INTRODUÇÃO

A globalização e a ciência política são dois campos interligados que desempenham um papel significativo nas relações internacionais e na governança global. A globalização refere-se ao processo de interconexão e interdependência crescente entre os países e regiões do mundo em várias dimensões, como economia, cultura, política e comunicação. A ciência política, por sua vez, é o estudo das teorias, instituições, processos políticos e relações de poder.

Justificativa

A globalização tem influenciado a ciência política de várias maneiras. Primeiramente, a globalização afecta a dinâmica política interna dos Estados, pois os governos precisam lidar com desafios que transcendem fronteiras nacionais, como o comércio internacional, o terrorismo, as mudanças climáticas e os fluxos migratórios. Esses problemas exigem respostas políticas e governamentais que considerem a dimensão global, levando os atores políticos a se envolverem em negociações e cooperação internacional. Além disso, a globalização impacta a estrutura do poder global e o papel dos Estados nesse contexto. Com a interconexão económica global, as relações de poder entre os países são moldadas por factores económicos, como o comércio e os investimentos estrangeiros. Organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), desempenham um papel importante na governança global e na formulação de políticas.

Problema

Quais são as implicações da globalização na segurança global, incluindo o surgimento de novas formas de conflito e ameaças transnacionais?

 

O objectivo geral

  • Compreender a globalização: Investigar os processos e as características da globalização, incluindo o fluxo de bens, serviços, informações, pessoas e ideias entre diferentes países e regiões.

 

 

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Objectivo Específicos

  • Examinar os efeitos da globalização nas políticas nacionais, incluindo as políticas económicas, sociais, ambientais e de segurança adoptadas pelos Estados em resposta aos desafios globais.
  • Avaliar o impacto da globalização nas identidades políticas, incluindo o surgimento de movimentos nacionalistas, regionalistas e transnacionais, bem como as transformações nas formas de participação política.
  • Investigar as implicações da globalização para os direitos humanos, a justiça social e a igualdade, analisando como as políticas e práticas globais afectam diferentes grupos sociais e regiões do mundo.

 

 

Metodologia

Pesquisa bibliográfica: Essa metodologia envolve a revisão e a análise crítica da literatura existente sobre o tema. É realizada uma pesquisa em livros, artigos académicos, relatórios de organizações internacionais e outras fontes relevantes para obter uma compreensão aprofundada dos conceitos, teorias e debates relacionados à globalização e à ciência política.

 

OS PROCESSOS E AS CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO

Falamos em “globalização” para designar a mundialização económica capitalista verificada e intensificada durante a última década. Enquanto processo corresponde a significados e práticas diferentes conforme os actores sociais em presença e as suas preocupações económico-administrativas, tendendo a exprimir, no limite, o funcionamento da economia mundial como um conjunto totalmente integrado (BOYER, 1998).

O processo de globalização trás profundas transformações para as sociedades contemporâneas. O acelerado desenvolvimento tecnológico, em especial na área da comunicação, caracterizou uma nova etapa do capitalismo, que coloca novos desafios para o homem.

A globalização recebeu no âmbito teórico várias denominações, tais como aldeia global, mundialização cidade global, etc, que ao final buscam descrever e interpretar um mesmo significado: um movimento social, político, económico, cultural, jurídico, que visa transformar e modificar todo o sistema de relações internacionais, reorientando e reformulando as decisões dos Estados-nação, desde as mais diversas áreas da vida social até os diversos sistemas produtivos e financeiros, com reflexos imediatos no sistema de emprego e nas diferenças entre países ricos e pobres.

MALCOM WATERS (1999:8), identifica três posições relativamente a esta questão:

  • A que defende que a globalização é um fenómeno que sempre existiu e que nos momentos mais recentes veio sofrer uma aceleração;
  • A que argumenta que a globalização surge com modernização e o desenvolvimento e, que igualmente sofreu uma aceleração nos tempos mais recentes;
  • E a que considera que a globalização é de todo um fenómeno recente que está associado a pós-industrialização e pós-modernização.

O autor, defende que os fundamentos da teoria da globalização se concentram na relação entre organização social e territorialidade, e que essa relação é determinada pelos tipos de troca que a cada momento predominam nas relações sociais: trocas materiais; trocas políticas; trocas simbólicas. Contudo, o processo de globalização intensificou-se no último quarto do século XX com o desenvolvimento da tecnologia. Estas dinâmicas deram origem uma série de outras transformações que modificaram completamente o modelo de desenvolvimento das sociedades, passando a existir interdependência entre os Estados, uma vez que muitas actividades deixaram de ter um carácter nacional para assumirem um carácter transnacional, como consequência uma cultura global onde nada está isolado e onde existe uma inter-relação em todo o planeta.

