Historiografia é o equivalente a qualquer parte da produção historiográfica, ou seja ao conjunto dos escritos dos historiadores acerca de um tema ou período histórico específico

Contexto Histórico do Séc. XVII 

A historiografia actual é pois unânime em considerar o século XVII como um período senão de depressão, pelo menos de estagnação económica, não só para a Europa, como para o resto do mundo, para aquelas regiões do mundo que estavam em relação económica com a Europa.

O carácter global dessa depressão não quer dizer, que ela tivesse sido uniforme. Mais intensa numas regiões que outras, ela parece, de qualquer forma redutível ao seguinte esquema: mais sensível no sul do que no norte da Europa, ou mais sensível na Europa católica do que na Europa protestante, uma vez que o poder económico da Espanha se baseava essencialmente no ouro e na prata americanos, qualquer quebra sensível na remessa destes metais ameaçava redundar na quebra automática desse poder.

Foi o que aconteceu no século XVII, designam ente na segunda metade. Entre as décadas de 1591-1600 e de 1651-1660,as remessas de ouro desceram gradualmente de 199451 para 469 quilos. Durante o mesmo período remessas e prata passaram de 2707 626 para 443 256 quilos.

A maior parte do ouro e de prata chegados a Sevilha tinham seguido o caminho de Flandres, da França e de Holanda, com vista à aquisição de bens de consumo.

 O espanhol tinha prazer em ser servido por trabalhadores estrangeiros, dado que, o trabalho para ele era uma forma de aviltamento, servir-se dos estrangeiros constitua uma forma indireta de enaltecimento da sua vaidade pessoal.

Tratava-se, na realidade, de uma concepção típica da mentalidade católico-feudal. Para os protestantes calvinistas da Franca, dos Países-Baixos e da Inglaterra, para quem o trabalho constituía uma virtude.

Os metais preciosos tinham-se escoado para o Norte, não só em troca de bens de consumo, mais também no pagamento dos fretes respeitantes ao transporte dos bens, quer importados, quer exportados, por barcos holandeses. A partir dos meados do século XVI, a maior parte do comercio entre a Península Ibérica e o Norte da Europa era já feito com barcos holandeses, que transportavam têxteis, produtos destinados a construção naval, cereais e madeira de e levavam para o Norte sal, vinho, azeite, prata provenientes da América espanhola estava praticamente toda ocupada no comercio colonial. Numa exposição feita ao conselho do comércio, em 1664.

Quem fosse no rasto de ouro e da prata saídos da Espinha através dos canais da Península Ibérica e o Norte da Europa, para não falar noutros canais menos lúcidos, iria encontra-los não só espalhados pelas fortunas particulares dos acionistas das grandes companhias comerciais holandesas e inglesas, investidas também nos efetivos navais e nas infraestruturas industriais e portuárias dos dois países.

A tendência depressiva do século XVII não tem uma explicação exclusivamente monetária, também presente, e numa elevada escala, a evolução demográfica, segundo o modelo esboçado por Malthus. Com este modelo o processo de crescimento duma população ultrapassava a capacidade de produção dos alimentos necessários á sua s sobrevivência, ocorria uma crise alimentar, de surtos epidémicos resultantes do enfraquecimento, pela fome, das resistências orgânicas. A tradição popular associava ainda a guerra, segundo testemunha a velha trilogia da <<fome, peste e guerra>>.

O modelo malthusiano comanda a sucessão alternada das conjunturas d expansão e das conjunturas de depressão até ao século XVIII.A historiografia actual admite uma periodização baseada na sucessão alternada das conjunturas de expressão e depressão ocorridas na Europa entre século XI e o século XVIII. A uma primeira conjuntura de expansão, como foi a dos meados dos séculos XI, XII e XIII, seguir-se-iam: uma conjetura de depressão, entre 1300 e 1475;uma conjetura de expansão, entre 1620 e 1750. O modelo malthusiano permite em grande medida, explicar fenómenos como o movimento dos preços e dos salários: em regrão aumento a população acarreta a subida dos preços e a descida dos salários, contrariamente, a diminuição da população acarreta a descida dos preços e a subida dos salários (como acontece nos sèculos XIV-XV, entre 1360-1475). O aumento da população leva o aumento da procura de bens ,e, em consequência disso, à subidas dos preços. O aumento da população contribui também para o aumento da oferta de mão-de-obra e, para a descida dos salários. A diminuição da população actua inversamente (descida dos preços e subida dos salários).

