1 Introdução

O presente trabalho visa compreender a relação entre a Filosofia e Política. De salientar que a filosofia se projeta para o campo da política, para pensar os desafios do convívio socio-político, enfrentar e debater de perto a lógica das regras que devem presidir o jogo das relações políticas, para propor-se a avaliar o confronto de valores na esfera pública, para pôr a nu a presença do mecanismo Ideológico como mascarador do poder nas relações sociais, para apresentar a utopia que guia o raciocínio em direção a ruptura com as mazelas do sistema estabelecido quando apresenta traçado um Estado Ideal, para criar alternativas reflexivas e críticas para a superação da crise política e se debruçar sobre as formas de Estado. Se a filosofia pensa o poder, pensa os limites do poder, se pensa a justiça, discute as injustiças.

1.1 Objectivos do trabalho

1.1.1 Objectivo geral

  • Compreender sobre a relação entre Filosofia e Política.

1.1.2 Objectivo específico

  • Definir os Conceitos de Filosofia e Política;
  • Apresentar o Pensamento Político ao Longo da História;
  • Descrever a Função da Filosofia na Política;
  • Relacionar a Filosofia da Política.

1.2 Metodologia

A metodologia, utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho é de pesquisa bibliográfica. Assim sendo a pesquisa ira se basear-se à partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos.

2 A Relação entre Filosofia e Política

2.1 Conceitos Básicos

2.1.1 Conceito de Filosofia

Segundo Porfírio (2016), a Filosofia é um ramo do saber que procura entender os conceitos ou as essências de tudo o que existe no mundo, criando, assim, as definições conceituais. Os conceitos, que nascem daquelas definições, são, por sua vez, significados complexos que movimentam problemáticas. Os problemas também são processos pelos quais a Filosofia Funciona.

2.1.2 Conceito de Política

De acordo com a Equipe editorial de Conceito.de. (2019), a política é uma atividade orientada ideologicamente para a tomada de decisões de um grupo para alcançar determinados objetivos. Também pode ser definida como sendo o exercício do poder para a resolução de um conflito de interesses.

2.2 Pensamento Político ao Longo da História

A história do pensamento político existe como disciplina, com algumas das principais características que a distinguem hoje, seguramente desde o início do século XX. Mas, por essa época, não passava de uma disciplina subalterna, irrelevante, destinada a carregar água para a filosofia política. Em sua existência acanhada, como prima pobre da filosofia, tinha por função servir como breve guia introdutório à contextualização dos grandes autores do passado. Em conferência de 1968 intitulada “O Mundo da Política”. (Greenleaf, 1980).

Segundo Greenleaf (1980), ao enfocar retrospetivamente a história do pensamento político, anotava:

eu não desejaria de maneira alguma abraçar a causa do que é frequentemente ensinado sob este título, a história das ideias políticas. Um mero catálogo cronológico de opiniões e de doutrinas políticas, sem qualquer tentativa para conseguir uma referência contextual e coerência temática, é um travesti do que o estudo desta história deveria ser. A análise detalhada dos conceitos e argumentos de uns tantos “grandes livros” selecionados arbitrariamente não é história, mas apenas o que eu chamei de teoria política sob outra forma” (Greenleaf, 1980, p. 207).

Como domínio autônomo, como campo de saber específico, como território teórico dotado de fronteiras reconhecidas, a história do pensamento político passou a ser mais amplamente estudada nas universidades a partir dos anos 1930 (Greenleaf, 1980).

 “No século XX, a história e a filosofia, as ciências gerais, simplesmente se estilhaçam, e suas diversas partes descrevem um movimento centrífugo originado em um núcleo comum anterior. (...) O estudo da política nas universidades não é, de forma alguma, novo; entretanto, certamente o é a separação dos estudos políticos dos estudos de direito, economia, história, sociologia e psicologia” (King, 1980, p. 3).      

O reconhecimento da história do pensamento político, a partir de fins dos anos 1920, alcançou proporções transcontinentais, sendo que sua melhor recepção ocorreu nos Estados Unidos, país no qual a disciplina assumiria, entre outras atribuições, uma responsabilidade direta pela formação cívica do indivíduo. Durante décadas, essa foi a concepção predominante nas fronteiras da história das idéias políticas, até os anos de 1960-1970 (Tuck, 1992).

2.3 Função da Filosofia na Política

Segundo Foucault (1997), a filosofia é real no campo da política porque ela é um discurso que tem como condição a escuta do outro, que normalmente é aquele que exerce o poder, seja ele quem for. Ela ainda é real porque efetivamente é uma prática: o real do conhecimento filosófico é a prática, o que, por sua vez, o torna diferentes dos demais modos de conhecimento”.

A filosofia é muito mais do que simples conhecimento; ela é, fundamentalmente, uma perpétua nutrição. A prática da filosofia é da ordem do conselho, não da teoria do conhecimento. O monarca dá sinais de que ele aplica tais conselhos quando efetua um trabalho sobre si mesmo e sobre a cidade que ele governa. Se, por um lado, ele tem que compreender a voz (phoné) de cada cidade (politéia) estabelecendo entre elas uma sinfonia, por outro, ele precisa governar de acordo com aquela sinfonia, não abusando de seu poder. Se cada cidade precisa ter sua própria voz ou constituição, todas as vozes devem funcionar conjuntamente para constituir a harmonia; mas, para garanti-la, é preciso que o monarca esteja em harmonia consigo mesmo. Para isso ele precisa ser mestre de si e dos seus desejos (enkratés), equilibrando-os nos limites do ponderável e evitando quaisquer discordâncias que obstaculizam a harmonia da cidade.

