Para iniciar a debruçar sobre este tema, importa primeiro dar conceito sobre moral.

Moral é o conjunto de condutas, quer própria de uma época ou cultura quer consideradas como universalmente válidas, teoria do bem e do mal, que conduz normativo.

O desenvolvimento moral refere-se ao modo como a criança aprende a determinar o que é certo e o que é errado, pois, é a base do princípio da justiça.

Dentre vários psicólogos que tentaram analisar o conceito da moralidade das crianças e de adultos, destacaram-se Jean Piaget, Hugh Hartshorne,mas daremos mais ênfase ao Lawrence Kohlberg, nas suas teorias do desenvolvimento moral.

Teoria de Kohlberg

Este psicólogo revolucionou a compreensão sobre o desenvolvimento moral, e descobriu ainda que o carácter moral se desenvolve com o crescimento moral. Depois de ter conduzido uma longa série de estudos, com crianças e adultos, Kohlberg descobriu que o desenvolvimento moral ocorre de acordo com uma sequência específica de estádios, independentemente da sua cultura, sub cultura, continente ou país.

A sua teoria propõe três níveis de moralidade, sendo:

Nível Pré Convencional, (egocentrismo), Convencional (social) e Pós Convencional (autónoma).

Portanto, em vez de se definir a moral com os traços fixos, o carácter moral evolui segundo uma série de estádios do desenvolvimento, ou seja, enquanto Piaget identificava os estádios de desenvolvimento cognitivo, Erickson sugeriu estádios de desenvolvimento psicossocial, e Kohlberg, descreu o estádio de desenvolvimento moral.

 Níveis e estádios de Kohlberg

Nível pré-convencional (criança)

É típico de raciocínio moral utilizado pela criança entre os quatros aos dez anos de idade. As decisões são egocêntricas, o que significa que as decisões são baseadas nos interesses pessoais. O raciocínio moral da criança difere do adulto porque as crianças têm menos experiências e maturidade.

Este nível engloba comportamento para evitar punições ou para obter recompensas. A criança começa a desenvolver a moralidade onde aprende a distinguir entre o bem e o mal, e também começa a formar o carácter através das escolhas que faz.

O nível pré-convencional consiste apenas do primeiro e o segundo estádios de desenvolvimento moral, e está preocupado apenas com o próprio ser de uma maneira egocêntrica. Alguém com uma moral pré-convencional ainda não adoptou ou internalizou as convenções da sociedade sobre o que é certo ou errado, mas, em vez disso foca-se grandemente em consequências externas que certas acções possam ter.

O primeiro estádio: Orientação para o castigo e obediência

 Neste estádio a moralidade para a criança consiste em observar literalmente as regras, obedecer à autoridade e evitar o castigo. Por exemplo, uma acção é vista como errada apenas porque aquele que cometeu foi punido.

 As crianças avaliam-se as elas próprias como boas ou más com base nas recompensas e nos castigos administrados pelos adultos. As regras são percebidas como sendo absolutas e devem ser cumpridas independentemente das circunstâncias.

As pessoas são percebidas como sendo importantes com base na utilidade que elas têm para a criança.

O segundo estádio: Orientação instrumental-relativista

 É aquele em que a pessoa é movida pelos seus próprios interesses.

No ponto de vista da criança é certo o que faz feliz;

A criança inibe-se de ser injusta se os outros não forem injustos com ela.

Nível Convencional (adolescentes e adultos)

O raciocínio das crianças maiores e adultas trata-se de agradar aos outros ou cumprir obrigações sociais. Ou seja: concordância interpessoal e conformidade, concordância social e manutenção dos sistemas.

O raciocínio moral é mais concentrado no social-têm em conta os interesses dos outros numa determinada sociedade. Existe um forte desejo para corresponder às normas morais, fundamentá-las e justificá-las. A maioria dos adolescentes e adultos opera neste nível.

Nível convencional de argumentação moral é típico de adolescentes e adulto. Aqueles que argumentam de uma maneira convencional julgam a moralidade das acções comparando-as com as visões do mundo e expectativas da sociedade. A moralidade convencional é caracterizada por uma aceitação das convenções sociais a respeito do certo e do errado. Nesse nível o indivíduo obedece a regras e segue as normas da sociedade mesmo quando não há consequências pela obediência ou desobediência. A aderência a regras e convenções é de algum modo rígido, entretanto, a adequação da aplicação de uma regra ou a justiça.

Terceiro estádio: Orientação para o bom menino ou boa menina

Neste estádio a uma grande preocupação para a integração da pessoa dentro do grupo, uma realização notável de certas actividades (boas acções) para promover a sua aceitação no grupo. É neste estádio que o sujeito começa a ter em conta, as intenções e juízos e faz das acções em função das regras estabelecidas no grupo. Os afectos ocupam um relevo na pessoa.

Quarto estádio: A orientação para a ordem e lei

É aquele em que a pessoa se move com base obediência a autoridade e ordem social. O correcto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem social, e manter o bem-estar da sociedade ou do grupo. O ponto de vista é do sistema ou do grupo social como um todo, considera os interesses individuais dentre desse quadro de referência. O indivíduo recorre a leis, regras ou códigos param se orientar nas situações dilemáticas. A argumentação moral do estádio quatro está além da aprovação individual exibida no estádio três; a sociedade deve aprender a transcender necessidades individuais. A acção afectiva da sociedade e das instituições é governada pelos regulamentos e leis para serem observadas e obedecidas.

