se baseia cada uma das culturas
africanas.
Africanidade
• Consiste no objecto de reflexão, que deve ser a cultura africana ou uma das culturas
africanas ou um dos aspectos dela.
A relação com o mito e a religião tradicional
• Arquivista, perpetuação, protectora e conservadora desse passado popular.
Principais representantes (Africanos e africanistas)
• Bzik Anyanw, Placide Tempels (A Filosofia Bantu), Alexis Kagame (A Filosofia Bantu
Ruandesa de Ser) e John Mbiti (Religião Tradicional Africana).
2. Corrente da Filosofia Profissional ou Académica
Ideias gerais
• A Filosofia deve ter o mesmo significado em todas as culturas, mesmo que os conteúdos
que aborda e os métodos que usa sejam variados e contextualizados.
• Não podemos aceitar que haja uma Filosofia africana que claramente nega a Filosofia em
geral.
• Filosofia é uma disciplina científica, teorética e individual que emerge em oposição ao mito,
às religiões tradicionais e ao seu respectivo dogmatismo e conservadorismo.
• A reflexão, a crítica e a fundamentação são características fundamentais da Filosofia.

O Papel do filósofo
• Analisar, criticar e compreender a racionalidade daqueles aspectos da sabedoria cultural
do povo africano.
Africanidade
• Consiste na pertença do filósofo ao continente africano; consiste na partilha e na conversa
entre africanos: o filósofo deve ser natural e oriundo de um povo e cultura africana.
A relação com o mito e a religião tradicional
• É uma relação de continuidade, transformação consciente, crítica e contínua da tradição do
povo face aos desafios do que o povo tem de presente e do futuro.
Principais críticas à Etnofilosofia
• Falta de rigor na terminologia (“Filosofia” a visão do mundo duma dada população);
• Os métodos de pesquisa, de análise e de interpretação desses estudos nem sempre
respondem às exigências da disciplina de Filosofia;
• Os etnofilósofos projectam a sua própria filosofia na linguagem bantu.
• A ligação ao passado nos desvia das tarefas actuais: (transformação da cultura para a
adaptá-la às exigências do mundo contemporâneo.
Principais representantes (Africanos)
• Paulin Houtoundji, Odera Oruka, Kwasi Wiredu, Mercien Towa, Serverino Ngoenha e
Paulino José Castiano.
3. Corrente Ideológica ou Filosofia Política Africana
Ideia geral
• A corrente ideológica é fundamentalmente uma filosofia sócio-política que inclui dentro de si a
negritude, o pan-africanismo, o socialismo africano, entre outros, e busca, por meio da
libertação mental, um regresso ao verdadeiro humanismo e socialismo africano, uma
verdadeira e significativa liberdade para o africano.
Preocupação fundamental
• Criar um futuro sócio-económico e político para a África independente;
• Responder aos problemas referentes ao colonialismo, às independências, ao fim da
escravatura e exploração do homem africano.
Principais representantes:
• Kwame Nkrumah, Léopold Senghor, Julius Nyerere, W. E. Dubois, Eduardo Mondlane e Samora Machel.

4. Negritude
Movimentos que originaram a Negritude
• Os movimentos que deram origem a Negritude foram: Black to Movement/regresso à África,
de Marcus Garvey; Desenvolvimento segregado de Booker T. Washington e Black
Renaissance/renascimento negro de William E. Du Bois.
• O marco inicial do Movimento da Negritude foi a publicação da revista Légitime Défense, em
1932, por um grupo de estudantes africanos, em Paris.
• Precursores da Negritude foram: Léopold Sédar Senghor (senegalês); Aimé Césaire
(martinicano) e Leon Damas (ganês). Estes resumiram o projecto em três conceitos:
identidade – consiste em o negro assumir plenamente a sua condição; fidelidade – atitude
que traduz a ligação do homem negro à terra-mãe; solidariedade – sentimento que liga
secretamente todos os irmãos negros.
• A Negritude pode ser definida como afirmação da personalidade africana e rejeição da
assimilação cultural ocidental; é o conjunto de valores culturais do mundo negro.
• Senghor, o qual define a negritude como "a soma total dos valores culturais do mundo
negro".
• O termo “Negritude” aparece pela primeira vez escrito no livro de poemas de Aimé Cesaire,
―Cahier d´un Retour au Pays Natal”.
5. Pan-africanismo versus negritude
• O Pan-africanismo e a Negritude permitiram a difusão da mensagem dos mentores dos
movimentos de libertação dos africanos.
• O pan-africanismo e a negritude são dois movimentos com o objectivo comum de lutar pela
liberdade, mas sob pontos de vistas diferentes: enquanto o Pan-africanismo lutava pela emancipação política de todos africanos, a Negritude lutava pela unidade dos negros sob o ponto de vista cultural.

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