Enfim, as práticas da filosofia têm a ver com a parrésia, termo que significa o uso da “franqueza total” ao falar (Platon, 1997b, parágrafo 354a). Ela implica uma cadeia de verdade entre aquilo que se diz e aquilo que se faz, entre a opinião e a convicção. Porém, esse discurso franco e verdadeiro precisa ser confrontado com a realidade. É imprescindível averiguar se nos conselhos que são dados a realidade os mostra como verdadeiros ou falsos. A prova da realidade é que irá autenticar definitivamente o discurso. A parrésia está na raiz da atividade do conselho e é ela que conduz o logos ao ergon, constituindo-se, assim, numa das práticas mais importantes da filosofia.

Fundamentalmente, a partir delas a filosofia não pode ser identificada apenas como um discurso ou uma teoria abstrata que diga à política qual é a melhor forma de exercer o poder e em que ele consiste. As práticas da filosofia tampouco têm como função dizer a verdade sobre o poder e procurar coincidir com o poder. Entre as práticas da filosofia e o exercício do poder político só pode haver um confronto permanente.

Segundo Vieira (2006) diz que:

a filosofia se projeta para o campo da política, para pensar os desafios do convívio socio-político, enfrentar e debater de perto a lógica das regras que devem presidir o jogo das relações políticas, para propor-se a avaliar o confronto de valores na esfera pública, para pôr a nu a presença do mecanismo Ideológico como mascarador do poder nas relações sociais, para apresentar a utopia que guia o raciocínio em direção a ruptura com as mazelas do sistema estabelecido quando apresenta traçado um Estado Ideal, para criar alternativas reflexivas e críticas para a superação da crise política e se debruçar sobre as formas de Estado. Se a filosofia pensa o poder, pensa os limites do poder, se pensa a justiça, discute as injustiças.

É neste sentido que seu papel e sua função social vêm exatamente descritos por esta sua intromissão na dimensão das questões de relevância política e de relevância social, na governança dos interesses comuns.

Vieira (2006) ressalta a importância, e até a necessidade, de a filosofia não perder o vínculo com suas raízes, ou seja, manter o seu papel reflexivo em torno de espaço público, a partir da ágora, onde ocorriam as assembleias dos cidadãos atenienses e onde se tomavam as decisões na organização da polis. “Pergunto, o que caracteriza a atividade intelectual da Academia de Platão ou do Liceu de Aristóteles, senão o de tornarem-se espaços privilegiados de reflexão sobre a vida política da cidade?” (id., 2006, p. 107).

Por isso a filosofia continua a ser uma importante aliada da sociedade, no sentido de indicar aos seus cidadãos a necessidade de refletir sobre as mais diversas situações que envolvem as relações humanas e sociais e o que podemos fazer para melhorar tais relações e viver em uma sociedade efetivamente mais democrática e mais justa.

2.4 A relação entre filosofia e política

A Filosofia se expressa como uma forma de entendimento, a qual oferece um direcionamento para a ação do ser humano, em poucas palavras, só se pode agir a partir de um breve ou longo esclarecimento do mundo e da realidade (Sidgwick, 1981).         

Segundo Sidgwick (1981), Política visa à determinação do que o governo de um Estado ou uma sociedade política deve fazer e como deve se constituir, – incluindo, sob a última, todas as questões quanto ao controle sobre o governo que deveriam ser exercidas pelos governados.

Pois todas as ações do governo são ações de indivíduos, sozinhos ou combinados, assim como o são todas as ações daqueles os quais, obedecendo, influenciando, ou talvez ocasionalmente resistindo ao governo, mantém de tempo em tempo, modificam a constituição de seu estado: e poderia parecer que, se tais ações forem executadas adequadamente, devem ser determinadas por princípios éticos ouser passíveis de justificação por tais princípios.

3 Conclusão

Conclui-se que a relação existente entre a política e a filosofia é que a filosofia ilumina os conceitos da política ou seja fundamenta os seus conceitos. Ou por outra digamos se a filosofia é o estudo da totalidade então a política não se exclui desta totalidade, mas a filosofia emerge no campo politico para a fundamentação dos seus elemento e explicando conceitualmente. E as formas de participação de políticas actuais podemos encontrar as seguintes: eleições, participações parlamentares recolha de opiniões públicas e mais.

Relação entre filosofia e política

A teoria das revoluções científicas de Thomas Kuhn

Principais correntes da Filosofia africana

 

4 Referências bibliográficas

Equipe editorial de Conceito.de. (2019). Conceito de política. Conceito.de. recuperado em:https://conceito.de/politica. Acessado em 06 de Setembro de 2022.

Foucault, M. (1997). Discorso e verità nella Grecia antica. Edizione italiana a cura di Adelina Galeotti. Introduzione di Remo Bodei. Roma: Donzelli.

Greenleaf, W. H. (1980).O mundo da política. In: KING, Preston. O estudo da política. Brasília, Ed. da UNB.         

King, P. (1980). Introdução ao estudo da política. Brasília, Ed. da UNB.

Porfírio, F. (2016). O que é Filosofia? "; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-que-e-filosofia.htm. Acesso em 06 de setembro de 2022.

Sidgwick, H. (1981). The relation of Ethics to Politics, In: SIDGWICK, Henry. The Methods of Ethics. Seventh edition with a foreword by John Rawls. Indianapolis/Cambridge: Hackett Publishing Company.

Tuck, R. (1992). História do pensamento político. In: BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo, Editora Unesp.    

Vieira, L. V. (2006), a democracia com pés de barro: o diagnóstico de uma crise que mina as estruturas do Estado de Direito. Recife, Ed. Universitária da UFPE.