A Idade Media é tida por vários historiadores como sendo aquele que teve seu início com as invasões germânicas (barbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até ao século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. O evento politico mais importante que marca o século e o fim do mesmo período é a tomada de Constantinopla (Istambul) em 1453 pelos turcos Otomanos.

Geralmente quando se fala da Idade Media tem sido impossível não lembrar a antiga definição que designa este período histórico como Idade das Trevas. Este tipo de conceituação pretende atrelar uma perspectiva negativista ao tempo medieval, como sendo uma experiência de pouco valor e que em nada pode acrescer ao desenvolvimento dos homens. Esta visão pessimista sobre a Idade Media é da responsabilidade sobretudo dos movimentos intelectuais da Idade Moderna (Renascimento).

Para os renascentistas, o expresso fervor religioso dos medievais representou um grave retrocesso para a ciência.

Seguindo esta linha de pensamento, nota-se que Idade Media é simplificada à condição de mero oposto aos ditames e valores que dominaram a civilização greco-romana. Não por acaso, os renascentistas se colocavam na posição de sujeitos que se deram o trabalho de sequenciar o conjunto de traços culturais, estéticos e científicos que foram primados na Antiguidade Clássica e melancolicamente abandonados entre os séculos V e XV.

Entretanto, um breve e mais atento olhar ao mundo medieval nos revela que estas considerações estão distantes dos vários acontecimentos dessa época. Afinal de contas, se estivessem vivendo nas trevas, como seriam os medievais os responsáveis pela criação das primeiras Universidades? Essa seria apenas uma primeira questão que pode colocar a Idade Media sob outra perspectiva, mais coerente e despida dos vários preconceitos perpetuados desde a Idade Moderna.

O desenvolvimento da cultura cristã, as heresias, as peculiaridades de um contexto politico descentralizado, a percepção do tempo no interior dos feudos, as festas carnavalescas são apenas alguns temas que podem revelar claramente que esse vasto período histórico é bem mais complexo e interessante. Ainda há tempo para que estas e outras luzes permitam a reconstrução que os tempos medievais, de forma bastante justa, merecem.

Durante esse período não existiu realmente um mecanismo de governo unitário nas diversas entidades políticas, embora tenha ocorrido a formação dos reinos. O desenvolvimento politico e económico era fundamentalmente local, e o comércio regular desapareceu quase totalmente.

Com o fim de um processo iniciado durante o Império Romano, os camponeses começaram seu processo de ligação com a terra e de dependência dos grandes proprietários para obter protecção. Essa situação constituiu a semente do regime senhorial. Os principais vínculos entre a aristocracia guerreira foram os laços de parentesco, embora também tenham começado a surgir as relações feudais.

Durante a Idade Media europeia, os camponeses passaram, obrigatoriamente, a viver e trabalhar em um único lugar a serviço dos nobres latifundiários. Esses trabalhadores chamados servos que cuidavam das terras de seu dono, a quem chamavam de senhor feudal, recebiam em troca uma humilda moradia, um pequeno terreno adjacente, alguns animais de granja e protecção ante os foragidos e os demais senhores. Os servos deviam entregar parte de sua própria colheita como pagamento e estavam sujeitos a muitas outras obrigações e impostos.

A única instituição europeia com caracter universal era a Igreja, mas dentro dela também ocorreu uma fragmentação na autoridade. Em seu núcleo havia tendências que desejavam unificar os rituais, o calendário e as regras monásticas, opostas à desintegração local.

A Idade Media Europeia é dividida em duas partes: Alta Idade Media e Baixa Idade Media, a primeira com início marcado pelas invasões germânicas (barbaras), e a segunda finalizada pela retomada comercial e pelo renascimento urbano.