A globalização implica ou pressupõe a localização, ou seja, não existe condição global para a qual não encontramos nenhuma raiz local, uma imersão cultural específica. Tanto vivemos num mundo localizado como num mundo globalizado. A razão pela qual se prefere o último termo, está relacionada basicamente com o facto de o discurso científico hegemónico tender a privilegiar a história do mundo na versão dos vencedores. Existe um enorme consenso na descrição da globalização como um processo de conversão das economias nacionais distintas, numa economia mundial integrada (HORST E KLODT 2001:162).

 

PETER DICKEN (1998), acrescenta ainda que a globalização é como uma complexa rede de processos que se inter-relacionam, envolvendo não apenas uma extensão geográfica da actividade económica, como também a integração funcional dessas actividades internacionalmente dispersas.

Algumas correntes teóricas e ideológicas assentam essencialmente em explicações relacionadas com o desenvolvimento do capitalismo, como uma das principais dinâmicas impulsionadoras do mundo globalizado, sustentada por uma produção exponencial, acumulação de capital e um aumento crescente de ralações comerciais.

Neste sentido, FRIEDEMANN (2000:471) define a globalização como a integração do capital, da tecnologia e a informação para lá das fronteiras nacionais, criando um mercado global único e, em certa medida, uma aldeia global.

Uma revisão dos estudos sobre este processo, mostra-nos que estamos perante um fenómeno multifacetado com dimensões económicas, sociais, políticas, jurídicas, religiosas interligadas de modo complexo.

A globalização é também o reflexo do permanente desequilíbrio das relações de classe e de hegemonia de alguns Estados. Tornou-se um conceito muito usado para explicar a realidade das sociedades contemporâneas. Deste modo, partilhamos a ideia de Alexandre Melo, quando afirma que o ponto de partida para a compreensão do mundo de hoje, é a análise da noção de globalização (2002:16).

Analisando a globalização na perspectiva das relações internacionais, essa não deve ser desvinculada de outras transformações de natureza estrutural que marcaram a evolução do sistema internacional contemporâneo. Portanto, a globalização deve também ser compreendida à luz de suas relações com outros condicionamentos e processos políticos e em perspectiva histórica, o que permite um entendimento mais amplo sobre a articulação do sistema de Estado-nação que se “globalizou”, passando ambos a constituírem elementos centrais do actual panorama das relações internacionais.

 

O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO NAS IDENTIDADES POLÍTICAS, INCLUINDO O SURGIMENTO DE MOVIMENTOS NACIONALISTAS.

Numa perspectiva mais genérica, parece fazer mais sentido falar de globalização política no século XX, dado que ocorreram neste século duas grandes guerras mundiais: a I Guerra Mundial e a II Guerra Mundial (Melo, 2002:31). No final da I Guerra Mundial foi criada uma organização política internacional, a Liga das Nações, que embora todos os esforços, não evitou o desenrolar de mais uma guerra.

No fim da II Guerra Mundial, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), que visou por em prática uma política global assente num “equilíbrio geoestratégico bipolar” (MELO, 2002:33), que mais tarde se veio a designar de Guerra-fria. Posteriormente observou-se a queda do muro de Berlim, reflexo do colapso das ditaduras comunistas dos países do leste.

Desde então, temos vindo a assistir à emergência de vários países que se pretendem democráticos, baseados na defesa dos direitos do homem, o que abriu a oportunidade de criação de uma nova ordem mundial.

O “capitalismo desenvolvido” que caracterizou a economia mundial desde a II Guerra Mundial, assentava numa política com objectivos essencialmente económicos de fomentar o crescimento do emprego, proporcionando um ambiente estimulador para o consumo e o investimento, à escala nacional, tendo o Estado como missão reduzir as desigualdades sociais com vista à propensão ao consumo (MURTEIRa, 1995:40).

Nos anos 90, passam a entender o desenvolvimento como sinónimo de competitividade no mercado mundial, obrigando os governos nacionais a reorientar as suas políticas económicas e sociais (MURTEIRA, 1995: 58). A globalização política assume, assim, um nível sem precedentes.

Um outro fenómeno importante de referir é a crescente dependência financeira dos países pobres em relação aos países ricos, devido aos endividamentos provocados pelos apoios concedidos. Esta dependência económica é visível através das organizações internacionais que definem as políticas económicas, como é o caso do G8, da OCDE e do Banco Mundial.

