O Mapa Político de África no Início do Século XIX
Até ao final do século XVIII o continente africano era maioritariamente
constituído por reinos, estados e impérios autóctones, encabeçados por
chefes originalmente africanos. Nessa altura, a vida política, económica e
ideológica estavam sob controlo efectivo dos próprios africanos. Isto quer
dizer que presença europeia em África estava bastante limitada.
Encontravam-se alguns comerciantes ao longo da costa que se dedicavam
ao comércio com as comunidades Africanas.

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África no início do século XIX
Você, agora vai ver como se desenvolveu o processo de penetração dos
europeus por África.
O Avanço dos Europeus pelo Interior de África
A partir de finais do século XVIII e início do século XIX a atitude dos
europeus em relação a África modifica-se. Os europeus, que até finais do
século XVIII não mostravam interesse em penetrar para o interior da
África, começam nesta altura a manifestar interesse pelo interior do
continente africano. Como é que se explica esta mudança de atitude?

Veja algumas razões
• Movimento contra a escravatura - desde os princípios do
século XIX a Grã - Bretanha, França e outros estados enviam
esquadras militares para os três mares em volta do Continente
africano (Oceano Atlântico, Oceano Índico e mar Mediterrâneo)
com a finalidade de combater o tráfico escravista;
• Movimento missionário - as igrejas, em particular as
protestantes, lançaram-se no século XIX num amplo movimento
anti-esclavagista considerando que estava a ocorrer em África um
verdadeiro genocídio sugerindo o controlo, incluindo a conquista,
da África pela Europa para acabar com o que estava a acontecer;
• Curiosidade Científica e o Espírito de aventura - Apesar de
constituir, desde o século XV, uma das principais fontes de
riqueza para os europeus, no século XIX África continuava uma
incógnita. Assim no século XIX uma das maiores preocupações
dos europeus era conhecer esse "continente misterioso";
• Impacto da Revolução Industrial - com a revolução industrial o
papel da África para a Europa modifica-se. Se até ao século XIX
a África era o principal fornecedor de braços às plantações e
minas nas Américas, a partir desta altura já não era isso que
interessa à Europa. O que os Europeus queriam agora era ver
África a produzir matérias-primas para a Europa e absorver a
crescente produção industrial europeia. Após a Revolução
Industrial os africanos eram mais úteis como produtores de
matérias – primas, e ao mesmo tempo como consumidores dessa
mesma produção industrial nos seus locais de origem do que
enviados como escravos às Américas.
As Viagens Exploratórias
Se as razões expostas anteriormente justificam o interesse dos europeus
pelo interior do continente Africano; no início do século XIX, ainda não
estavam criadas as condições para a penetração, pois a "África era uma
incógnita". Os europeus não tinham nenhum conhecimento sobre as terras
africanas, os seus habitantes, os perigos que os esperavam, as vias de
acesso, entre outras razões.
O avanço dos europeus para o interior da África só foi possível graças à
acção dos exploradores. Com efeito desde princípios do século XIX,
colunas militares, mercadores e missionários começaram a palmilhar o
continente. O objectivo era estudar, fazer o reconhecimento do mesmo.
As principais Viagens Exploratórias
As viagens exploratórias ou de reconhecimento tinham como principal
objectivo produzir o máximo de informação sobre o continente africano e
em particular as vias e condições de acesso não interior. Portanto as viagens exploratórias incidiram sobre as principais vias de acesso ao
interior (os rios). Veja por zonas as principais expedições realizadas...
África Ocidental
Na África Ocidental a principal dúvida estava em torno do curso do
Níger, que até ao século XIX alimentava as mais diversas interpretações.
Para seguir o curso do Níger, a Grã-Bretanha criou em 1778, através de
sir Joseph Banks, a Associação Africana.
As duas primeiras expedições foram lançadas a partir da Serra Leoa, com
Houghton à cabeça, e do Egipto, sob a liderança de Hornemann. Os dois
exibicionistas sucumbiram diante dos obstáculos que se lhes colocaram.
O primeiro foi vítima da hostilidade dos mouros enquanto Hornemann
desapareceu no deserto.
Em 1795 foi a vez de Mungo Park acompanhado por cerca de 40 homens,
a partir da Gâmbia. Após enfrentar verdadeiras agruras, conseguiu chegar
a Segu, mas não conseguiu alcançar o destino Tumbuctu e morreu nos
rápidos de Bussa quando tentava seguir até a foz.
No início do século XIX, novas expedições foram lançadas pelo governo
britânico. Vejamos…
• 1821 - Denhan e Clapperton partiram de Trípolis em direcção ao
Chade e conseguiram alcançar Socoto;
• 1825 - Clapperton foi enviado para a costa da Guiné para tentar
localizar o porto de Rakah.
• No prosseguimento da sua missão exploratória, Clapperton
Juntou-se a Richard Lander com quem visitou o Yoruba, o Socoto
e chegou ao Níger. Após a morte de Clapperton, Richard juntou -
se a seu irmão Jean e, sob a bandeira britânica, percorreram o
curso do Níger e, finalmente, representaram num mapa o curso
exacto do rio;
• 1826 - Gordon Laing partindo de Trípolis, alcançou Tombuctu;
• 1827 - René Cailé partiu da costa da Guiné em direcção a
Tombuctu. Em seguida conseguiu chegar a Fez no sul de
Marrocos.
• 1850 - Henri Barth - alemão que viajou por conta do governo
britânico foi, o maior explorador da África ocidental. O seu
Périplo inclui Air, País Haússa e Bornu, curso superior do rio
Benué, Gwandu e Tombuctu. Ao contrário da maioria dos outros
exploradores, que se limitou a descoberta de novos objectos
geográficos, Barth, fez registos de valor inestimável sobre a vida
das comunidades do interior da África. 

