A Educação

De acordo com BRANDÃO , educação é todo o conhecimento adquirido com a vivência em sociedade seja ela qual for. Sendo assim o acto educacional ocorre no chapa, em casa, na Igreja, na família e todos nós fazemos parte deste processo.

Ninguém escapa a educação, em casa, na rua, na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar e para aprender e ensinar. Para saber, para fazer ou para viver todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: edução ou educações.

Idem, afirma que não existe um modelo para se educar, não existe uma única maneira. A educação ocorre a partir do momento em que se observa, entende, emita se aprende; este processo não acorre somente dentro de uma sala de aula onde existe o professor, formado para educar.

 BRANDÃO e LIBANIO, definem a educação como (fenómeno plurifacetado, ocorrendo em muitos lugares, Institucionalizados ou não, sob várias modalidades). Identifica a prática pedagógica em seus variados modos de ocorrência. A educação se associa há processos de comunicação é interacção pelos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente organizados e com isso, ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas, valores.

A função Cultural da Educação é a transmissão dos valores morais, normas sociais de uma sociedade ou comunidade. Exemplo: Ritos de iniciação, o Lobolo.

Na perspectiva de BRANDÃO, a educação e cultura estão em paralelo, isto é, nem a educação assim como a cultura não encontram-se uma dentro da outra. Estas agem em simultâneo actuando a um fim único que é a instrução do homem novo. A edução e a cultura dependem uma da outra dando assim uma ralação de interdependência, a educação complementa a cultura.

A Escola

LIBANÊO, afirma que a escola é uma cultura organizacional o funcionamento dela é o fruto das relações estabelecidas entre seus membros, essa cultura pode ser modificada, pelas próprias pessoas, ela pode ser discutida, avaliada, planejada, num rumo que responda aos propósitos da direção, da coordenação pedagógica, do corpo docente e discente. Esses fatores contribuem para a construção do projeto pedagógico escolar. É certo que a escola possui a sua cultura, mas ela é também um lugar de mediação entre as diferentes culturas.

A escola está associada a moral e a ética, há um conceito pré-estabelecido que a educação escolar ajude a formar sujeitos cultos e dignos. Ela é a esperança da formação cultural, do progresso, da conquista, da dignidade, da emancipação, continua sendo o caminho para igualdade e inclusão social, pois propicia aos alunos conhecimento, estratégias e procedimentos de pensar sobre valores e critérios de modos de decidir e agir.

No entanto, o interesse pelo desenvolvimento organizacional, aplicado às escolas com o objectivo de alcançar a melhoria das instituições escolares em termos de funcionamento técnico administrativo e gestão pedagógica. Ao se considerar a escola como um sistema social composto de partes ou segmentos que formam um todo orgânico, THURLER, faz-se necessário reflectir sobre a dinâmica do quotidiano escolar em seus múltiplos aspectos, pois o pensamento pedagógico contemporâneo não pode se esquivar dessa importante tarefa sob pena de cair na superficialidade. A escola aparece inicialmente em nossa sociedade como se fosse instituição única e universal, que trata todos os alunos de forma igualitária e onde se elaboram os conhecimentos e valores sociais, portanto,  capaz de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. Todavia, essa é uma concepção superficial e fragmentada que se alicerça, principalmente, na ideologia capitalista dominante, uma vez que a escola pode ser entendida, em contrapartida, como redentora, reprodutora ou transformadora da sociedade de classes.

Para SAVIANI  “a escola tem uma função específica, educativa, propriamente pedagógica, ligada à questão do conhecimento”. O processo educativo escolar deve necessariamente garantir aos seus educandos a apropriação dos conteúdos do saber sistematizado. Ainda pondera que essa colocação parece óbvia para todos. Porém, é exactamente por essa obviedade que ela acaba sendo esquecida e, consequentemente, a transmissão do conhecimento sistemático na escola vem sendo deixada de lado ou prejudicada. As actividades curriculares acabam sendo sobrepostas pelas actividades extracurriculares. Entretanto, é preciso estar claro que as últimas são apenas actividades-meio, sendo que a actividade curricular é a actividade principal da escola. As actividades extracurriculares só têm sua razão de ser, na medida que em possibilitem o enriquecimento das actividades curriculares.

LIBÂNEO, A escola continua sendo uma instância de promoção da auto-reflexão e do desenvolvimento das capacidades intelectuais e operativas, necessária à formação da razão crítica.

Segundo FRIGOTTO, a escola é uma instituição social que, mediante sua prática no campo do conhecimento, dos valores, atitudes e, mesmo por sua desqualificação, articula determinados interesses e desarticula outros. Nessa contradição existente no seu interior, está a possibilidade da mudança, haja vista as lutas que aí são travadas. Portanto, pensar a função social da escola implica repensar o seu próprio papel, sua organização e os atores que a compõem.