ALLEMAND E BORBOLAN (2001:80) defendem uma globalização que seja mais benéfica para os países pobres, e que seja sustentada por uma nova ordem política e económica mundial, diferente da herdada do período pós-guerra.

Muitos autores acreditam que estamos a assistir à emergência de um novo Estado, a fim de que consigamos atingir uma globalização sustentável, através de um conjunto de políticas de Segurança Social que apoiem as pessoas a lidar com este modelo global. Só assim se poderá ter um equilíbrio correcto. (FRIEDMAN, 2000: 471).

Este autor refere ainda que este equilíbrio terá de passar por democratizar a globalização educacionalmente; democratizar a globalização financeiramente; e democratizar a globalização politicamente (FRIEDMAN, 2000: 476). “Democratizar a globalização não é apenas a maneira mais eficaz de torná-la sustentável, é também a política mais útil e moral que um governo pode adoptar” (idem: 482).

Temos vindo a assistir o surgimento de várias correntes sejam elas anti-globalização ou apologistas da globalização que visam pressionar os Estados a assumirem as suas responsabilizações económicas, sociais e ambientais. Allemand e Borbolan (2001:61) chamam “cidadania global”, comprovando que a globalização tem um cada vez maior peso na mobilização da opinião pública.

 

AS IMPLICAÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO PARAM OS DIREITOS HUMANOS, A JUSTIÇA SOCIAL E A IGUALDADE

O histórico da modernidade, pelo contrário, enfatiza que sob a crise estrutural do capital, o que conhecíamos como zonas de influência nacionais, na qual os “impérios” buscavam ampliar as fontes de geração de riqueza e cadeia de valor, tornaram-se sinais de alerta para tentar minimizar as contradições presentes no desenvolvimento irracional da globalização do capital e das feições do Estado no capitalismo.

A política, neste contexto, exige uma crítica teórica que apreenda com a reconstrução histórica e possa ser formulada radicalmente. O compromisso com a emancipação, que não coaduna com o mito fáustico do Progresso e tampouco do crescimento económico ilimitado, encontra na estatal idade e sua relação com as categorias-chave do moderno sistema produtor de mercadorias um espaço aberto para “escovar a história a contrapelo” (BENJAMIN, 2020: 78) e propor um devir que suplante a dependência unilateral com os limites de viabilidade do radicalismo do mercado e do imperialismo da economia.

 

Esse é o objectivo primacial desta colectânea intitulada “Ciência Política global: perspectivas de estudos culturais e pós-colonialismo”. A diversidade é uma premissa inconteste neste volume, pois reúne em seus treze capítulos um leque interdisciplinar capaz de abordar criticamente os problemas estruturais sistémicos e resgatar a relevância da dissociação do valor presente no tripé masculino, branco e ocidental que alimentam as contradições existentes e ampliam a condição de precariedade daquela parte da sociedade dos sem parte que lutam por direitos a ter direitos (RANCIÈRE, 2014:45).

 

Não obstante, os/as autores/ras confirmam a tese benjamineana de que todo documento de cultura é, em essência, um documento de barbárie, pois à luz da falta de autonomia da esfera pública e, por conseguinte, do primado da liberdade política (consoante Hannah Arendt), questões étnico-raciais, de género e territorialidade estão no âmago de um sistema no qual o nível civilizatório se apresenta com índices cada vez mais alarmantes de miséria, desemprego, violências sobrepostas (CAVALCANTI, 2018:97), crises energéticas, ecológicas, educacionais e pandémicas. Cientes e conscientes da importância da divulgação científica, em especial nesses tempos obscuros em que a necropolítica tornou-se regra, encontram na Atena uma editora comprometida com a divulgação, por meio de uma plataforma consolidada e confiável, dos contributos destes pesquisadores/investigadoras que acreditam que a busca pela compreensão dos fenómenos que nos cercam é o que distinguem os seres humanos de mercadorias.

 

São notórios os sinais de descontentamento de muitos e variados grupos de cidadãos, ora mobilizados pelas organizações de classe (tais como sindicatos e partidos políticos) ora encontrando novas formas de organização e mobilização. É certo que uma grande parte ainda continua vivendo no brando embalo das promessas da globalização, mas aqueles sinais não são de subestimar – nem de hipervalorizar. Os princípios éticos brotam nas discussões quotidianas, constituindo barreiras ao pragmatismo que tudo permite e alimenta. E se nem sempre as discussões éticas têm o cimento necessário para se agarrarem ao tecido social, não deixam de produzir crítica e sugestão de alternativas.