As mudanças de conjunturais são relativamente fáceis de determinar e até de datar, o mesmo acontece com as mudanças estruturais. Exemplo, quando se trata de determinar o momento em que termina o feudalismo e o momento em começa o capitalismo, as opiniões dividem-se a ponto de mais extremas apresentarem um afastamento de mais de três séculos. Enquanto Wellerstein situa essa passagem entre as datas de 1450 e 1500,Hobsbawm situa-a entre 1620 e 1650,e Cipolla entre 1780 e 1800.

Partindo, do princípio de que século XVII é um século em que o feudalismo e o capitalismo coexistem, ainda, põe-se o problema de saber em que fase se encontrava então o processo de correlação dialítica entre ambos.

Características da historiografia do século XVII

A igreja, as casas reais dos vários países europeus e os despectivos vassalos (nobreza) detinham ainda a maior parte dos bens fundiários. Os seus rendimentos eram já inferiores aos rendimentos da burguesia, nas mãos da qual se encontrava o grande comércio e as indústrias mais lucrativas. Ao lado de uma agricultura de subsistência, de estrutura feudal, uma agricultura de mercado e de estrutura capitalista, constituída por culturas industriais (linho, cânhamo, plantas e tintureiras, forragens, lúpulo),conquistava áreas cada vez mais vastas.

Graças a um maior dimensionamento empresarial, a indústria capitalista levava de vencida o artesanato corporativo, a estrutura capitalista da manufatura suplantava a estrutura artesanal da oficina.

Os obstáculos legais que dificultavam o recrutamento de mão-de-obra nas cidades, a indústria capitalista estabelece-se em zonas rurais, em termos domésticos. As tendências mercantilistas favorecem o investimento em novas unidades industriais subsidiadas e protegidas pelo próprio Estado. O alargamento dos mercados resultante dos descobrimentos e do processo de colonização aumenta consideravelmente o volume do comercio ultramarino, graças a concentração do capital privado da burguesia. Através da imensa de ações constituem-se na Inglaterra, na Holanda e na Franca grandes companhias comerciais destinadas a exploração dos mercados ultramarinos. Iniciada nos fins do seculo XVI guerras religiosas que opunham Felipe II aos países-Baixos e a Inglaterra, a expansão desses países no oriente e no ocidente, em grande parte à custa dos interesses portugueses e espanhóis nessas regiões, acentuar-se-á neste seculo contribuindo ainda para um maior alargamento do mercado ultramarino. A pressão que este mercado mundial passa a exercer sobre a indústria europeia constituirá um dos factores mais decisivos para o aparecimento da revolução industrial (fim do seculo XVIII) antecedida ainda no seculo XVII por uma fase proto-industrialização.

Nesta marcha para o capitalismo a Inglaterra e Holanda vao claramente a frente,a Franca não consegue acompanha-las, não porque a burguesia francesa fosse “timorata e rotineira” mais porque, e consequência das lutas religiosas alem de alargamento dizimada por massacres como o São Bartolomeu (1572) em que morreram 3000 dos mais destacados protestantes de Paris, teve que recorrer ao exilo, para escapar às perseguições de que era objecto. Muitos técnicos franceses e flamengos fogem para a Inglaterra, onde introduzem novas técnicas nos sectores dos têxteis (lã e seda),da siderurgia, do vidro, das minas. A burguesia despunha de maior poder económico do que as classes privilegiadas do clero e da nobreza.

A realeza dispunha de um meio que lhe permitia travar o crescimento da classe burguesa, ampliando ao mesmo tempo o quadro dos seus vassalos e aumentando as suas receitas. Esse meio consistia em vender títulos de nobreza aos membros mais ricos e destacados da burguesia. A nobreza servia-se da burguesia, permitindo, para fugir à ruina financeira, em realizar com ela frequentes alianças matrimoniais. Este gráfico era feito em larga escala no seculo XVII. desde o operário ou trabalhador rural, sem meios de produção, ate a Burguesia patrícia (cujos membros também eram designados por capitalistas), passando primeiro, evidentemente, por uma pequena e por uma media burguesia de artesãos e comerciantes.

Quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista da dimensão e da organização empresarial, a industria holandesa do seculo XVII serviu de modelo a francesa, quando Colbert lancou em Franca, o mercantilismo industrial. As manufaturas holandesas dos fins do seculo XVII são já, pelas características da sua estrutura produtiva, verdadeiras empresas capitalistas.

O panorama do seculo XVII é profundamente agitado por acontecimentos da seguintes ordem:

Formação dos impérios coloniais holandeses, ingleses e franceses;

  • Guerras de caracter religioso;
  • Guerras e revoluções de caracter politico;
  • Guerras e revoluções de caracter social.

Este caracter endémico de perturbações e violências já tem sido interpretado como sinal da existência duma grave crise na sociedade seiscentista. Hobsbawm chegou mesmo a diagnosticar essa crise como a ultima fase de transição global da economia feudal para a economia capitalista, ou seja como uma crise de caracter estrutural, cuja viragem, em vez de brusca, teve o caracter duma agonia lenta,  na medida em que se prolongou ao longo do seculo seguinte,

Formação de impérios coloniais holandeses, ingleses e franceses, sobretudo os dois primeiros, representam a vitória da burguesia capitalista do Norte sobre a aristocracia feudal do Sul (União Ibérica, ate 1640; depois Espanha e Portugal).

Guerras religiosas como a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) representam a vitória da liberdade religiosa (um valor da burguesia) contra o domínio supranacional da Igreja.

Mas revoluções como as Frondas (1648-1654), na França, onde a burguesia era mais fraca que na Inglaterra, representam a penas tentativas da nobreza e da burguesia para se oporem à política absolutista da realeza francesa.

Revoltas como as do papel selado (1675) e dos Camisares (1702-1710) e outras em França, representam a reação católicas e a reação desesperada dos povos frances, esmagado sobre o peso insustentável da carga tributaria do estado de absoluto.

A guerra da França contra a Holanda (1672-1678), da liga Ausgsburgo (1686-1697), da associação da Espanha (1712-1714), representam o delírio da Grandeza do poder absoluto, que a se próprio decide sacrificar, sem limnites, os recursos e as pessoas e seus súbditos.

O endividamento do estado, a inflexão a proferição do papel de credito e o descredito sustentado por mezinhas mais ou menos ineficiente, a monarquia absoluta francesa acaba por não fragar contra os escolhidos da revolução burguesa de 1989, não sem primeiro ter perdido, na guerra do sete ano (1756-17630), a maior do seu império colonial, em favor da burguesia inglesa.

A Razão Burguesa e o Aparecimento da Critica Histórica

Para alguns autores, o seculo XVII representa a charneira entre a Historia pré-científica e a Historia cientifica. Não é por acaso que esta viragem ocorre durante o período de formação do mercado mundial. Já vimos como, graças á concentração de capitais avultados, resultante da associação de numerosos acionistas, se constituem, na Holanda, na Inglaterra e na Franca, nas poderosas companhias comerciais, cujas frotas dilatam o mercado europeu aos quatro cantos da terra.

O triunfo da praxis burguesa e do capitalismo comercial. O esforço de integrar num todos inteligível o mundo acabados de integrar economicamente pela burguesia e que surgem o amplos movimento ideias a que se deu o nome de iluminismo. A Holanda nos finais do seculo XVII, o borco do primeiro iluminismo, não surgiu de um dia para o outro as condições que formaram este pais no refuso ideia para judeus fugido as inquisições ibéricas e para os guino-te franceses e os dissidentes ingleses, perseguido nos seus países. Forjara-se com longa luta que após a burguesia holandesa e os seus aliado a odiosa repressão  que contra ele regresse o fanatismo religioso de Filiph II, de Espanha, na luta contra monopólios dos mar, exercido por portugueses e espanhóis.

A Holanda torna se no seculo XVII, o pais da prosperidade e de liberdade que viveu e ai escreveu descarte a maior parte da sua obra (1618-1649). O inglês Lock fugido a perseguição de Sturd ai viveu, puderam melhor que no outro pais, florescer as duas corrente do pensamento mais significativas do seculo XVII, o empirismo e o racionalismo, que era na realidade forma de encarar e ressorver os problemas posto pelo novo mundo que o burgues criou. Os descobrimento ibéricos tenham o substituído como critério de verdade, o saber  pela experiencia sensorial. A o especialismo dos português seguir a elaboração de método experimental, iniciado por Francis Bacon (1561-1526).

