O REINO DO KONGO
 
O Reino do Congo ou Império do Congo foi um Estado pré-colonial africano no sudoeste Áfricano território que hoje corresponde ao noroeste de Angola (Uíge, Zaire e Cabinda), o sudoeste e oeste da República do Congo, a parte oeste da República Democrática do Congo e a parte centro-sul do Gabão. Na sua máxima dimensão, estendia-se desde o oceano Atlântico, a oeste, até ao rio Cuango, a leste, e do Rio Ogoué, no atual Gabão, a norte, até ao rio Cuanza, a sul.
 
O reino do Congo foi fundado por Lukeni Lua Nimi no século XIV. O reino é constituído por nove províncias e três regiões (Ngoio, Cacongo e Loango), mas a sua área de influência estendia-se também aos Estados independentes, tais como Ndongo, Matamba, Cassange e Quissama. A capital era M'Banza Kongo (literalmente, Cidade do Congo), rebatizada São Salvador do Congo após os primeiros contatos com os portugueses e a conversão do manicongo ao catolicismo no século XVI, e renomeada de volta para M'Banza Kongo em 1975.
O reino era regido por uma monarquia, que por vezes em sua história alternou entre hereditária e eletiva. A linhagem de reis durou desde a fundação do reino em 1390 até a abolição em 1914 pela recém-implantada Primeira República Portuguesa, que diminuiu o título do rei á uma mera figura simbólica na cidade de São Salvador (M'Banza Congo) até 1975, quando o recém instalado governo socialista de Angola termina por abolir os títulos definitivamente.
 
Durante o processo de expansão marítimo-comercial, os portugueses travaram contato com várias culturas já consolidadas no litoral e outras regiões do interior do continente africano. No ano de 1483, quando o navegador lusitano Diogo Cão chegou à foz do rio Zaire, encontrou o Congo.
 
Assim como o reino de Benin e de Mali, o reino do Congo está entre os mais importantes e poderosos do continente africano. No Reino do Congo existia um grande número de províncias ocupadas por vários grupos da etnia banto (principalmente Bakongo).
 
Apesar de ser um estado centralizado, neste reino existiam administradores locais, vindos de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monárquica. O Congo era governado pelo rei, conhecido como manicongo, que tinha o direito de receber os tributos vindos de cada uma das províncias dominadas. O império consistia de nove províncias e três reinos (Ngoy, Kakongo e Loango), porém a sua área de influência alcançava os estados limítrofes, como Ndongo, Matamba, Kassanje e Kissama.
 
A principal cidade do reino era Mbanza, local onde eram tomadas as decisões políticas mais importantes e onde os portugueses entraram em contato com esta civilização africana. A centralização estatal do Reino do Congo e o controle sobre a produção econômica da costa oeste africana coincidiram com a consolidação do Império Ultramarino Português, ao longo do século XV.
 
As principais atividades econômicas dos congoleses envolviam o comércio de sal, metais, tecidos e produtos de origem animal. A prática deste desenvolvido comércio era feita por meio do escambo (trocas) ou com a adoção do nzimbu, um tipo de concha encontrada exclusivamente na região de Luanda.
 
O tráfico de escravos foi movimentado pelo contato das autoridades políticas do Reino do Congo com os portugueses. Inclusive, grande parte dos escravos que trabalharam na exploração de ouro no século XVII no Brasil era originária das regiões do Congo e Angola.
 
O intercâmbio com os europeus, na economia e na cultura, trouxe novas práticas que acabaram transformando a civilização congolesa, como, por exemplo, a incorporação de elementos do catolicismo.