 O caminho constrói-se caminhado, mas o prévio desenho da rota e a utilização de uma bússola é quase sempre condição indispensável para não se caminhar em círculo e para não se desembocar em algum local indesejado. Ainda estamos longe de ter traçado um percurso alternativo, ter formulado um pensamento teórico alternativo coerente, mas têm sido dados alguns passos importantes, de que o Fórum Social Mundial em Porto Alegre é um exemplo recente. (ALLEMAND & BORBOLAN 2001:61 ).

 

São muitas as possibilidades de intervenção política para modificar ligeiramente, para transformar profundamente, para construir alternativas globais à mundialização: do “levantar das dificuldades ao desenvolvimento das economias dependentes” às políticas sociais de atenuação das desigualdades na distribuição de rendimentos, da taxa Tobin, à Nova Ordem Económica Internacional, do combate à produção e comercialização da droga à “utilização crítica das tecnologias”, da defesa dum sector público correctamente administrado à plena justificação de novas nacionalizações, da defesa das culturas locais à continuação de um ensino crítico, apenas para citar alguns exemplos. São diversos os espaços de intervenção: do poder local, que se exerce nos quadros das relações de vizinhança, às instituições e ao direito mundial. As políticas económicas entrelaçam-se com as políticas sociais, culturais, educativas, ambientais e outras.

 

O neoliberalismo parece defender a ausência de intervenção do Estado e - habituado como está a confundir os desejos com a realidade, numa tradição que remonta à construção do utilitarismo e à “lei” da utilidade marginal decrescente -, proclama o fim do Estado-nação.

 

 

Esta postura parece confirmada pela dificuldade de qualquer Estado que não seja dos Estados Unidos da América, em tornar “reversível” o processo de globalização que vivemos. Outras tendências, concomitantes com a globalização ou seus epifenómenos parecem apontar no mesmo sentido: A globalização não se limita a empurrar para cima, também puxa para baixo, criando novas pressões para a concessão de autonomias locais. Os países se tornam demasiado pequenos para solucionarem os problemas grandes, mas também demasiado grandes para solucionarem os problemas pequenos. Os nacionalismos locais florescem como resposta às tendências globalizantes, porque os velhos Estados-nações estão a ficar mais fracos. (GIDDENS, 2000:24)

 Estamos confrontados com uma realidade que exige análise cuidada. A eficácia das políticas económicas nacionais é em muitos casos (conforme os objectivos, momento e espaço social) menor que tradicionalmente, a mundialização dos processos exige frequentemente a internacionalização dos instrumentos e dos procedimentos. Segundo alguns autores estamos apenas perante uma alteração das funções do Estado-nação (do domínio sobre um espaço para um controlo de fluxos) e as questões devem ser colocadas fora do contexto das aparências:

Neste sentido, tem pouco interesse estabelecer comparações retrospectivas para determinar se o Estado nacional está ou não a desaparecer — questão para a qual há sempre duas respostas, pois está a desaparecer quando comparado com o que era no passado, mas continua activo e operacional se forem considerados os problemas do presente e do futuro. Mais importante será colocar estas questões em termos prospectivos: o que são os novos desafios, em todas as áreas políticas, e o que são os instrumentos disponíveis para lhes responder. (AGUIAR, 2001: 81)

 Contudo, antes de avançarmos nestas considerações exigem-se dois esclarecimentos. Primeiro esclarecimento. A mundialização económica, contrariamente ao afirmado e ao propagandeado, também é Estado. Por outras palavras, a “globalização” que vivemos exigiu e exige uma intervenção política, que podemos considerar, genericamente, do Estado. O “mercado” é a expressão de uma divisão social do trabalho em que os homens estabelecem um conjunto de relações sociais, multidimensionais, na terminologia de Bartoli, regulamentadas de determinada forma. O mercado é, para utilizar a terminologia de alguns institucionalistas, uma instituição, com tradições, usos e costumes, onde os homens se relacionam através das “mercadorias”. O importante no mercado nem é o espaço nem os bens. São as relações entre os homens. Assim sendo, quando a globalização “conduz” à “desregulamentação social e à hegemonização dos mercados” – um dos imaginários da globalização: A livre escolha significa que se tem a obrigação de escolher, na base da maximização das preferências pessoais. A sociedade é assim identificada a um mercado ao ponto de tornar muito ténue a diferença entre sociedade e mercado. (LAÏDI , 2001:30).