África Oriental e Central
Nesta região a principal preocupação aspecto que se pretendia esclarecer
era descobrir a nascente do rio Nilo, mas não só.
De facto, os primeiros exploradores que passaram pela região foram os
missionários Rebmann e Krapf. Enquanto Rebmann conseguiu ser o
primeiro europeu a escalar o cume do monte Kilimanjaro, Krapf traçou
um mapa da região, embora com muito pouca informação.
Em conjunto Rebmann e Krapf compilaram o primeiro dicionário e a
primeria gramática swaílis.
Em 1858, foi a vez de Burton e Speke ao serviço da Sociedade Real de
Geografia descobrirem o lago Tanganyica. Com Burton doente, Speke
descobriu um grande lago a que chamou Vitória.
Em 1860 Speke contornou o lago Vitória e apercebeu que aí nascia um
enorme rio. Tendo depois concluido que tratar-se do rio Nilo.
Samuel Baker e esposa descobriram o lago Alberto.
África Central e Austral
O principal explorador desta região foi o inglês David Livingstone. Ele
chegou à África do Sul em 1849, tendo atravessado o deserto de Calaari,
antes de descobrir o lago Ngami. Depois seguiu para Ocidente até
Luanda. Depois seguiu pelo Zambeze de Oeste a Leste tendo chegado às
cataratas do Zambeze a que chamou quedas Vitória. Em 1856 chegou ao
Oceano Índico e, dois anos mais tarde descobriu o lago Niassa. Depois
alcançou o Tanganyica e o Lualaba. Morreu em 1873, em África.
Henri Morton Stanley - veio pela primeira vez a África em 1858 com o
objectivo de convencer David Livingstone a regressar a Inglaterra, mas
teve que retornar sem sucesso pois Livingstone recusou-se a segui-lo.
Em 1875 Henri M. Stanley retornou a África e, tendo contornado o lago
Vitória, confirmou a descoberta de Speke sobre a nascente do Nilo.
Constatou que o lago Tanganyica não tinha saída para o norte e que o
Lualaba conduzia ao rio Congo.
Com as descobertas de Stanley ficaram esclarecidas todas as
interrogações sobre as principais vias de acesso ao interior do continente
africano