A revolução francesa trata-se de uma serie de acontecimentos no período de 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, que mudaram o cenário político e social da França.

A França, em 1789, era um país falido. Os exageros da corte, os gastos excessivos com guerras, a indisposição com a Inglaterra e os privilégios dispensados ao clero e à nobreza, fizeram aumentar a insatisfação da população.

A sociedade civil era dividida entre o clero, a nobreza e a burguesia, essa última, formada por parte da população que pagava impostos. Esses impostos eram altos, e serviam para custear a boa vida da corte, do clero e da nobreza. Esse foi um dos motivos que levaram a população a se revoltar.

A incapacidade do rei no governo também motivou a revolução. Além de levar o país à falência com a péssima administração económica, ele ainda controlava os tribunais e fazia condenações injustas, de acordo com a sua vontade. Os presos eram levados à fortaleza da Bastilha, que depois foi invadida pela população.

Revolução Francesa (1789-1799) foi um período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso em apenas três anos. A sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sobre um ataque sustentado de grupos políticos radicais, das massas nas ruas e de camponeses na região rural do país

Causas Sociais da Revolução Francesa

A França estava dividida em três classes sociais distintas: O clero, a nobreza, e o terceiro estado. Assim sendo não havia harmonia entre estas classes, o mantinha os seus direitos e estava em conflito constante com o poder central, com a nobreza, com o povo. A nobreza reivindicava novas prerrogativas e exercia influência dominadora sobre os camponeses que se queixavam dos seus abusos. A burguesia queria exercer funções dirigentes na administração. Os camponeses lutavam pela conquista das liberdades sociais. Os artistas mecânicos queixavam-se da disciplina das corporações. A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII possuía dois grupos muito privilegiados:

O Clero ou Primeiro Estado, composto pelo Alto Clero, que representava 0,5% da população francesa, era identificado com a nobreza e negava reformas, e pelo Baixo Clero, identificado com o povo, e que as reclamava;

A Nobreza, ou Segundo Estado, composta por uma camada palaciana ou cortesã, que sobrevivia à custa do Estado, por uma camada provincial, que se mantinha com as rendas dos feudos, e uma camada chamada Nobreza Togada, em que alguns juízes e altos funcionários burgueses adquiriram os seus títulos e cargos, transmissíveis aos herdeiros. Aproximava-se de 1,5% dos habitantes;

A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim dos altos impostos.

Esses dois grupos (ou Estados) oprimiam e exploravam o Terceiro Estado, constituído por burgueses, camponeses sem terra e os “sans-culottes”, uma camada heterogénea composta por artesãos, aprendizes e proletários, os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos. A França ainda tinha grandes características feudais: 80% de sua economia era agrícola, quando uma grande escassez de alimentos ocorreu devido a uma onda de frio na região, a população foi obrigada a mudar-se para as cidades e lá, nas fábricas, era constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável, vivia à base de pão preto e em casas de péssimas condições, sem saneamento básico e vulnerável a muitas doenças.

Causas Económicas da Revolução Francesa

No meio das causas económico e do descontentamento geral, Luís XVI da França não conseguiu promover reformas tributárias, impedido pela nobreza e pelo clero, que não queriam dar os anéis para salvar os dedos e não se percebendo que seus privilégios dependiam do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real, era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787-1789).

As causas económicas também eram estruturais, as riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufactureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. A França sofreu uma depressão económica tão grave que não havia comida suficiente para a população. Tal como acontece com a maioria das monarquias, a classe alta sempre estava segura de uma vida estável e, enquanto os ricos permaneciam muito ricos, a maioria da população francesa estava morrendo de fome.

 Muitos estavam tão indignados por não poder alimentar suas famílias que recorreram ao roubo ou à prostituição para se manterem vivos.