Estamos perante uma decisão política que corresponde à correlação de forças favorável ao capital transnacional, estamos perante uma decisão do Estado. Quando se defende pouco déficit, cobertura social reduzida e fiscalidade ligeira defende-se uma posição política não porque seja inevitável, não porque o pragmatismo aconselhe, não porque seja imperativa para a reprodução capitalista, mas porque o modelo mercantil americano adoptado o recomenda Aliás os defensores do liberalismo, que chegam a fundamentar a inutilidade da intervenção do Estado numa sociedade de informação transparente e livre

 via expectativas racionais – estão sempre prontos a apontar o dedo acusatório para as intervenções políticas que consideram contra a liberalização, mas sempre foram muito complacentes com as políticas estatais de reforço do capitalismo mundial e das transnacionais, como o demonstra o papel importante do Estado em algumas das novas economias industrializadas asiáticas.

  

CONCLUSÃO

Os teóricos sociais contemporâneos são estimulados pelo génio premonitório e visionário do seu predecessor, Marshall McLuhan. Fica claro que, ao longo do terceiro quarto deste século, sociólogos e cientistas políticos tiveram, no mínimo, razoável percepção desta alteração social da máxima importância. O aparecimento do capitalismo constitui uma das principais dinâmicas globalizadoras e é um modo de produção de tal forma eficaz que confere enorme poder aos que o controlam. Este mesmo poder é passível de ser utilizado para subverter, controlar ou desviar outras fontes de poder, como o religioso, o político ou o militar, entre outros;

O capitalismo acompanha dois importantes processos que contribuem para aumentar o nível da inclusão societal. Em primeiro lugar, é guiado por uma lógica de acumulação que depende de uma produção em uma lógica de acumulação que depende de uma produção em uma lógica de acumulação que depende de uma produção em escala cada vez maior. Em segundo lugar, é conduzido por uma lógica de mercadorização, ou de desenvolvimento de mercado, que conduz a um nível crescente de consumo. O estado-nação, uma estrutura-chave emergente da modernidade, tona-se veículo fundamental para o estabelecimento das metas sociais colectivas e para a sua concretização. Estas metas, que tinham inicialmente como principais objectivos a segurança, a ordem interna e a resolução de conflitos, alargaram-se progressivamente de modo a incluir a gestão das condições materiais individuais e colectivas, colectivas, no âmbito da economia nacional e do sistema de assistência social.

A concretização das metas nacionais obrigou estados a estabelecerem relações uns com os outros e daí nasceu o sistema das relações internacionais. Os processos fundamentais do modelo de relações internacionais do século XIX eram a guerra, as alianças, a diplomacia e o colonialismo. No decurso do século XX, o âmbito desses processos foi alargado de modo a incluir o comércio, a administração fiscal e as relações culturais. Mas as relações internacionais já não são os únicos laços entre as sociedades. Um sistema de relações internacionais estável permitiu não só o desenvolvimento de "práticas transnacionais" e de ligações inter-societais baseadas sobretudo nas trocas económicas, mas abrange também preferências, modas e ideias.

As comunicações electrónicas e os rápidos meios de transportes constituem tecnologias criticas para o desenvolvimento das referências práticas transnacionais. O carácter "imediato" daqueles meios pode ser criado a possibilidade de uma mudança cultural generalizada numa perspectiva globalizada. Globalização é o processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por todo o mundo, seja no âmbito económico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países. A globalização permitiu uma maior conexão entre pontos distintos do planeta, fazendo com que compartilhassem de características em comum. Desta forma, nasce a ideia de Aldeia Global, ou seja, um mundo globalizado onde tudo está interligado

 

REFERÊNCIAS

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CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon.(2018) Violências sobrepostas: contextos, tendências e abordagens num cenário de mudanças. In: DIAS, Isabel (org.). Violência doméstica e de género: uma abordagem multidisciplinar. Lisboa: Pactor.

KURZ, Robert. (2020)A democracia devora os seus filhos. Rio de Janeiro: Consequência.

KURZ, Robert.(2015) Poder mundial e dinheiro mundial: crónicas do capitalismo em declínio. Rio de Janeiro: Consequência. 

RANCIÈRE, Jacques.(2014) O ódio à democracia. São Paulo: Boitempo.

GIDDENS, Antony (2000) O Mundo na Era da Globalização Editorial Presença.

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 BARTOLI, Henri (1996) A Economia serviço de vida. Crise do Capitalismo. Uma política de civilização Lisboa, Instituto Piaget,

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 HOUTART, François (2001) “Las alternativas creíbles del capitalismo mundializado” Comunicação ao Forum Social Mundial de Porto Alegre.

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