PARTE I – ESPAÇOS MÉTRICOS

 

  • Métrica e espaço métrico em ℝ

Para entendermos o conceito de espaço métrico, primeiro é necessário compreender o que é uma métrica. De acordo com Endo (2015, p. 1), uma métrica em um conjunto  não vazio é uma função  que atribui a cada par ordenado  um número real , referido como a distância de  para . Esta função deve obedecer a uma série de condições quando dados ,  e  pertencentes a :

  • A distância de um ponto a ele mesmo é sempre zero, isto é, .
  • Se dois pontos são distintos, sua distância é sempre maior que zero, indicando que sempre que .
  • A distância entre dois pontos é simétrica, ou seja, .
  • A desigualdade triangular é satisfeita, o que significa que a distância de para  é sempre menor ou igual à soma das distâncias de  para  e de  para , expresso como .

A partir destas condições, podemos entender quando se diz que “Um espaço métrico é um conjunto munido de uma métrica. Em outras palavras, é um par ordenado (M, d), em que M é um conjunto não vazio e d é uma métrica em M” (Endo, 2015, p. 1). Isto porque se tivermos um conjunto e uma função de métrica sobre esse conjunto que obedece às condições mencionadas anteriormente, então será formado um espaço métrico.

Exemplo: Seja  um conjunto composto por três objectos distintos: uma caneta , uma borracha  e uma tesoura . Definimos uma função de distância  que opera sobre pares de elementos , retornando a distância entre eles. A distância entre um elemento e ele mesmo é zero, enquanto a distância entre elementos diferentes é sempre um.

Para provar que  é um espaço métrico precisamos verificar as quatro condições anteriormente mencionadas. A primeira condição é satisfeita porque a distância de um elemento consigo mesmo é sempre zero, conforme estabelecido na definição de . A segunda também é satisfeita porque a distância entre elementos diferentes é sempre um, conforme definido em . A terceira condição é satisfeita porque a função de distância  é simétrica, ou seja, a distância de  para  é igual à distância de  para . A quarta condição é provada se dividirmos em casos:

  1. Se , então e , portanto,  é verdadeiro.
  2. Se , obtemos ou , porque se  e   então , e isso iria contra a hipótese. Por isso temos .

 

  • Métrica e espaços métricos em

Para compreendermos o espaço métrico em , é importante o conceito de distância euclidiana entre dois pontos, sejam eles , definida como , onde  representa a norma. De acordo com Lima (2015, p. 33), esta definição apresenta propriedades importantes, como:

  • Positividade: a distância é não negativa e é zero apenas se os pontos são iguais;
  • Simetria: a distância entre e  é a mesma que entre  e ;
  • Desigualdade triangular: a distância entre dois pontos nunca é maior do que a soma das distâncias a um terceiro ponto.

Uma métrica em  é uma função  que satisfaz essas propriedades. Segundo Lima (2015, p. 33), a distância euclidiana é um exemplo específico de uma métrica em . De forma mais geral, um par , onde  é um conjunto e  é uma métrica em , é chamado de espaço métrico.

Lima (2015, p. 33) avança que para além das distância euclidiana, outras métricas podem ser definidas em , como a  e . Cada uma dessas métricas gera um espaço métrico distinto. Aqui, a distância euclidiana está sempre entre as distâncias geradas pelas outras métricas, de acordo com a desigualdade triangular.

Quando se trata de subconjuntos de um espaço métrico, a restrição da função distância a esses subconjuntos também define uma métrica, tornando-os espaços métricos por si só.

Enquanto toda norma em um espaço vectorial gera uma métrica e torna o espaço um espaço métrico, nem toda métrica em um espaço vectorial vem de uma norma. Assim, a classe de espaços métricos é mais ampla do que a classe de espaços normados (Lima, 2015, p. 33).

No contexto das sequências, Lima (2015, p. 34) assinala que as discussões sobre espaços métricos são aplicáveis, substituindo-se a norma pela métrica. Introduz-se então o conceito de sequência de Cauchy, que nem sempre converge em um espaço métrico arbitrário. Espaços métricos nos quais todas as sequências de Cauchy convergem são chamados de completos.

