Por: Franklim de Manguião
 
NB: Este artigo tem  como objectivo auxiliar os alunos do ensino geral na disciplina de Geografia. 
 

INTRODUÇÃO

O presente artigo  tem como tema comércio, pretende-se  analisar  partindo do seu conceito e origens. O comércio é a actividade socioeconómica que consiste na compra e na venda de bens, seja para usufruir dos mesmos, vendê-los ou transformá-los. Trata-se da transacção de algo em troca de outra coisa de igual valor (podendo ser dinheiro). Deste modo, nesta abordagem, falar-se-á desde a: Sua evolução comércio; Elementos básicos de comércio;  Comércio internacional e suas características e As grandes regiões comerciais do mundo; 


CONCEITO DO COMÉRCIO 

O comércio pode ser definido como uma actividade de campo económico que consiste na troca de bens ou serviços entre duas ou mais pessoas, realizado com o objectivo  de obter lucro. Partindo do ponto de vista etimológico, a palavra comércio tem sua origem no latim, mais especificamente nas raízes “cum” que significam juntamente e “merx” mercadoria. No entanto, pode-se dizer que o conceito comércio equivale à negociação entre pessoas de certas mercadorias.
 
O comércio é uma actividade de natureza económica que engloba o intercâmbio e a movimentação (ou mobilização) de bens de produção aos centros de consumo. Ela consiste na compra e venda de bens ou mercadorias derivados basicamente de actividades primárias e secundárias. Ademais, a finalidade è a distribuição dos bens produzidos, as actividades comerciais pode ser divididas entre pessoas e empresas. Portanto, o comerciante é a pessoa singular ou jurídica que vive do comércio, isto é, para quem as transacções comerciais constituem o seu sustento de vida.
 

TIPOS DE COMÉRCIO 

Destacam-se os seguintes tipos de comércio:
 
O comércio a grosso ou grossista é a actividade em que a mercadoria não corresponde ao consumidor final, uma vez que o seu objectivo é voltar a vender (daí o nome revenda) a mercadoria a outro comerciante ou a uma empresa manufactureira que utilize a matéria-prima para a transformar/processar.
 
Comércio a retalho ou retalhista é a actividade de compra e venda de mercadorias cujo comprador é o consumidor final (ou seja, a pessoa que usa ou consome o bem em questão).
Comércio interno é a actividade realizada por duas pessoas ou empresas dentro de um mesmo país (isto é, que estejam sujeitas à mesma jurisdição). 
Comércio externo é levado a cabo entre pessoas que vivam em países diferentes. Do comércio externo resultam as actividades de exportação e importação.
 

EVOLUÇÃO DA ACTIVIDADE COMERCIAL 

O comércio foi desde sempre considerado o meio mais efectivo na busca de complementaridade e cooperação entre as diferentes nações do mundo em termos económicos, sociopolíticos e culturais. Os primeiros momentos caracterizam-se pela exploração do ambiente natural para a satisfação das necessidades básicas do homem.
No início, o comércio processava-se por simples troca. Ao longo da história do comércio foram-se registando, de tempos a tempos, oscilações nesta actividade como resultado de diversas realidades políticas, económicas e sociais.
 

Na Mesopotâmia

No primeiro milénio a.C., as casas comerciais gozavam de muita influência tanto no comércio interno como no comércio externo.
 
O comércio era o elemento vital da vida da comunidade de tal forma que obrigou o governo a supervisionar as actividades comerciais. O código de Hamurabí, por exemplo, sujeitava a um regulamento desta actividade.
 

No Império Romano

As classes dirigentes e os ricos proprietários de terras, pouca afinidade tinha com os negócios. A ingerência do Estado reduzia-se ao mínimo. Os comerciantes eram inteiramente livres de agir a vontade.
 

Na China

A actividade agrícola tinha relação com mercado, o que pode ser espelhado pelo fato de o cultivo da terra, em determinado momento, passar a ser feito com um objectivo comercial.
No início da era cristã, o comércio ainda era encarada com desconfiança.
 
O “estatuto do comércio” sujeito à supervisão e regulamentação governamental os horários comerciais, a qualidade das mercadorias e a categoria dos preços. Foram estabelecidos armazéns estatais com o fim de estabilizar os preços das mercadorias básicas e obter lucro para o Governo. Entretanto, a actividade comercial dos muçulmanos, concretamente a dos árabes era considerada superior á dos chineses.
 