Outro factor económico foi a crise agrícola, que ocorreu graças ao aumento populacional, entre 1715 e 1789, a população francesa cresceu consideravelmente, entre 8 e 9 milhões de habitantes, como a quantidade de alimentos produzida era insuficiente e as geadas abatiam a produção alimentícia, o fantasma da fome pairou sobre os franceses.

A grande depressão económica no sector da agricultura que era o sector essencial da economia francesa a partir de 1770;

As doutrinas do liberalismo, aparecidas nessa altura exigem o desaparecimento das corporações da regulamentação do trabalho dos monopólios, das barreiras alfandegárias;

Os artistas vêem-se a baços com crise provocada pelos primeiros maquinismos protestam contra a disciplina corporativa. Os camponeses sobrecarregados de impostos pretendem serem aliviados de encargos tão duros e pedem que estes se estendam as restantes classes.

Causas Políticas da Revolução Francesa

Em Fevereiro de 1787, o ministro das finanças submeteu assembleia de notáveis, escolhido dentre a nobreza e o clero, burguesia e burocracia, um projecto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do clero. Esta assembleia não aprovou o novo sistema de impostos pedindo que o rei Luís XVI, convocasse os estados gerais.

Enquanto isso, a corte real em Versalhes estava isolada e indiferente à crise crescente na nação.

 Embora, em teoria, o rei Luís XVI fosse um monarca absoluto, na prática, ele era frequentemente indecente e conhecido por recuar quando confrontado com forte oposição. Embora ele tenha reduzido as despesas do governo, os opositores nos parlamentos frustraram suas tentativas de implementar reformas muito necessárias.

Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos, além da participação e derrota na Guerra dos Sete Anos;

O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei;

Causas intelectuais

A Filosofia das luzes oposta ao regime vigente aconselhava uma ordem económica social e politica diferente da então existe na Franca. Alguns soldados que tinham combatido ao lado dos insurrectos Americanos voltaram a Franca entusiasmados com a democracia que tinham ajudado a criar e começaram fazer a propaganda das novas ideias através dos jornais clubes, lojas Maçónicas, contribuindo para criar uma opinião pública contrária á do antigo regime. Todas estas em conjunto, criaram um clima geral, favoráveis a uma revolução profunda da sociedade Francesa

O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos pensamentos medievais;

O Iluminismo produziu muitos escritores, panfletos e editores que poderiam informar ou inflamar a opinião pública. A oposição usou esse recurso para mobilizar a opinião pública contra a monarquia, que por sua vez tentou reprimir a literatura subterrânea. Muitos outros factores envolveram ressentimentos e aspirações pelo surgimento dos ideais do Iluminismo. Isto incluiu ressentimento com o absolutismo real; o ressentimento dos camponeses, dos trabalhadores e da burguesia em relação aos privilégios senhoriais tradicionais possuídos pela nobreza; ressentimento da influência da Igreja Católica sobre políticas e instituições públicas; aspirações à liberdade de religião; ressentimento dos bispos aristocráticos pelo clero rural mais pobre; aspirações para a igualdade social, política e económica e (especialmente à medida que a Revolução progrediu) o republicanismo; o ódio à rainha Maria Antonieta, que foi falsamente acusada de ser gastadora e de ser uma espiã austríaca; e a raiva em relação ao rei por demitir ministros, incluindo o ministro das Finanças, Jacques Necker, que eram vistos popularmente como representantes do povo.

A maçonaria desempenhou um papel importante na Revolução. Originalmente em grande parte apolítica, a Maçonaria foi radicalizada no final do século XVIII pela introdução de princípios que enfatizavam temas de liberdade, igualdade e fraternidade. Praticamente todos os principais participantes da Revolução eram maçons e esses temas se tornaram o slogan amplamente reconhecido da Revolução.

Bibliografia

JEAN, Carpentier António, História da Europa, estampa editora, Lisboa, 1992;VIZENTINI, Paulo Fafundes, história mundial e contemporanea (1776-1991), fundação Alexandre de Gusmao, Brasilia, 2006.