Popper não Inventou o Falsificacionismo


Muitos acreditam que o falsificacionismo foi inventado por Karl Popper. Isso não é culpa das pessoas, mas do próprio Popper que não foi honesto dizendo que ele não era o criador desse critério de demarcação da ciência. A seguir mostramos uma passagem de Feyerabend falando sobre este assunto, desmascarando Popper. A saber:

A falsificação mediante contraexemplos é velha como o mundo. Os sofistas a praticavam por prazer; era a arma principal dos cépticos desde a Antiguidade, a Montaigne, até Mates, e foi ridicularizada como antilogike simplista ou como quebra-cabeças por Platão: a melhor crítica do “falsificacionismo ingénuo”, como Kuhn e Lakatos chamaram o procedimento de Popper, encontra-se na República e no Teeteto! Na verdade, é demais fazer de Popper o inventor do falsificacionismo! (Feyerabend, 2008: 69).


Exemplos ilustrativos de que o falsificacionismo era praticado desde a Grécia antiga podem ser encontrados em vários lugares. Usarei apenas Diógenes o Cínico como um exemplo claro disso.

Quando um filósofo grego defensor das ideias de Parménides e Zenão de Eleia explicava que não existe movimento, pois para que algo pudesse chegar num ponto, primeiro deveria chegar na metade do ponto, e na metade da metade do ponto, e na metade da metade da metade, e isso seria assim até que concluiríamos que a pessoa jamais sairia do seu lugar: assim sendo, não haveria movimento. Ao ouvir isso, Diógenes apenas levantou e começou a caminhar, e disse: “eis o movimento!”. Este é um caso claro do uso do falsificacionismo.

“Platão definira o homem como um animal bípede, sem asas, e recebeu aplausos; Diógenes depenou um galo e o levou ao local das aulas, exclamando: <<Eis o homem de Platao!>>” (Diógenes Laertios, 2008: 162)

 

FEYERABEND, Paul. (2008). Diálogos Sobre o Conhecimento. São Paulo, Perspectiva.

DIÓGENES LAERTIOS. (2008). Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Brasília, Editora Universitária de Brasília.