Raízes tubérculos

A mandioca é uma espécie de grande importância económica, embora seu consumo de certo modo concentre-se no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste, ela está presente em todo o território nacional.

Mandioca, aipim ou macaxeira são alguns nomes vulgares dessa euforbiácea, vegetal com uma grande variedade de exemplares. As espécies podem ser divididas em dois grupos: espécies mansas e espécies bravas, obedecendo a um critério de toxicidade que será abordado logo adiante.

Esse vegetal além do valor económico, reflecte também um grande valor cultural, estando suas origens profundamente ligadas às origens dos índios da América do Sul.

Historicamente, a cultura da mandioca teve papel importante em todos os períodos do Brasil desde colónia e poderá ainda, ser um dos alicerces de um desenvolvimento sustentável.

Breve historial da mandioca

Entre os séculos XVI e XIX a alimentação do brasileiro, de um modo geral, e, sobretudo nas áreas em que mais se fez sentir a influência indígena, sustentava-se basicamente na cultura e no consumo da mandioca (Manihot spp.) e da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) segundo suas diferentes maneiras de preparo. Se a desnecessidade de solos muito férteis e de técnicas refinadas para a cultura, manipulação e transformação da mandioca muito contribuíram para isso, outros factores actuaram para disseminar e propagar seu uso, que acabou por incorporar-se de modo permanente ao regime alimentar do brasileiro. Características Gerais

Trata-se de um arbusto com crescimento vertical, com folhas palmadas contendo cinco a sete lóbulos, de cor verde azulada, sua altura vária de 1,50 a 2,40 metros. Segundo a classificação botânica pertence à família Euphorbiaceae, assim como a mamona e a seringueira.

O cultivo da mandioca é tão antigo e o intercâmbio de mudas e sementes tão intensas e descontrolado que se torna impossível uma classificação botânica absolutamente certa, devido à modificação das características das variedades silvestres em relação às cultivadas. Também é impossível julgar o valor económico das diversas variedades, cada uma comporta-se diferentemente em cada clima, altitude e solo, ou seja, a inconstância das variedades no aspecto botânico também se manifesta na produção.

O Brasil é o maior produtor mundial, colhendo aproximadamente trinta por cento de toda a mandioca consumida no mundo, são cerca de dois milhões de hectares plantados.

Em medidas de calorias por meio hectare, só é igualada pelo arroz e pela banana. Além do valor energético devido ao elevado teor de amido das raízes, as folhas de mandioca contêm elevados índices de proteínas e vitaminas A e B.

Toxicidade

Vulgarmente, classificam-se as variedades de mandioca, em “bravas” (mandioca) ou “mansas” (aipim e macaxeira), conforme o teor de veneno que possuem.

Anteriormente, pensava-se que eram espécies distintas, sabe-se agora que a toxidez muda entre as diferentes variedades, com a idade das plantas, sob outras condições ambientais (solo, clima, altitude) e forma de cultivo.

2.3 Método de propagação rápido da mandioca

A mandioca é uma planta muito versátil e de ampla utilização na alimentação humana, animal e para uso na indústria. De fácil adaptação, ela é cultivada em todos os estados brasileiros e quando comparada a outros cultivos, apresenta uma série de vantagens, tais como: fácil propagação; elevada tolerância a longas estiagens; rendimentos satisfatórios mesmo em solos de baixa fertilidade; pouca exigência em insumos modernos; potencial resistência ou tolerância a pragas e doenças; elevado teor de amido nas raízes; boas perspectivas de mecanização, do plantio à colheita, sem grandes perdas na matéria seca; e, por fim, permite consórcio com inúmeras plantas alimentícias e industriais. O sucesso da lavoura, no entanto, depende, em grande parte, da utilização de mudas de boa qualidade.

v   As plantas devem ser sadias e maduras, sem sintomas de doenças, sem pragas e com ótimo desenvolvimento vegetativo;

v   Devem ter idade entre 8 e 14 meses;

v   As plantas devem ser produtivas, ou seja, com grande número de raízes, pois a produtividade da mandioca depende do número de raízes, esta é uma característica genética das variedades;

v   As melhores ramas para fazer mudas são as provenientes da haste principal da planta e do terço central desta.

v   No momento da retirada das mudas, as brotações e as raízes devem ser cortadas, mas as ramas devem ficar inteiras, sendo feito o corte em estacas menores só na hora do plantio.

  • Método de propagação rápida para a formação de mudas

 O primeiro passo é esterilizar o solo, utilizado como substrato na câmara de propagação. Para isso, utiliza-se formol a 10%, em uma quantidade de 10 litros por câmara. Cobre-se a câmara com um plástico durante cinco dias, tira-se o plástico e espera-se mais cinco dias para se fazer o plantio das estacas. O substrato deve apresentar alta fertilidade. Caso necessário, deve ser aplicado um fertilizante adequado, para assegurar uma boa brotação das estacas.

 Uma vez preparada a câmara, inicia-se o processo de obtenção das manivas. No campo, devem ser seleccionadas plantas sadias e maduras, com pelo menos oito meses de idade, retirando os melhores caules. Esses são levados para a área destinada à multiplicação rápida e cortados em estacas com duas gemas ou nós com uma serra previamente desinfectada. A serra deve ser desinfectada antes de cada corte, com hipoclorito de sódio, permanganato de potássio ou álcool.

Descreve-se a forma como está organizado o sector de distribuição de mandioca e derivados em Randónia, tanto dos produtos produzidos localmente quanto dos oriundos de outras regiões do país.

A metodologia utilizada foi a da pesquisa exploratória, de natureza quali-quantitativa, por meio da aplicação de instrumento de colecta de dados semi-estruturado junto a produtores, processadores e operadores do atacado e do varejo de mandioca e derivados em oito dos dez principais municípios produtores de mandioca do Estado.

Os resultados obtidos indicam que o sector de distribuição de mandioca e derivados tem como característica predominante a distribuição intensiva, sendo operado por canais que vão do nível zero ao nível quatro. A pesquisa identificou que o sector está bem estruturado, principalmente os atacadistas e os varejastes de maior porte, por contar com fornecedores já definidos e por possuir uma estrutura logística bem delineada.

Na região tropical, a mandioca encontra condições favoráveis para o seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais. É cultivada na faixa compreendida entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora a concentração de plantio da mandioca esteja entre as latitudes 20 norte e 20sul. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, admitindo-se que as regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros são as mais favoráveis.

A faixa ideal de temperatura situa-se entre os limites de 20 a 27oC (média anual), podendo a planta crescer bem entre 16 e 38C. As temperaturas baixas, em torno de 15oC retardam a germinação e diminuem ou mesmo paralisam sua actividade vegetativa, entrando em fase de repouso.

A faixa mais adequada de chuva está compreendida entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo (período de estabelecimento da cultura), o que prejudica a produção.

O período de luz ideal para a mandioca está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aéreo e reduzem o desenvolvimento das raízes tuberosas, enquanto os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes tuberosas e reduzem o desenvolvimento dos ramos.

Situado no extremo norte do país, onde possui um clima tropical húmido com poucas variações de temperatura, sendo Outubro o mês mais quente e, de Fevereiro a Abril, o período mais frio. As chuvas se estendem por um longo período, de Dezembro a Julho, com altos índices pluviométricos, que podem chegar a 500 mm3 em um único mês. O período seco, entre Agosto e Novembro, é mais curto e a precipitação diminui para menos de 50 mm3 por mês.

 

Referências bibliográficas

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