Relatório Final das Atividades Observadas em Sala de Aula

1. Conhecimento e Habilidades dos Alunos

Ao observar as respostas dos alunos às questões propostas pelo professor, foi possível identificar a utilização tanto de conhecimentos prévios quanto de novos conceitos. Essa constatação corrobora com a teoria da aprendizagem significativa defendida por (Ausubel 1963), que propõe que a nova informação é integrada na estrutura de conhecimento do aprendiz de forma não arbitrária e substancial se este tiver os conhecimentos prévios relevantes. Em alguns momentos, os alunos demonstravam domínio de conteúdos já abordados em aulas anteriores, utilizando-os como base para a resolução de problemas ou a compreensão de novos tópicos. Em outros casos, era evidente a assimilação recente de conceitos, evidenciada pela aplicação correta de novas fórmulas ou pela participação ativa em atividades que demandavam a utilização de conhecimentos recém-adquiridos.

A literatura destaca a importância do uso de conhecimentos anteriores na construção do aprendizado dos alunos, pois isso contribui para a consolidação de conceitos e a sua transferência para novos contextos educacionais. (Smith, 2019:121)

1.1.Exemplos de Utilização de Conhecimentos Prévios

Durante a resolução de um problema que envolvia a aplicação do Teorema de Pitágoras, os alunos utilizaram seus conhecimentos prévios sobre triângulos retângulos e relações trigonométricas para chegar à solução correta.

Em uma atividade que exigia a construção de gráficos de funções, os alunos basearam-se em seus conhecimentos sobre funções lineares e quadráticas para determinar os pontos de intersecção com os eixos coordenados e o comportamento geral do gráfico.

1.2 Exemplos de Utilização de Novos Conceitos

Após a introdução do conceito de derivada, os alunos demonstraram compreensão ao aplicá-lo na resolução de problemas que envolviam taxas de variação e análise de funções.

Ao estudar o conceito de integral definida, os alunos mostraram capacidade de aplicá-lo na determinação de áreas sob curvas e no cálculo de volumes de sólidos de revolução.

2. Tipo de Atenção

Ao longo das observações, foi possível identificar a utilização predominante da atenção seletiva por parte dos alunos. A atenção seletiva é o processo pelo qual indivíduos concentram-se em determinados estímulos enquanto ignoram outros (Mayer & Moreno, 2018). Essa modalidade de atenção se caracteriza pela capacidade de focar em um estímulo específico enquanto ignora outros estímulos irrelevantes. Estudos sugerem que a atenção seletiva é essencial para o processo de aprendizagem, pois permite que os alunos direcionem recursos cognitivos para informações cruciais, facilitando a retenção e o entendimento dos conteúdos (Brown, 2020).

Ebbinghaus, em seus estudos sobre memória, já demonstrava a importância da atenção para a aprendizagem, pois é através dela que os indivíduos selecionam as informações relevantes e as armazenam na memória. Ebbinghaus (1885:120)

No contexto da sala de aula, a atenção seletiva se manifestava da seguinte forma: Concentração nas explicações do professor: Os alunos acompanhavam as aulas com atenção, tomando notas e fazendo perguntas quando necessário; Participação ativa em atividades: Os alunos se engajavam nas atividades propostas, respondendo às perguntas do professor e colaborando com seus colegas; Ignorando distrações: Mesmo em um ambiente com diversos estímulos externos, como conversas paralelas ou barulhos externos, os alunos conseguiam manter o foco na tarefa em andamento.

2.1. Fatores que Contribuem para a Atenção Seletiva

Organização da sala de aula: A sala de aula estava organizada de forma a minimizar distrações, com carteiras dispostas em fileiras e um ambiente tranquilo; Metodologia de ensino: O professor utilizava uma metodologia de ensino variada, que incluía explicações dialogadas, atividades em grupo e recursos audiovisuais. Essa variedade contribuiu para manter o interesse dos alunos e evitar a monotonia; Motivação dos alunos: Os alunos demonstravam interesse pelos conteúdos abordados em sala de aula, o que contribuiu para a sua atenção e concentração.

