O desenvolvimento sócio-económico, político e cultural de África entre os séculos XV-XVII

Neste período, no continente Africano desenvolviam-se reinos e impérios com um dinamismo político, económico, social e cultural próprio de África, isto é, diferente de outros locais do mundo.

Figure 1. África antes da ocupação efectica pelos imperialistas europeus.

 

Até ao séc. XV, a África, a sul de Sahara era uma região habitada por vários povos, que na sua maioria tinha poucos contactos entre si. Este isolamento devia-se aos desertos, florestas e relevo que dificultavam a comunicação entre as comunidades. Assim, as adversidades naturais(desertos, florestas e ao relevo que dificultava a comunicação entre as comunidades) condicionaram a formação de reinos e impérios com características políticas, económicas e sócio-culturais diferentes uns dos outros.

Economia

A principal actividade económicaera a agricultura. A mineração do ouro, o artesanato e o comércio eram actividades complementares.

No século IX desenvolve-se comércio na costa oriental africana como povos asiáticos levando ao desenvovimento de algumas cidades mercantis como Mogadíscio, Brava, Mombaça e Quilwa.

Na África ocidental, os Estados Hauças desenvolveram o comércio como principal actividade o que permitiu o desenvolvimento das cidades-estado. Nesta região, assiste-se também o florescimento de Mali e Songhay como importantes cidades.

Na costa oriental destaca-se o Estado de Mutapa que entrou na economia mundo através do comércio que consistia na toca do ouro por tecidos, loiça, missangas e porcelana trazidos pelos asiáticos.

Em suma, neste período, desenvolviam comércio local, regional e interregional. A nível local vendiam-se produtos como sal e artigos artesanais. O comércio regional levou ao surgimento das elites ligadas ao comércio na costa e chegaram a dinamizar o comércio de escravos.

 

Política

A população africana neste período estava integrada em estados centralizados, dirigidos por um Rei. São exemplos de Estados:Ghana, Mali, Songhay, Etiópia, Mwenemutapa, Massina, Mandara, Núbia, Hauças e Congo, Luanda e do Congo, Zimbabwe, Manyikeni, entre outros.

O poder era hereditário, isto é, passa de geração a geração na mesma família reinante e a linhagem lutava para se manter no poder.

 

Sociedade e cultura

A sociedade e cultura era complexa e heterogénia devido a diversidade cultural resultante da flexibilidadde das fronteiras .A emergência do islão no século VII vai influenciar a costa e mais tarde o interior onde penetra com os comerciantes. A influência asiática, sobretudo na Costa Oriental de África, levou a surgimento e desenvolvimento da cultura e civilização Swahili como resultado da fusão entre africanos e árabes-persas. Foi sob sua influência que surgiram os reinos afro-islâmicos da costa de Moçambique, tais como, o Sultanato de Angoche, Xeicado deQuitangonha, Sangage e Sancul.

 

Figure 2. Reinos afro-islamicos em África

 

Antes da influência árabe e cristã, a cultura africana baseava-se nos usos e costumes locais muito diversificadas. As populações africanas professavam religiões animistas. O culto aos antepassados constituía o garante do bem-estar social e económico, cujos anciãos eram intermediários entre os vivos e os mortos.

 

As relações entre África e outros continentes entre os séculos XV e XVII

Entre os séculos XV a XVII a África ajudou a desenvolver a Europa, mas por seu lado a Europa subdesenvolveu a África retirando matéria prima do continente africano.

No século XV, os europeus não tinham uma política de fixação e colonização em relação ao continente africano. Estes penetraram no continente africano com objectivo de desenvolver as trocas comerciais para a obtenção do ouro, escravos e marfim. Em troca, os africanos recebiam armas, tecidos e quinquilharias. Os africanos tinham pouca voz no tocante ao desenvolvimento de relações comerciais que se estabaleceram entre África, Europa a as Américas. Na verdade, os europeus serviram-se da superioridade dos seus navios e armas para conseguir o controlo de todos os caminhos marítimos mundiais.

O comércio era feito através do estabelecimento de relações comerciais em locais estratégicos do litoral, onde foram criadas as feitorias(centros de trocas comerciais criados pelos portugueses, geralmente localizados na costa).As relações entre europeus e africanos neste período eram pacificase com um carácter mais comercial do que militar.

Entre séculos XV e XVI, desenvolvera-se influência europeia na cultura africana, em particular, o cristianismo. Exemplo: na África Ocidental, no Senegal, já havia trabalhos das igrejas missionárias protestantes e; no Reino de Congo, portugueses tentaram criar reino africano cristão europenizado.