Na Europa

Na cidade de Antuérpia, negociantes de todos lados e de qualquer região eram pra lá atraídos. No século XVII, o porto de Amesterdão, que sucedeu ao de Antuérpia, dispunha duma total liberdade mercantil tendo adquirido o monopólio dos produtos coloniais e transformando-se no maior mercado de metais preciosos; e então podiam circular sem entraves legais.
 

Na África Ocidental

A actividade comercial era desenvolvida entre as comunidades locais e regionais. As mercadorias provenientes do Norte eram destinadas aos grandes mercados desta região africana. As minas de ouro, pela sua importância, constituíam fontes de abastecimento dos mercados mediterrâneos e europeus.


REVOLUÇÃO COMERCIAL 

A Revolução Comercial foi um período de grande expansão económica da Europa, movido pelo colonialismo e mercantilismo, que durou aproximadamente do século XII ao século XVIII. Este desenvolvimento comercial resultou em transformações profundas na economia europeia. A moeda tornou-se factor primordial da riqueza e as transacções comerciais foram monitorizadas. A produção e a troca deixaram de ter carácter de mera subsistência e passaram a atender aos mercados das cidades, em outras palavras, o mundo estava começando a se integrar. As companhias mercantis passaram a aplicar técnicas contábeis e a adoptar novas formas de comercializar, como as cartas de crédito e de pagamento. As minerações de ouro e prata conheceram o auge.
 
Intensificou-se a busca frenética por novas minas em África e nas Índias. A navegação e o comércio de alto-mar ganharam impulso com a construção de novos tipos de embarcação e o aperfeiçoamento da cartografia e de instrumentos como a bússola. Ao longo da Revolução Comercial, o eixo comercial do Mediterrâneo foi transferido para o Atlântico, rompendo o monopólio das cidades italianas no comércio com o Oriente e iniciando o mercantilismo. Seus principais factores foram o metalismo, saldo positivo na balança comercial, colonialismo, industrialismo, proteccionismo, dentre outros.
 

Causas da Revolução Comercial 

A Revolução Comercial, com a mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico e rompimento do monopólio das cidades italianas no comércio com o Oriente, resultou de três grandes factores:
 
Europa em transição: comércio e crise. O renascimento comercial e urbano surgiu junto com uma nova classe social: a burguesia - que completou o quadro de transformações do feudalismo. As maiores transformações foram tanto no sector agrícola como nas relações sociais: novas técnicas, maior produtividade. 
 
Expansão Ultramarina: devido a vários problemas, a solução encontrada seria com a expansão marítima comercial, na qual inaugurou o "capitalismo comercial". Seria a quebra do monopólio comercial do Mediterrâneo, estabelecendo, desta forma, contacto directo com as especiarias. O primeiro Estado a inaugurar as Grandes Navegações foi Portugal, com a tomada de Ceuta em 1415. Logo após, outros Estados europeus também partiram para abrir "novos caminhos" às fontes das especiarias, mudando o eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico.
 
Mercantilismo: o mercantilismo não é um sistema económico, mas sim uma doutrina, um conjunto de ideias aplicadas no sector económico. É baseado no " metalismo ", que corresponde à ideia de que "quanto mais metal, mais rico será o país". Suas características são: metalismo, balança comercial favorável, industrialismo e colonialismo.
 

Consequências da Revolução Comercial 

As consequências da Revolução Comercial foram:
  •  O Afluxo de metais para a Europa e alta nos preços europeus; 
  • Ascensão da burguesia;
  •  Retomada da escravidão e 
  • A mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico.
 

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS OU BÁSICOS DO COMÉRCIO 

Os elementos que constituem o comércio nunca se comportaram de uma forma uniforme ao longo dos tempos, mas há que referir: Mercadoria, As vias de comunicação, Mercado e A informação e a publicidade.  
 
A mercadoria – é essencial para que o comércio ocorra, quer dizer, sem mercadoria não há comércio tanto ao nível interno ou externo. A mercadoria é comercializada em função da oferta e da procura da mesma.
 
As vias de comunicação – têm vindo a evoluir com os avanços tecnológicos, permitindo um maior desenvolvimento dos transportes fornecendo deste modo as mercadorias à longas distâncias.
 
O mercado – onde se efetua todo o tipo de transação, refere-se aos de produtos e valores. Ele é de diferentes tipos, isto é, a classificação é feita de acordo com o volume negociado, o que diz respeito as grandes transações para as empresas ou mercadorias, hipermercados e grandes armazéns, a duraçã,a abrangência geográfica, e a classificação dependendo da forma como seu fim. 
 