 

 

 

PARTE II – IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE CÁLCULO DIFERENCIAL EM  PARA MINHA FORMAÇÃO

Como estudante de licenciatura em Matemática, reconheço a importância do estudo de Cálculo Diferencial em espaços de dimensão , representados por  para a minha formação académica e profissional.

Ao ler sobre a importância do estudo de cálculo diferencial em , encontrei os trabalhos de Vasconcelos et al. (2018), onde apontaram que uma das principais importâncias desse estudo para formandos em matemática é que o Cálculo Diferencial em  oferece uma base sólida para compreender e modelar uma ampla gama de fenómenos da vida real. Eu concordo com eles porque percebo isso quando leio sobre as aplicações da matemática na física, e noto que muitos sistemas físicos e naturais são melhor descritos e analisados por meio de funções multivariadas, onde cada variável representa uma dimensão diferente. Por exemplo, quando tentam modelar o movimento de um objecto em três dimensões (espaço tridimensional) na física-matemática.

Mesmo estritamente no meu ramo de formação, na matemática, o estudo do Cálculo Diferencial em  é fundamental para poder compreender conceitos mais avançados em matemática e áreas relacionadas, como a teoria da optimização, que, segundo Vasconcelos et al. (2018), é uma teoria crucial em várias disciplinas, como ciência da computação, engenharia, economia e física. Uma vez que a optimização envolve a maximização ou minimização de funções de várias variáveis, isso requer conhecimento sólido de derivadas parciais, gradientes e pontos críticos – que é onde entra o Cálculo Diferencial em .

Outra importância que vejo no estudo do Cálculo Diferencial em espaços de dimensão  é que isso desenvolve habilidades analíticas e de resolução de problemas que são altamente valorizadas em muitas carreiras profissionais. Isso é atestado por Vasconcelos et al. (2018) que sugerem que a capacidade de entender e manipular funções de várias variáveis, derivadas parciais e integrais múltiplas é uma habilidade essencial para qualquer matemático, cientista ou engenheiro. Por exemplo, na engenharia, o Cálculo Diferencial em espaços de dimensão  é essencial para a análise de estruturas complexas; na física, é utilizado para modelar campos vectoriais; e na economia, é aplicado na teoria da produção e no estudo de equilíbrio geral.

 

 

Conclusão

A análise dos espaços métricos e do Cálculo Diferencial em  revela-se essencial para a formação em Matemática, fornecendo bases sólidas para compreender e modelar fenómenos complexos em diversas áreas do conhecimento. A compreensão dos conceitos de métrica e espaço métrico permite uma abordagem rigorosa da topologia e análise matemática, enquanto o estudo do Cálculo Diferencial em espaços de dimensão  habilita-me, como estudante de Matemática, a enfrentar desafios analíticos e de modelagem presentes em aplicações práticas.

Na mesma medida, a amplitude das aplicações do Cálculo Diferencial em  destaca sua importância não apenas para a matemática pura, mas também para diversas áreas profissionais, como engenharia, física, economia e ciência da computação. O desenvolvimento de habilidades analíticas e de resolução de problemas proporcionado por esse estudo prepara-me não apenas para compreender os fenómenos do mundo real, mas também para contribuir de forma significativa para o avanço científico e tecnológico na minha área de actuação.

 

 

Referências bibliográficas

Endo, D. H. (2015). Espaços Métricos: uma introdução. (Monografia). São Paulo: Universidade Federal de São Carlos.

Lima, R. F. (2015). Topologia e análise no espaço . Rio de Janeiro: SBM.

Vasconcelos, J. G.; et al. (2018). Cálculo diferencial e integral: importância da aprendizagem no curso de licenciatura em matemática. In: “Estudos interdisciplinares: Ciências exatas e da terra e engenharia”. Sabrina P. Maraviesk (Org.). Ponta Grossa: Atena.