Nível pós-convencional (acima de 15 anos)

Trata-se de princípios éticos universais ou a padrões de consciência, ou seja: Contacto social, utilidade, direitos individuais e princípios éticos universais.

A pessoa que opera este nível nem é egocêntrica nem social, mas autónoma no seu juízo. As pessoas matem princípios que transcendem as leis existentes e as convenções aceites e, se for o acaso, entra em conflito com o que é entendido como os direitos básicos de uma pessoa e o que é considerado ser no melhor interesse das pessoas.

O nível pós-convencional, também conhecido como, “nível principiado”, consiste dos estádios cinco e seis do desenvolvimento moral. Há pessoas que exibem uma moralidade pós-convencional vêem as regras como necessárias e como mecanismos motuaveis-idealmente, são regras que podem ajudar a manter a ordem social geral e a proteger os direitos humanos.

Quinto estádio: Orientação para o contrato social

Neste estádio é reconhecido que existem situações em que as leis podem ser injustas, devendo ser alterados. As regras devem envolver acordo mútuo e que devem ter como objectivo proteger os direitos individuais. As leis são consideradas contratos sociais em vez de mandamento rígidos. A mudança da lei é compreendida para alterar a interpretação do que é certo ou errado. Neste estádio nada é considerado absoluto.

A visão do mundo de quem está neste estádio é a de que no mundo existem pessoas de diferentes opiniões, direitos, e valores. O correcto é apoiar os direitos, valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas concretas do grupo. Aquelas que não promovem o bem-estar geral devem ser modificadas quando necessárias para adequar-se ao “bem máximo para o maior número de pessoas”. Isso é atingido através da decisão da maioria, e do cumprimento inevitável.

As decisões morais baseiam-se num sistema de leis como a constituição, mas, não são escritas. Significa que não encaramos o problema em termo de uma lei única, mas, em termos de sistema global.

Sexto estádio: Orientação com os princípios éticos universais

 Este é mais elevado do desenvolvimento moral proposto por Kohlberg e são poucas pessoas que alcançam, os princípios são baseados na vida humana, a justiça é estabelecida universalmente; quem opera este estádio tem igualdade com entre pessoas, a vida tem precedência sobre todas as outras convenções humanas; devem examinar todos os factores envolvidos e tomar uma decisão adequada.

Na nossa óptica, este estádio é o dos princípios universais éticos. As leis e acordos sociais só são válidos na medida em que derivam de tais princípios, é preciso agir de acordo com eles. Os princípios em questão são os da igualdade dos seres humanos e o respeito por sua dignidade como indivíduos.

Dilema Moral

Para melhor compreender a variedade do desenvolvimento moral, em função dos estádios propostos por Kohlberg, apresentamos um Dilema Moral, que as respostas serão de acordo com os níveis de estádios de desenvolvimento moral.

O dilema moral que se encaixa para a avaliação do raciocínio moral, é a história de um homem que tem a mulher gravemente doente. Existe um medicamento que pode curar a sua doença, mas ele não dispõe de dinheiro para pagar.

A questão é: Se o marido poderia roubar o medicamento, ou não? As respostas típicas variam-nos diferentes estádios no desenvolvimento moral e são as seguintes:

No estádio I, a criança poderia dizer que ele não devia roubar o medicamento porque fazendo isso seria punido e seria preso.

No estádio II, a criança seria motivada pela recompensa, por conseguinte a criança argumentaria que o marido devia roubar o medicamento para salvar a vida da mulher porque, uma vez fora da prisão, ele poderia usufruir da sua companheira outra vez.

No estádio III, a criança poderia dizer que roubar o medicamento seria compressível porque, se ele não o fizesse, as pessoas poderiam pensar que ele era insensível e que não a amava. O factor que motiva é ter a aprovação dos outros.

No estádio IV, a pessoa poderia dizer que roubar é contra lei, por conseguinte o marido não devia roubar.

No estádio V, a pessoa diria que as pessoas têm o dever de salvar uma vida humana.

No estádio VI, a pessoa poderia argumentar que seria moralmente errado não roubar quando esta em jogo uma vida humana. A importância e o carácter sagrado da vida estão à cima do ganho financeiro.

Análise crítica da teoria

A teoria moral do desenvolvimento moral tem sido crítica por si basear em respostas verbais que, necessariamente não reflectem a moral funcional.

Ignorância da especialidade do desenvolvimento moral das mulheres;

Desvalorização do papel da emoção e do hábito do processo do desenvolvimento moral.

Implicações pedagógicas da teoria

Uso de métodos de debates para a formação e desenvolvimento moral;

O professor, a comunidade escolar, família, líderes religiosos, devem espalhar valores que possam ser exemplos aos mais novos;

As crianças devem ser levadas a compreender que fazer uma coisa certa meramente para receber a aprovação dos outros, não é a base para tomar uma decisão moral;

Os alunos devem ser incutidos em comportamento de que não devem ser julgados isoladamente, mas que as circunstâncias que levam a esse comportamento devem ser analisadas;

Os indivíduos são líderes das suas próprias casas, eles conseguem distinguir o mal do errado sendo deste modo os melhores supervisores do seu próprio comportamento.

 

Referencia bibliográfica

DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia, 3ª edição. São Paulo. Person Makron Books, 2001.
DOUROZOI, G & ROUSSEL A.. Dicionário de Filosofia. 2ª Edição. Porto, Porto Editora, 2000,398 P.MWAMWENDA, Tuntufye. Psicologia educacional: uma perspectiva africana, textos editoras, 2004.PAPALIA, Diane; et-al. O mundo da Criança. Portugal, Editora Mc Graw Hill, 2001.