Habitat
Os protozoários ocupam quase todos os habitais, desde que sejam lugares húmidos (água doce, mar, solo, sistemas límnicos, águas paradas, etc.). Podem ser solitários ou de vida colonial.

 

Alimentação

Os protozoários são, como se disse, heterotróficos. Alimentam-se de matéria viva e morta (são saprofíticos quando vivem em substâncias dissolvidas e saprozóicos quando se alimentam de matéria animal morta). Podem ser de vida livre, simbiótica ou parasítica.

Dentro dos parasitas, podemos destacar os seguintes:

  • parasitas facultativos - tanto vivem livres, como dependem do hospedeiro;
  • parasitas obrigatórios - não vivem sem hospedeiro;
  • cxoparasitas - parasitas externos;
  • endoparasitas - parasitas internos.

Podem existir formas transitórias. Também existem formas comensais, isto é, que vivem colectivamente com diferentes organismos, sem prejuízo mútuo.

 

Indivíduos de vida livre

Estes protozoários alimentam-se geralmente de detritos orgânicos, bactérias e outros microorganismos, incorporando-os em vacúolos digestivos, A digestão é intracelular. Neste caso, as formas mais importantes de alimentação são as seguintes:

Fagocitose - forma de abraçar os alimentos por meio de braços ou pés falsos (pseudópodes - o corpo celular evagina-se);

Pinocitose - incorporação de alimentos desintegrados pela superfície do corpo celular;

As espécies parasitas aproveitam substâncias orgânicas solúveis absorvidas a partir dos tecidos do hospedeiro, resultando na ausência de estruturas digestivas.

 

Formas de reprodução dos protozoários

Existem basicamente duas formas de reprodução nos protozoários:

  • Reprodução assexuada por divisões mitóticas, que ocorre praticamente com todos os protozoários (o corpo-mãe divide-se e forma novos indivíduos idênticos);
  • Rreprodução sexuada por conjugação.

 

Doenças provocadas por protozoários

Dada a importância de alguns protozoários para a saúde pública, destacamos os seguintes grupos taxonómicos na tabela abaixo:

Grupo

Agente infeccioso

Flagelados

Tricomonas, Giardia, Tripanossoma, Leíshmania

Sarcodinos

Amibas

Esporozoários

Plasmódio

 

Tricomonas (Ordem Trichomonadida):  Para o Homem, a importância desta ordem reside no tacto de ela ser constituída por parasitas. Trichomonas vaginalis é um parasita da vagina humana e do tracto genital masculino. Causa vaginite, que se propaga por contacto venéreo. Provoca corrimento abundante e branco, com um cheiro fétido, acompanhado de prurido intenso. É, pois, uma Doença Transmitida Sexualmente (DST). A forma de prevenção mais adequada é o uso do preservativo.

Giardia (Ordem Diplomonadida):É importante referir a Giardia lamblia, uma forma parasítica propagada na população humana, que causa diarréias. A doença designa-se giardíase e é mais frequente em crianças, que a contraem por contacto directo com indivíduos infectados. Dissemina-se sob a forma de quistos. Os vírus parasitam no intestino delgado, tanto no duodeno como no jejuno, causando inflama¬ções intestinais graves. Também existem outras formas não parasitas.

A característica mais assinalável é a
sua simetria bilateral, onde se destacam dois núcleos, dois flagelos terminais e vários outros na região dos núcleos.

Fig. 1 Flagelado Giardia.

Tripanosoma (Ordem Kinetoplastida):  Este grupo é de interesse particular para o Homem, sobret udo em África e em regiões tropicais e subtropicais. Dele fazem parte alguns dos principais causadores de doenças tropicais. Além de formas parasíticas, também existem indivíduos de vida livre. Nesta ordem, encontram-se diversos parasitas característicos de Moçambique e de África. Há diferentes formas de tripanosoma, mas todas elas causam a chamada doença-do-sono ou tripanosomíase:

  • Trypanosoma gambiense (vector - mosca tsé-tsé, Glossina sp.);
  • Trypanosoma rhodensiense (vector - mosca tsé-tsé, Glossina sp.);
  • Trypanosoma congolense (vector - mosca tsé-tsé, Glossina sp.);
  • Tripanosoma vivax (vector - mosca tsé-tsé, Glossina sp.);
  • Trypanosoma cruzi - causadora da doença de Chagas, na América do Sul (vector - barbeiro, Triatoma);
  • Trypanosoma brucei - causador de nagana, doença-dos-gados (vector - mosca tsé-tsé, Glossina sp.).

 

Leishemania (Ordem Kinetoplastida):A leishmaniose, leishmaníase, calazar ou úlcera-de-Bauru, é outra doença causada por flagelados, neste caso a Leishmania sp., cujo vector são mosquitos dos gêneros Phlebotomus e Lutzomy.