Para PETITAT , a escola contribui para a reprodução da ordem social. No entanto, ela também participa de sua transformação, às vezes intencionalmente. Outras vezes, as mudanças se dão, apesar da escola.

Nesse contexto, o dirigente escolar, o professor, os pais de alunos e a comunidade em geral precisam entender que a escola é um espaço contraditório e, portanto, se torna fundamental que ela construa seu Projeto Político-Pedagógico. Cabe ressaltar, nessa direção, que qualquer ato pedagógico é um ato dotado de sentido e se vincula a determinadas concepções (autoritárias ou democráticas), que podem estar explícitas ou não.

Assim, pensar a função social da educação e da escola implica problematizar a escola que temos na tentativa de construirmos a escola que queremos. Nesse processo, a articulação entre os diversos segmentos que compõem a escola e a criação de espaços e mecanismos de participação são prerrogativas fundamentais para o exercício do jogo democrático, na construção de um processo de gestão democrática

Cultura

A cultura é definida como um sistema de signos e significados criados pelos grupos sociais. Ela se produz “através da interacção social dos indivíduos, que elaboram seus modos de pensar e sentir, constroem seus valores, manejam suas identidades e diferenças e estabelecem suas rotinas”, como ressalta.

A cultura é parte do que somos, nela está o que regula nossa convivência e nossa comunicação em sociedade

José Luiz dos Santos apresenta duas concepções básicas de cultura. A primeira preocupa-se com todos os aspectos de uma realidade social, ou seja, cultura é tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou nação. A segunda concepção refere-se ao conhecimento, às ideias e crenças de um povo, assim como às maneiras como eles existem na vida social. Dessa forma, cultura diz respeito a uma esfera, ou domínio da vida social e adverte que: (se a cultura não mudasse, não haveria o que fazer senão aceitar como naturais as suas características e estariam justificadas, assim, as suas relações de poder.

Cultura é conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade, uma comunidade ou um grupo, aí compreendidos os aspectos que se podem considerar como os mais quotidianos, triviais ou inconfessáveis

Para CARDOSO, metodologicamente, a cultura da escola pode ser identificada por quatro diferentes subculturas, a saber:

1ª) Cultura das normas ou cultura política: se manifesta nas formas de normatização da educação, e se materializa nas normas, regras de funcionamento e na organização formalizada em burocracias institucionais. Constitui assim uma subcultura da cultura nacional que se expressa nas políticas públicas de educação, sendo, pois, mediadora entre o poder instituído, os alunos e os professores;

2ª) Cultura estruturalista: se expressa nos modelos instituídos de funcionamento da escola, e se concretiza na escola real, resultado das práticas pedagógicas construídas pela experiência e prática profissional dos atores escolares;

3ª) Cultura integracionista: nasce das interacções sociais e integra os atores escolares (professores, alunos e famílias) numa cultura própria, invisível e distinta da escola real;

4ª) Cultura científica ou cultura pedagógica: diz respeito ao conhecimento produzido pelas Ciências da Educação, aos corpos de saberes que se expressam nas publicações científicas, nos manuais e nas práticas pedagógicas.

O professor

O professor é o mediador do conteúdo transmitido, ele deve propor actividades que   conduzam o educando para a condição de sujeito activo da própria aprendizagem  no processo de transmissão e assimilação do conhecimento, o professor precisa estar atento aos aspectos cognitivos e subjectivos do aluno para desenvolver o aprendizado e torná-lo mais significativo.

As relações entre professor/aluno, não são estáticas, mas dinâmicas, pois se trata da atividade de ensino como um processo coordenado de ações docentes.

FREIRE deixa-nos entender que a relação professor e aluno ou vice-versa têm a finalidade de que a relação professor-aluno nesse processo de ensino-aprendizagem gira em torno da concepção da educação, tendo uma perspectiva de que quando todos se unirem na essência da educação como prática de liberdade, ambos abrirão novos horizontes culturais de acordo com a realidade e imaginação de todos os indivíduos, seguido das diferentes culturas de cada um.

Função da educação.

A Obra primordial da educação consiste em levar o educando a atingir a maturidade e a liberdade ou em educar para a liberdade. Para esta educação deve contribuir em grande parte a autoridade, apesar de paradoxalmente ambos os termos parecerem antagónicos. Educar para a liberdade e em liberdade não exclui, antes torna necessária, a autoridade, indispensável para “fazer crescer” o educando em todas as dimensões, particularmente na liberdade OLIVEIRA.