No domínio da ciência da natureza, era possível tomar como critério de verdade a evidencia sensorial no domínio das ideias isso não era possível. Colmatando essa lacuna, surge o Descarte a preconizar, como critério da verdade, a evidência racional. A evidência é o termo de um longo trabalho critico, efetuado através sucessiva analise e de sucessivas sínteses e em acompanhado por uma atitude de dúvida metódica.

Nos finais de seculo XVI de cargo de cronista e fenigmo do reino aos cistercienses de Alcobaca, viria a ter consequências muito diferentes da que poderia ter tendo-se ordem se trata-se (franciscanos, dominicanos ou jesuítas).

Os cineciência tenham sido gerados pelas estruturas da sociedade rural. A sua perpetrava da sociedade portuguesa não podia, identificar se com as perpetrava da ordens como a dos franciscano ou a dominicano, gerado no seculo de XVIII pelo processo de reurbanização da sociedade europeia ou como a do jesuítas, gerado pelo processo de Contra-Reforma.

No seculo XVI e princípio do seculo XVII os Jesuítas estavam voltados por uma politica europeia de restauração de unidade católicas, sob a direção da Igreja romana, militarmente a podenda pela Espanha os certisienses de alcobasa, marginalizado desse processo pelo sua própria condição de empresa fundiária.

Movimento contra reformista do seculo XVII

 Da convergência de movimento contra-reformista de unidade católicas e das concessões absolutista do poder resultou um tipo de providencialismo especialmente interessado na defesa da origem de divina do poder. O principal representante desta corrente em Franca, Bossuet,  dizia: “ o trono de um rei não é o trono de um homem, é o trono de próprio Deus. Os reis são como Deus e de alguma maneira participa na independência divina”.

Aliança entre católico e absolutistas tinha em vista combater tanto o movimento protestante como o movimento emancipação burguesa. Facilmente compressível nuns países como a Franca, onde os monarquie eram católicas, o fenómeno do absolutismo pode, parecer estranho num pais como a Inglaterra, onde os reis eram ditos como “ protestante”. A religião anglicana, dirigida pelos reis britânicos, era uma religião da realeza e da aristocracia, e encontrando-se, em  conflito com as seitas verdadeiramente protestantes- o puritanismo e o presbiterianismo, perfilhada repetitivamente pelas burguesia inglesa.

  Na Grã-Bretanha, o conflito travava não entre os católicos absolutistas e a burguesia protestante, mas entre os anglicanos absolutistas e burguesia calvinista. Eis a razão porque absolutismos era também confundido com a classe dirigente inglesa entre os teóricos ingleses defensores do absolutismo na origem divina do poder, (o rei Jaime I, Filmar e Hobes).

Na burguesia inglesa dispunha se já de pensadores com a capacidade necessária para contrapor a ideologia politica do antigo regime, novas concepções mais adequadas as realidades sociopolíticas da sociedade do seculo XVII. Entre os mais notáveis destes pensadores destacam-se:

Locke (1632-1704), ideologia da revolução liberal inglesa de 1688 e defensores antes de Rousseau da teoria da origem popular do poder, a burguesia inglesa dos finais do seculo XVII não só tinha conquistado o poder através da imposição de um regime parlamentar, como dispunha de uma ideologia política própria, baseada na teoria da origem popular do poder.

Obras

O seculo XVII è o seculo das primeiras teorias económicas da aplicação pratica.

Ė de 1613 o livro do italiano António Serra – Das causas que podem fazer abundar o ouro e a prata nos reinos onde não há minas no qual é já exposta a doutrina mercantilista clássica, baseada na politica de exportação de produtos manufacturados.

O de 1615 è a Obra que deu à economia politica ou seja o Traitè d Ėconomie politique do frances Montchrètien.

Em 1664 è a publicação “A riqueza da Inglaterra pelo comercio Estrangeiro è a reguladora da nossa riqueza” de Thomas Mun.

Mas tarde foram economistas de seiscentos, entre os quais se destaca Duarte Ribeiros de Macedo, autor do discurso sobre a introdução das artes em Portugal (1675)

Bibliografia

ARRUDA, José Jobson; Historiografia luso-brasileira contemporânea. Bauru (SP): EDUSC, 1999.GOMES, Rodrigues Raul introdução ao pensamento histórico, livros horisonte 1998.