Fig.2 Leishmaniose cutânea na mão de um adulto.

 

Amibas (Ordem Amoebida):As amibas comuns (Amoeba proteus) não têm exoesqueleto, Vivem em ambientes húmidos e nas águas salgada e doce; algumas espécies vivem em terra.

Algumas amibas são comensais no intestino dos invertebrados e vertebrados, podendo ainda ser encont radas formas parasíticas (Entamoeba histolytica, Entamoeba gengivalis, Entamoeba coli). São causadoras de disenteria amebiana ou amebíase e diarreias. Outras formas podem atacar o sistema nervoso central, os pulmões, os olhos e a pele.

Fig. 3: Amiba comum -Amoeba proteus.

 

Esporozoários (Sporozoa):  Os esporozoários incluem grande parte dos protozoários parasitas que mais doenças têm causado em África e no mundo em geral. É neles que se encontra o plasmódio (plasmodium) causador da malária ou paludismo. Oplasmodium é um parasita humano unicelular, que infecta os eritrócitos. Contamina os seres humanos através da picada da fêmea do mosquito Anopheles. Tem duas fases de reprodução: assexual no ser humano e sexual no mosquito. Porém, o ciclo de vida deste grupo é muito complexo e envolve diferentes estágios. Cada estágio tem o(s) seu(s) hospedeiro(s) específico(s), como é o caso do plasmódio da malária (que envolve estágios que vivem no mosquito e estágios que hospedam o Homem e outros primatas com grande virulência).

Ciclo de vida do Plasmodium

O ciclo de vida do plasmódio inicia-se com a picada de um mosquito fêmea do gênero Anopheles. Antes de sugar o sangue dos capilares, injecta uma pequena quantidade de saliva anticoagulante rica em plasmódios na corrente sanguínea (são necessários dez para causar a infecção). Os plasmódios estão na fase de esporozoíto e chegam em menos de 30 minutos, via corrente sanguínea, ao fígado, onde invadem os hepatócitos; aqui transformam-se em esquizontes, maiores e multinucleados. Estes dividem-se assexuadamente, gerando milhares (mais se forem P. falciparum, menos se forem outras espécies) de merozoitos, uma fase que dura seis dias (P. falciparum) ou algumas semanas (no caso de outras espécies). São os merozoitos que invadem os glóbulos vermelhos.

No caso do P. falciparum, todos os esquizontes se transformam em multidões de merozoitos. Nas outras espécies, alguns ficam adormecidos no fígado, uma forma conhecida como hipnozoite, podendo a infecção reincidir, mesmo se aparentemente curada, muitos anos depois. Os merozoitos dividem-se assexuadamente no interior dos eritrócitos, até rebentarem, saindo a descendência e substâncias tóxicas para o sangue, infectando assim mais eritrócitos. Alguns merozoitos tranformam- -se em formas sexuais após a meiose. As formas sexuais (macrogâmetas e microgâmetas) são aspiradas por um novo mosquito Anopheles quando este pica a pele. No estômago do mosquito, o m icrogâmeta sofre exflagelação e funde-se com o macrogâmeta, gerando um zigoto. Este transforma- -se em oocineto, uma forma móvel, que atravessa a parede do estômago e se aloja na membrana basal; depois, transforma-se em oocisto, divide-se em milhares de esporozoítos, rebentando o oocisto, e migra para as glândulas salivares do insecto, de onde invadem um novo hóspede humano, perpetuando assim o ciclo de contaminação.

Dentro das hemácias, os merozoitos não são detectáveis pelo sistema imunológico. Só quando a hemácia rebenta, e antes de terem tempo de penetrar noutra, é que são detectados. Há a produção de citocinas pelos leucócitos, o que produz febre, tremores e mal-estar. Como todos os merozoitos originais são libertados do fígado ao mesmo tempo, e cada um demora mais ou menos o mesmo tempo a reproduzir-se na sua hemácia, o rebentamento das hemácias com sintomas de febre violenta tendem a ocorrer em períodos sincronizados, com períodos assintomáticos intercalares (que correspondem à divisão dos merozoitos dentro das células, onde não são detectados).

Fig. 3 Ciclo de vida do Plasmodíum no mosquito e no Homem.

 

O plasmódio, nos diferentes estágios do seu ciclo de vida, afecta os seguintes órgãos: tecido hepático, logo a seguir à infecção; glóbulos vermelhos, já como merozoito e gametócito. Os esporozoários exibem também uma divisão celular, quando se reproduzem assexuadamente, numa bipartição longitudinal ou múltipla. Além do gênero Plasmodium, existem outros parasitas, como, por exemplo, a Eimeria.