Autor: VIC

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Karl Marx e a Economia Clássica em 3 Minutos


O pensamento de Marx não seria possível sem a existência dos economistas clássicos. Ele deve muito a estes economistas, pois os mesmos lançaram as bases da teoria segundo a qual o valor da mercadoria deriva da dificuldade do trabalho para sua produção. Marx continuou e desenvolveu essa teoria, dando-a bases científicas e uma coerência lógica e mais notável nas sociedades. Note-se que na opinião de Marx, o modo de organização da sociedade cível mostra o tipo de economia política da mesma.

Em continuidade com a teoria do valor de trabalho avançada pelos economistas clássicos, Marx foi capaz de demonstrar que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para sua produção, ou do tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção. Sendo assim, as mercadorias menos dispendiosas teriam menor valor em relação às mercadorias mais demoradas na sua produção.

Apesar de ter aderido a algumas das teorias dos economistas clássicos, Marx não se limitou em seguir e desenvolver tais teorias, mas também levantou sérias críticas em alguns aspectos fundamentais das mesmas. Neste sentido, podemos tomar Marx como sendo parcialmente continuador e parcialmente como crítico dos economistas clássicos. Uma de suas críticas a estes economistas reside nas relações entre trocas de mercadorias por outras mercadorias. Enquanto que para os economistas clássicos, também chamados por Marx de “economistas burgueses”, as relações entre trocas de mercadorias havia somente troca de objectos (que eram as mercadorias), para Marx havia algo mais do que isso, a saber: relações entre homens.

O estudo das relações entre as trocas de mercadorias é realizado pela economia política, que acima indicamos que deriva do modo de organização da sociedade civil. A economia política dos economistas clássicos tomava essas relações como se constituíssem leis eternas, leis imutáveis da natureza, uma vez que sempre que presenciavam uma relação de troca de mercadorias, sempre eram trocados objectos nessa relação, logo estes economistas concluíram que, por este ser um fenómeno constante e repetitivo, é uma lei. Ao fazer isto, de acordo com a crítica de Marx, eles não percebem que absolutizam um sistema de relações existentes em determinado estágio da história humana. Isto é, para Marx, as relações de troca de mercadorias são um tipo de relação que existe em um estágio da história humana, não são relações que sempre existiram na história da humanidade.

Sendo assim, essas relações não podem ser tidas como leis. Daqui, Marx passa a considerar que os economistas clássicos transformam um facto em uma lei: o facto é a relação entre trocas de mercadorias, algo que não é uma lei, pois não é eterno na história da humanidade; que, porém, é um facto que para os economistas clássicos, por não terem compreendido que não se tratava de uma lei, tomaram-no como se fosse uma lei.

Ao continuar o desenvolvimento de sua crítica aos economistas clássicos, tendo lançado a primeira crítica contra a ideia de que as relações entre as trocas de mercadorias são de trocas de objectos, Marx parte agora para sua segunda crítica. Voltando-se para o modo de explicação dos fenómenos económicos da economia política dos economistas clássicos, Marx percebe que estes apenas dizem como as coisas são, e não dizem por que são assim – consequentemente, ignoram a questão da mudança na economia.

O ponto de partida da economia política clássica é a propriedade privada. Ela não explica a propriedade privada, nem as razões que a fazem ser assim. Apenas expressa o processo material da propriedade privada, o processo que se dá na realidade, que depois faz valer como leis. Marx coloca que a economia política clássica não compreende essas leis, isto é, não mostra como elas derivam da essência da propriedade provada.

Depois de ter notado a incompreensão dos economistas clássicos em relação a propriedade privada, Marx coloca-se a explicar o surgimento da mesma, mostrando que ela é um facto, e não uma lei, muito menos lei eterna. A explicação de Marx sustenta-se no facto de a propriedade privada não ser um dado absoluto que se deve pressupor em toda argumentação económica: ela é o produto, o resultado e a consequência necessária do trabalho desapropriado. Ela é um facto que deriva da alienação do trabalho humano.