A abrangência geográfica

A abrangência geográfica refere-se:
Aos mercados locais que são aqueles cujo espaço é relativamente pequeno;
Ao mercado interno, cuja área de influência abarca todo o país;
Ao mercado internacional, cuja área de influência vai para além das fronteiras de um país, dando origem a uma determinada organização comercial.
A influência e a publicidade que são também, elementos básicos por serem essenciais em matéria de comércio e actividade económica
 

COMÉRCIO INTERNACIONAL E SUAS TEORIAS OU MODELOS
Conceito 

 
O comércio internacional é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande percentagem do PIB. O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade mas a sua importância económica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos através do avanço industrial, dos transportes , a globalização , o surgimento das corporações multinacionais, estes tiveram grande impacto no incremento deste comércio. 
 
A importância do comércio internacional para a economia de um país se deve a diversos factores. Entre eles está a garantia da venda do excedente de produção desse país, ao mesmo tempo em que permite que seu mercado consumidor tenha acesso a mercadorias não disponíveis localmente.
 

Algumas teorias ou modelos sobre o comércio internacional 

De sublinhar-se que o comércio internacional é uma disciplina da teoria económica, que, juntamente com o estudo do sistema financeiro internacional, forma a disciplina da economia internacional.
 
Por tanto, há vários modelos diferentes, como o modelo ricardiano e o de Heckscher-Ohlin, entre outros, foram propostos para prever os padrões de comércio e analisar os efeitos das políticas de comércio, como as tarifas.
 

Modelo ou Teoria Ricardiano

O modelo ricardiano foca nas vantagens comparativas (ou vantagens relativas) e é talvez o mais importante conceito de teoria de comércio internacional. Neste modelo, os países se especializam em bens ou serviços que produzem relativamente melhor. Diferentemente de outros modelos, o ricardiano prevê que países irão se especializar em poucos produtos em vez de produzir um grande número de bens. O modelo não considera diretamente   cara
Modelo de Heckscher-Ohln
 
O modelo de Heckscher-Ohlin foi criado como uma alternativa ao modelo ricardia. A teoria defende que o padrão do comércio internacional é determinado pela diferença na disponibilidade de alguns factores naturais. Ela prevê que um país irá exportar aqueles bens que fazem uso intensivo daqueles factores ( insumos , por exemplo) que são abundantes neste país e irá importar aqueles bens cuja produção é dependente de factores escassos localmente. Ohlin, por meio de seu modelo, foi o primeiro a tratar directamente do que hoje se conhece por IED - investimento externo directo - componente do Balanço de pagamentos por organismos internacionais como BIS, BID, FMI. 
 

Modelo ou Teoria de Factores específicos

Modelo dos factores específicos e distribuição de rendimentos foi desenvolvido por Paul Samuelson e Ronald Jones. Tal como o modelo ricardiano, supõe que uma economia produz dois produtos, mas com a existência de vários factores de produção: Trabalho (Factor Móvel) e Outros (Factores Específicos).
 

Modelo ou Teoria de gravitação

O modelo da gravitação apresenta uma análise mais empírica dos padrões de comércio em contraposição aos modelos teóricos discutidos acima. O modelo da gravitação, basicamente, prevê que o comércio será baseado na distância entre os países e na interacção derivada do tamanho das suas economias. O modelo tem sido comprovado como robusto na área da econometria. Outros factores como a renda, as relações diplomáticas entre países e as políticas de comércio foram incluídos em versões expandidas do modelo.
 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

O comércio internacional ou externo baseia-se fundamentalmente no intercâmbio de mercadorias. É vital para balança comercial de um país (por meio dos seus fluxos de importações e exportações) e caracteriza-se pelos seguintes aspectos:
Possuir um carácter mundial. Há um aumento progressivo do volume e do valor dos bens derivados do crescimento económico e populacional 
 
Exigir uma complexa organização bancária e financeira 
 
A diversificação de produtos é progressiva 
 
A eficácia dos meios de transporte é fundamental 
 
É importante o desenvolvimento de mecanismos de mercado (orientados para a defesa da economia nacional). 
O comércio concentra-se, geralmente, em poucas mãos (ex: nas multinacionais). 
 
Os factores não económicos como, por exemplo, os políticos e militares podem afectar o comércio. 
 
São elementos que envolvem-se no comércio internacional ou externo Importação, Exportação e Balanças
 
Exportação é a saída de produtos ou execução de serviços para/em outro país. Esta operação pode envolver pagamento (cobertura cambial), como venda de produtos, ou não, como nas doações.
 
