Conceitos básicos

Ensino

O ensino é a acção e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar e amestrar com regras ou preceitos). Trata-se do sistema e do método de instruir, constituído pelo conjunto de conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.

Para LIBÂNEO, (2008), o ensino implica a interacção de três elementos: o professor ou docente; o aluno, estudante ou discente; e o objeto de conhecimento. A tradição enciclopedista supõe que o professor é a fonte do conhecimento e o aluno, um mero receptor ilimitado do mesmo. Sob esta perspectiva, o processo de ensino é a transmissão de conhecimentos do docente para o estudante, através de diversos meios e técnicas.

Identidade

A identidade pode ser definida como a qualidade do idêntico, capaz de reunir um conjunto de factores próprios e exclusivos a cada pessoa; A identidade envolve características centrais de um indivíduo, as quais guardariam um compromisso com uma concepção de homem em constante e dinâmica construção.

A Historia e construção da identidade

Estudar e compreender o passado, pode nos ajudar de certa forma, a agir melhor no presente e até a preparar o futuro. É através da História que podemos encontrar muitas das respostas às questões que o presente nos coloca. Além disso, a História pode nos proporcionar alguma diversão.

SILVA, (1999) afirma que:

“Vivemos num tempo em que as possibilidades de exploração e de dominação dos seres humanos aumentam, “em que um número cada vez maior de pessoas vê, cada vez mais, diminuídas suas possibilidades de desenvolvimento, de extensão de suas virtualidades especificamente humanas”.

Considera-se o processo de ensino e de ensino e aprendizagem um desafio constante, que tenta conciliar a proposta educativa da escola com o desejo de aprender do aluno, desafio este que vem sendo discutido nas últimas décadas com o objetivo de tornar a disciplina de História significativa e capaz de propiciar o desenvolvimento do pensamento histórico.

A História deve contribuir para a formação do indivíduo comum, que enfrenta um cotidiano contraditório, de violência, desemprego, greves, congestionamentos, que recebe informações simultâneas de acontecimentos internacionais e que deve escolher seus representantes para ocupar os vários cargos da política institucionalizada.

Esse indivíduo que vive o presente deve, pelo ensino de História, ter condições de refletir sobre tais acontecimentos, localizá-los em um tempo conjuntural e estrutural, e estabelecer relações entre os diversos fatos.

Destaca-se a importância da História local e/ou regional. Segundo OTTO (2011), “no processo de ensino-aprendizagem, a História surge como uma rica possibilidade para identificação e definição de conteúdos culturais locais. De igual modo, contribui para romper com a concepção de linearidade histórica”. Nesse sentido, pensar o ensino de História, em um processo de passado-presente, presente-passado, local-global, global-local, impulsiona um novo olhar do aluno para a disciplina. Ao mesmo tempo em que se falade vivências próximas, do que é possível ver e sentir, também instiga a perguntar sobre a sua origem, em outros tempos e espaços.

O ensino de História possui valor quando ele derruba as barreiras sucessivas entre o presente e o passado. Quando passado e presente podem coexistir, sendo o passado, como num exercício de esquecimento, a fonte da vida, da criação, da novidade no presente e na criação do futuro. Se a memória nos livra do perpétuo esquecimento, ela nos oferece, não uma cronologia da nossa vida, não uma sucessão de fatos que passaram e são irrecuperáveis, portanto, mortos. Mas, ela nos faz sentir a duração, partilhando a experiência do passado como forma de repetir um acto criativo original.

A memória, que guarda o passado vivo, torna indiscerníveis passados e presente, uma vez que o primeiro coexiste com o segundo, se conservando e tornando o presente, não apenas o resultado do que aconteceu antes, mas a fonte da experiência para o vir a ser. “O passado coexiste com o presente que ele foi; o passado se conserva em si, como o passado em geral (não-cronológico); o tempo se desdobra a cada instante em presente e passado, presente que passa e passado que se conserva”.

Trata-se de uma lembrança pura o que coexiste com o presente. Lembrança que não se instala na consciência, mas que é o próprio tempo. Um todo que dura. Daí podem se atualizar lembranças empíricas, que assumem lugar na consciência.

Assim a história e particularmente o ensino de história, pode ser tomado numa perspectiva de experiência. O ensino de história como um espaço de encontros com a duração, como a memória, com o que pode permitir um reencontro eterno com diversos modos de dizer e, sobretudo, de experienciar a vida.

O passado visto não como conjunto morto de acontecimentos, mas como tempo que se conserva e nos informa sobre a experiência que só pode ser medida no encontro. Na relação que se dá quando um estudante abre um livro, escuta um professor, se debate com um filme.

Nesse encontro o passado vira experiência, vira eterna condição de novidade, e se oferece à construção do futuro. Jamais poderá ser um facto morto, verdade absoluta ou dado acumulado pelo memorialista.

 

Bibliografia

BITTENCOURT, C. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de História. In: (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo, 2004;

DELEUZE, Gilles. A Imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2007.

AZEVEDO, J. Questões Sociais: desafios para o país. São Paulo: Salesiana, 2008.

MATTOS, Patricia. A Sociologia Politica do Reconhecimento, Anablume, São Paulo, 2006.

LIBÂNEO, José Carlos: Didática, Coleção magistério Série Formação do professor,. Cortez edt, São Paulo, 2008.