3. Metodologia de Ensino

A metodologia de ensino observada em sala de aula era baseada nos seguintes princípios: Construtivismo: O professor incentivava a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento, utilizando recursos como questionamentos, debates e atividades em grupo. (Piaget, 1950) defendia a ideia de que o conhecimento é construído pelo próprio indivíduo através da interação com o meio, e que o professor deve atuar como um facilitador nesse processo.

A abordagem construtivista e centrada no aluno é reconhecida como eficaz para promover a compreensão e a retenção do conhecimento (Mayer & Moreno, 2018). Mayer & Moreno (2018) afirmam que "a aprendizagem significativa ocorre quando os alunos conseguem relacionar os novos conhecimentos com suas experiências prévias" (p. 75).

Aprendizagem significativa: O professor buscava conectar os novos conhecimentos aos conhecimentos prévios dos alunos, utilizando exemplos concretos e situações da vida real. (Ausubel, 1963), como já mencionado anteriormente, propõe que a aprendizagem significativa ocorre quando os novos conhecimentos são relacionados com as experiências prévias do aprendiz.

Diferenciação: O professor adaptava as atividades às necessidades e ritmos de aprendizagem de cada aluno, oferecendo suporte individualizado quando necessário. (Vygotsky, 1978) defendia a ideia de que a aprendizagem se desenvolve através da interação social e da Zona de Desenvolvimento Proximal, onde o professor atua como guia e mediador do processo.

3.1. Exemplos de Aplicação da Metodologia

Utilização de questionamentos: O professor iniciava as aulas com questionamentos que despertavam a curiosidade dos alunos e os motivavam a participar da aula; Atividades em grupo: Os alunos eram frequentemente divididos em grupos para realizar atividades colaborativas, o que promovia a interação e o trabalho em equipe; Recursos audiovisuais: O professor utilizava recursos audiovisuais, como vídeos; Softwares educacionais: Em alguns momentos, o professor utilizava softwares educacionais para simular experimentos matemáticos ou para a visualização de gráficos e funções. A utilização de tecnologias educacionais no ensino de Matemática vem sendo defendida por diversos autores, como (Jonassen, 1996), que aponta o potencial dessas ferramentas para tornar o aprendizado mais ativo, engajador e significativo.

4. Recursos Didáticos

Além da metodologia de ensino descrita anteriormente, o professor também utilizava uma variedade de recursos didáticos para facilitar a aprendizagem dos alunos, a saber: Quadro e giz/caneta marcador: O quadro continuava sendo um recurso importante para a apresentação de conceitos, fórmulas e diagramas; Livros didáticos: O professor recomendava o uso do livro didático como material de apoio para a revisão dos conteúdos abordados em sala de aula e para a realização de exercícios complementares; Softwares educacionais: Em alguns momentos, o professor utilizava softwares educacionais para simular experimentos matemáticos ou para a visualização de gráficos e funções.

Material manipulável: Para conceitos matemáticos mais básicos, o professor utilizava materiais manipuláveis, como blocos geométricos e réguas, para auxiliar na compreensão dos alunos. A utilização de materiais concretos no ensino de Matemática é apoiada por autores como (Piaget, 1950), que defendia a importância da manipulação de objetos para o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático.

 

5. Avaliação

A avaliação do desempenho dos alunos era realizada por meio de uma variedade de instrumentos, tais como: Provas e testes: O professor aplicava provas e testes para avaliar a compreensão dos alunos sobre os conteúdos abordados; Trabalhos individuais e em grupo: Os alunos eram solicitados a realizar trabalhos individuais e em grupo, o que permitia avaliar a sua capacidade de pesquisa, análise e síntese de informações.

Participação em sala de aula: A participação ativa dos alunos nas discussões e atividades em sala de aula também era considerada como um elemento avaliativo. (Black & Wiliam, 1998) destacam a importância da avaliação formativa, que ocorre durante o processo de aprendizagem e permite ao professor ajustar suas estratégias de ensino de acordo com as necessidades dos alunos.