Importação é a entrada de produtos ou execução de serviços provenientes de outro país.
 
Balança comercial é a relação entre o valor das importações e das exportações de qualquer país. É positiva quando as exportações são maiores que as importações e é deficitária (ou negativa) quando a relação é oposta. 
 
Débito e Crédito: todas as transacções que representam saída de divisas serão consideradas como itens de débito e todos as que resultarem em entrada de divisas para um determinado país são itens de crédito. 
 

AS GRANDES REGIÕES COMERCIAIS DO MUNDO 

Como acabamos de falar que o comércio internacional sempre estava presente na história da humanidade e reforçou-se bastante nos últimos séculos.  
 
Após a 2ª guerra Mundial, alguns acontecimentos afectaram as relações comerciais no mundo como, por exemplo, o surgimento de económicas de planeamento centralizado, o progressivo desaparecimento do colonialismo político com as Independências das colónias, as mudanças na tecnologia, na disponibilidade de recursos e da estrutura de consumo, o emergir de comunidades constituídas por acordos económicos e comerciais com a ALADI (Associação Latino-Americana de integração, em 1980), a ALEC (Associação Europeia de Comércio Livre, em 1960), a CARIFTA (Associação Caribe Acordo de Comércio Livre, em 1966), a CEE (Comunidade Económica Europeia, em 1957), o COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua, em 1949), CADEAO (Comunidade Económica dos Estados Oeste-Africano, 1975), OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo, 1966), etc. 
 
Nos tempos que correm as grandes regiões comerciais do mundo, principais detentores de poder económico (a nível global) são os estados Unidos da América, o Japão, e a União Europeia. É nestes conjuntos que encontramos o G-8,isto são, o Grupo Oito. Este é responsável pelas mais importantes decisões mundiais e congrega os seguintes países: EUA, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Rússia, e Japão.  Portanto, os países em desenvolvimento esforçam-se por promover o comércio entre si. Existe uma nova dinâmica da geografia de comércio relativamente à crescente participação dos chamados países do eixo Sul-Sul na economia global. As trocas têm vindo a incrementar-se entre os países em desenvolvimento. 
 

CONCLUSÃO 

Chegando ao fim deste trabalho conseguimos compreender que o comércio consiste numa actividade de natureza económica que engloba o intercâmbio e a movimentação (ou mobilização) de bens de produção aos centros de consumo. Consiste em fim, na compra e venda de bens ou mercadorias derivados basicamente de actividades primárias e secundárias. A finalidade è a distribuição dos bens produzidos, as actividades comerciais pode ser divididas entre pessoas e empresas. 
 
O comércio nos tempos de hoje sofreu uma transformação notável, como notamos que no início, o comércio processava-se por simples troca. Com o passar do tempo, dependendo dos locais. Ao longo da história do comércio foram-se registando, de tempos a tempos, oscilações nesta actividade que resulta de diversas realidades políticas, económicas e sociais. Ademais, vimos também a revolução comercial e os focos de comércio principais do mundo. Por tanto encerramos o nosso trabalho oferecendo uma rica bibliografia e esperámos que o nosso trabalho tenha ido ao encontro das vossas expectativas.
 

BIBLIOGRAFIA 

Básicas 
 
MONSO, Francisco Jorge, VICTOR (20--) Geografia 12 pré-universitário 12. Maputo, Longman 
             
SILVA, José Julião da. (2014). Geografia 12 CLASSE. Maputo, Plural Editores.
Secundarias 
 
OBSTFELD, Maurice; KRUGMAN, Paul -Economia Internacional. Madrid: Pearson Educación, 2006. ISBN 978-84-7829-080-2
 
ROMÃO, António - Comércio Internacional. teorias e técnicas. Lisboa: Instituto do Comércio Externo de Portugal - ICEP, 1991. depósito legal: 48015/91
 
Gonçalves, Reinaldo. «A Teoria do Comércio Internacional-Sociedade em Rede, Manuel Castells, São Paulo: Paz e Terrz, 199, p.147-157
 
Jales de Farias, Joedson; Barrantes Hidalgo, Álvaro: «Comércio Interestadual e Comércio Internacional das Regiões Brasileiras». 
 
Do GATT à OMC: a Regulação do Comércio Internacional
 
Oliveira Hoerbe, Gustavo P. A Regulamentação do Comércio Internacional pela OMC»  Sociedade Brasileira de Direito Público
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