Segundo ARANHA, a educação tem por objectivo a interacção social e cultural do indivíduo, essa mesma educação que irá contribuir com parte de nossos valores por toda vida. Enquanto à educação, esta pode ser tida como prática social que perpetua uma determinada realidade social ou que rompe com cenário social evidenciando suas contradições.

A educação na sociedade tem como propósito, uma estratégia na qual se torna importante desenvolver iniciativas que contribuam para o desenvolvimento humano, na medida em que vá de encontro às necessidades e interesses daqueles em questão. A escola sozinha tão pouco dará conta dessas demandas, ela precisará propor acções e condições educativas que envolvam todos (sociedade, professor, aluno e família) se tivermos essa interacção, certamente teremos competência e com a inovação formaremos melhores cidadãos no futuro, com profissionais de qualidade, sendo os mesmos preparados e abertas as para novidades.

Segundo GADOTTI, a educação, como lugar de prolongamento de uma sociedade, deve ser um problema do inacabado, do transitório e do não permanente. É naturalmente importante que o futuro professor passe por um processo de formação que irá prepará-lo para uma actividade docente onde todos nós buscamos um mesmo propósito, uma sociedade mais justa e humana com melhor qualificação, que irá contribuir na formação do futuro profissional

A censura de que a pedagogia histórico-crítica daria excessiva ênfase ao saber em detrimento da consciência crítica, SAVIANI, refuta, defendendo que é o domínio do conhecimento sistematizado que possibilita ao indivíduo a ampliação da consciência, ou seja, será a apropriação dos conteúdos que possibilitará que o educando elabore a própria consciência. A primeira função da escola remete à questão da cultura popular, enquanto saber assistemático e espontâneo. Para a pedagogia histórico-crítica, essa forma de conhecimento constitui, na perspectiva da escola, o ponto de partida da acção pedagógica por ela desenvolvida, porém tendo como objectivo atingir o conhecimento erudito ou sistemático. O ponto de chegada do ensino escolar concretiza a segunda função apontada por Miranda. Assim, para Saviani, o domínio do saber sistematizado é necessário para que as classes populares possam “expressar de forma elaborada os conteúdos da cultura popular que correspondam aos seus interesses.

Relação entre educação e cultura

É no processo da educação e pedagogia que são promovidas as mais importantes formulações teóricas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as civilizações.

A cultura é todo um complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade (civilização). Muitas vezes com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos.

A civilização será um padrão que depende da cultura. É o estágio de desenvolvimento cultural em que se encontra um determinado povo. Este desenvolvimento cultural é representando pelas técnicas dominadas, relações sociais, crenças, factores económicos e criação artística. O desenvolvimento de uma civilização ocorre lentamente, logo é um processo, e o principal factor que pode influenciá-lo é o da educação.

A educação e a pedagogia moldam esse “sujeito” de acordo com os padrões (práticas), que estão vigentes em sua civilização. Tendo em vista que cada civilização tem os seus próprios padrões constituídos de acordo com a sua cultura. A busca da verdade do conhecimento (educação), relacionada com o poder e a política, têm a pedagogia como uma forma de constituir uma “verdade” sobre o ensino e a aprendizagem.

Em relação ao sentido social a educação é o processo de transmissão/mediação da experiência social acumulada pelas gerações mais velhas para as mais novas, com vista a prepará-las  para a vida e para o trabalho na civilização onde vivem. Relacionando-se com o aspecto pedagógico a educação pode ser entendida como uma actividade organizada, orientada para o desenvolvimento integral da personalidade, isto é, um sistema estreitamente organizado virado para a formação da personalidade, dentro de uma civilização, com culturas (manias) que sejam comuns neste ambiente. O sujeito desse ambiente é ensinado de acordo com os costumes da sua civilização, a fim de servi-la. Mas, essa relação tem seu processo de maneira linear, visto que em uma sociedade civilizada, poderão ocorrer desvios.

 

Referências bibliográficos

ARANHA; Maria Lúcia Arruda. Filosofia da Educação 2ª ed.São Paulo: moderna ,1996.

GADOTTI; Moacir. A educação contra a educação .Rio de Janeiro :Paz e terra ,1981

SANTOS, J. L. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

CARDOSO, T. M. A cultura da escola e a profissão docente: inter-relações. 2001.

PILETTI, Claudino, Didáctica geral, Editora Aríca, 23 Edição, São Paulo, 2004.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 3. ed.  São Paulo, Cortez, 1992.

LIBANEO, José Carlos, Didáctica, São Paulo, Cortez Editora, Outubro 2006.

BRANDAO.C.R, O que é educação, São Paulo, Brasil, 1985.

VEIGA, Gynthia Greive, A escolarização como projecto de civilização. Revista Brasileira de Educação2002.