6. Aspectos Positivos e Sugestões de Melhoria

Com base nas observações realizadas, é possível destacar alguns aspectos positivos da prática docente observada: Professor engajado e motivador: O professor demonstrava entusiasmo pela disciplina e conseguia transmitir esse entusiasmo aos alunos; Clareza nas explicações: O professor apresentava os conteúdos de forma clara e objetiva, utilizando exemplos e analogias que facilitavam a compreensão; Variedade de metodologias: A utilização de diferentes metodologias de ensino contribuiu para manter o interesse dos alunos e atender a diferentes estilos de aprendizagem.

Além dos pontos positivos, também é possível sugerir algumas melhorias: Exploração de novas tecnologias: A utilização de novas tecnologias educacionais, como aplicativos e plataformas online, poderia ser ampliada para tornar as aulas ainda mais dinâmicas e interativas, conforme sugerido por (Jonassen, 1996).

Atividades diferenciadas: Aumentar a variedade de atividades propostas para atender às necessidades e ritmos de aprendizagem de todos os alunos. alinhando-se com a teoria das Inteligências Múltiplas de (Gardner, 1983:79).

Feedback individualizado: O professor poderia fornecer um feedback mais individualizado para cada aluno, identificando as suas dificuldades específicas e oferecendo suporte personalizado, como defendido por (Black & Wiliam, 1998).

 

 Considerações Finais

A observação em sala de aula foi uma experiência valiosa que permitiu a análise de diferentes aspectos da prática docente. A partir das observações realizadas, foi possível constatar a utilização de metodologias ativas e recursos didáticos diversificados, o que contribui para a aprendizagem significativa dos alunos. O professor demonstrou competência na mediação do processo de ensino e aprendizagem, mantendo o foco e a atenção dos alunos. As sugestões apresentadas neste relatório visam contribuir para o aprimoramento contínuo da prática docente.

A experiência de observação em sala de aula foi fundamental para a compreensão da prática docente. Através da análise dos diferentes aspectos observados, como a utilização de metodologias ativas, a variedade de recursos didáticos e a avaliação dos alunos, foi possível constatar a importância do professor como mediador do processo de ensino e aprendizagem.

Os pontos positivos identificados, como o engajamento do professor e a clareza nas explicações, demonstram uma preocupação com a criação de um ambiente propício à aprendizagem. A adoção de metodologias diversificadas permite atender a diferentes estilos de aprendizagem e contribui para a motivação dos alunos.

As sugestões apresentadas, como a exploração de novas tecnologias e a individualização do feedback, visam auxiliar no aprimoramento contínuo da prática docente. A educação é um processo dinâmico que exige atualização constante por parte do professor.

Em resumo, a observação em sala de aula possibilitou uma visão ampla sobre o trabalho docente, destacando a importância do planejamento, da utilização de estratégias didáticas adequadas e da avaliação contínua da aprendizagem. A dedicação do professor e a sua busca pela melhoria contínua são fatores essenciais para o sucesso do processo educativo.

 

 Referências Bibliográficas

Ausubel, D. P. (1963). A psicologia da aprendizagem verbal significativa. Lisboa: Paralelo Editora.

Black, P., & Wiliam, D. (1998). Avaliação e aprendizagem em sala de aula. São Paulo: Cortez.

Brown, A. (2020). O Papel da Atenção Selectiva na Aprendizagem. Revista de Psicologia Educacional.

Jonassen, D. H. (1996). Mindtools: Uma estrutura ampliada para compreender, projectar e avaliar a aprendizagem multimídia. Porto Alegre: Artmed Editora.

Mayer, R. E., & Moreno, R. (2018). Atenção Selectiva. Em Aprendizagem e Instrução: Teoria em Prática. Nova York: Routledge.

Smith, J. (2019). Aproveitando o Conhecimento Prévio para uma Aprendizagem Efectiva. Estudos Educacionais.

Smith, M. K. (2019). O papel do conhecimento prévio na aprendizagem dos alunos: Uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Educação.

Piaget, J. (1950). A construção da realidade na criança. Rio de Janeiro: Zahar.

Vygotsky, L. S. (1978). A mente socio histórica. São Paulo: Martins Fontes.