Até o século VIII a.C., a economia ateniense era essencialmente rural, complementada por atividades ainda incipientes de artesãos e pequenos comerciantes. Durante esse período podemos destacar os seguintes grupos sociais: Eupátridas; Georgóis ou Geomores; Thetas e Escravos. Esse período foi marcado pela escassez de terras férteis (em virtude da concentração das melhores terras nas mãos dos eupátridas) e pelo aumento populacional que impulsionaram a segunda diáspora grega e o estabelecimento de colónias com fins comerciais e de povoamento em vários pontos do mediterrâneo.

O comércio com essas áreas baseava-se nas exportações de azeite, vinho e peças de artesanato, importavam artigos como trigo, metais preciosos, cobre, ferro e madeira das regiões mediterrânicas, porém, essas medidas não conseguiram resolver efectivamente os problemas sociais, na maioria das polis gregas. Portanto, esses factores contribuíram, também, para um processo de êxodo rural.

Em Atenas, a aristocracia e as classes ligadas ao comércio, ao mesmo tempo que adquiriam maior poder económico, procuravam ampliar seu domínio social e político, facto desencadeador de confronto e lutas que ajudaram a moldar a sua nova estrutura. Durante esses processos de deslocamento, alguns georgóis e thetas emigraram em expedições colonizadoras e também deslocaram-se da região agrária (khora) para a área urbana da cidade de Atenas (ástey), além dos eupátridas, georgóis e thetas, a partir do século VIII a.C., a sociedade ateniense apresentou novas categorias sociais, tais como:

Demiurgos, segmento social oriundo de georgóis e thetas que se deslocaram para a parte urbana de Atenas a partir da segunda diáspora grega e que se constituíram em pequenos comerciantes e artesãos. Com o passar do tempo se enriqueceram e passaram a exigir direitos políticos e sociais e essas reivindicações provocaram agitações sociais que envolveram os georgóis, thetas e até metecos.

Metecos, segmento social de estrangeiros e marginalizados que se desenvolveu no final do período arcaico e início do período clássico fruto do processo de migração de elementos de outras localidades para a rica e dinâmica economia de Atenas. Não formavam um grupo étnico homogéneo, eram constituídos de gregos de outras polis e até de elementos não-gregos como egípcios, trácios, lídios etc. Eram livres, podiam se dedicar a várias actividades económicas como artesãos e comerciantes, porém, não tinham e nunca tiveram direitos políticos em Atenas.

Escravos, apesar de existir a escravidão em Atenas desde o final do período Homérico, foi no período arcaico que ela foi se intensificando até atingir seu auge no período Clássico. Escravos por dívidas, ou prisioneiros de guerra ou ainda oriundos de um intenso comércio, eram, no final do período homérico e início do arcaico, em número inexpressivo, mas, com as transformações provocadas a partir segunda diáspora grega passaram a se constituir a base da produção.

O Estado ateniense organizou-se inicialmente como uma monarquia, a sociedade era então organizada em famílias, frátrias e quatro tribos, cada tribo estava submetida à autoridade do filobasileu, que comandava o exército. À união das várias tribos ou demos originou a polis, submetida à autoridade do rei, denominado em Atenas como basileu. O basileu tinha amplos poderes, mas, deveria consultar um conselho de nove eupátridas denominado arcontado, passado o tempo, o poder autoritário dos basileus, que não estavam respeitando o conselho dos arcontes, levou a aristocracia dos eupátridas a derrubar a monarquia e a estabelecer a oligarquia governada pelos arcontes, dando o início do período arcaico.

Os Reformadores Atenienses

O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores, dentre os quais destacamos as duas mais importantes: A Reforma de Drácon (621 a.C.) e As Reformas de Sólon (594 a.C.).

A Reforma de Drácon (621 a.C.)

Nos últimos anos do século VII a.C., o legislador Drácon estabeleceu a primeira tentativa de instituir um direito comum a todos, até aquele momento as leis em Atenas ainda assumiam um carácter consuetudinário (baseadas nas tradições orais), estabeleceu um rigoroso código de leis escritas o que possibilitaria o acesso de toda a população ao conhecimento do código. As leis de Drácon serviram para melhorar a organização judiciária do Estado ateniense, mas, não foi capaz de dar solução ou amenizar os problemas sociais, uma vez que os privilégios dos eupátridas permaneceram inalterados, e um destaque desse código de leis foi o estabelecimento do fim das vendetas (vinganças privadas).

As Reformas de Sólon (594 a.C.)

Mesmo com o severo código de Drácon, as desigualdades continuaram activando o descontentamento, exigindo a actuação de outro reformador. Sólon foi eleito arconte em 594 a.C., era um aristocrata que desde muito cedo se envolvera com as actividades de comércio e com as viagens ao exterior, ficando assim afastado dos eupátridas e bem mais próximo aos demiurgos, preocupado com as agitações sociais promovidas por georgóis e thetas, insatisfeitos com o conservadorismo do código de Drácon, Sólon proclamou a abolição da escravidão por dívidas (Lei Seisactéia).

As leis de Sólon  foram além da reforma sobre o endividamento nos campos, o legislador também alterou o conceito de cidadania baseado na origem, característica da Atenas aristocrática, passando a adoptar uma nova divisão social baseada nos rendimentos anuais, ou seja, divisão social censitária na qual os demiurgos seriam os grandes beneficiados ao se igualarem politicamente aos eupátridas.

É certo que, ainda assim, isto não resultou de imediato, senão no fortalecimento do autoritarismo da aristocracia, uma vez que tinha o exercício exclusivo da magistratura, ou seja, somente ela (aristocracia) tinha competência para administrar a justiça. Além do mais, a aristocracia valeu-se de seus poderes para dificultar a organização e actuação das assembleias (Bulé e Eclésia).