Conceito

O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, económicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e dialéctica da História.

O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais.

Origem

Marx criticou ferozmente o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel “da realidade se faz filosofia”, para Marx “a filosofia precisa incidir sobre a realidade”. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem como ser produtivo e passa a ter consciência de si e do mundo através do desenvolvimento do aprimoramento da produtividade do trabalho. Percebe-se então que “a história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano”.

Pode-se dizer que o pensamento de Karl Marx foi desenvolvido fundamentalmente a partir de seus estudos sobre as três tradições intelectuais já bem desenvolvidas na Europa do século XIX.

O conceito de trabalho

A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Marx, aliás, se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade.

O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialéctica. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como “forças produtivas”, “capital” sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstractos e sim uma abstracção do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.

Karl Marx compreende o trabalho como actividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da actividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social.

Materialismo histórico

Fruto da associação de Marx e Engels foi o texto A ideologia alemã, onde aparece a primeira formulação geral das bases da concepção materialista da História. Para Marx, a história é um processo de criação, satisfação, e recriação contínuas das necessidades humanas; é isso o que distingue o homem dos animais, cujas necessidades são fixas e imutáveis. Quando pretendemos estudar a evolução da sociedade humana, temos de partir do exame empírico dos processos reais, concretos, da vida social da existência humana. Os seres humanos não devem ser considerados num isolamento, mas num processo de evolução real, a que estão submetidos em determinadas condições materiais e históricas. Então a história deixa de ser uma coleção de fatos mortos ou uma actividade inventada de sujeitos inventados. Em outras palavras, o que Marx explicitou foi que, embora possamos tentar compreender e definir o ser humano pela consciência, pela linguagem e pela religião, o que realmente o caracteriza é a forma pela qual produz e reproduz suas condições de existência. Fundamental, portanto, é análise das condições materiais da existência societária.

Materialismo dialéctico

A realidade não é estática, ela é dinâmica, está sempre em transformações, tanto qualitativas quanto quantitativas. No contexto dialéctico, também o espírito não é consequência passiva e/ou mecânica da acção da matéria, podendo reagir sobre aquilo que o determina. Isso significa que a consciência, mesmo sendo determinada pela matéria e estando historicamente determinada, não é pura passividade: o conhecimento do determinismo liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a acção revolucionária. Assim, Marx se denominava um materialista, não idealista. O Materialismo Histórico e o Materialismo Dialético podem, grosso modo, serem tomados por termos intercambiavam, sendo o primeiro mais adequado ao se tratar de “coisas humanas” e o segundo adequado para aspectos do real.

Revolução

Apesar de alguns leitores de Marx adjectivar-nos de “teórico da revolução”, inexiste em suas obras qualquer definição conceitual explícita e específica do termo revolução. O que Marx oferece são descrições e projecções históricas inspiradas nos estudos que fez acerca das revoluções francesa, inglesa e norte-americana. Em geral, Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão actuando também violentamente.

Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto e indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida. A revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominou socialismo.

A mais-valia

O pensamento económico de Marx aparece exposto em Das Kapital (O Capital), de 1867-1869. Sua teoria económica materialista histórica procura explicar como o modo de produção capitalista propicia a acumulação contínua de capital, e sua resposta está na confecção das mercadorias. Elas resultam da combinação de meios de produção (ferramentas, máquinas e matéria-prima) e do trabalho humano. No marxismo, a quantidade de trabalho socialmente necessária para produzir uma mercadoria é o que determina o seu valor mínimo.

O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no sistema capitalista. Para Marx o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria o valor extra da mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe, demonstrando que o trabalho produz valores superiores ao dos salários dos operários.

Então esse trabalho excedente não é pago ao trabalhador e serve para aumentar cada vez mais o capital e o lucro do proprietário da fábrica. Insere-se neste ponto a questão da alienação, o produtor não se reconhece no que produz; o produto surge como um poder separado do produtor. Portanto, a luta de classes só pode ter como objectivo a supressão dessa extorsão e a instituição de uma sociedade na qual os produtores seriam senhores de sua produção.

O modo de Produção comunista

Segundo Marx e Engels o comunismo seria dividido em duas fases.

– Socialismo: divisão da produção segundo o trabalho, pois primeiro não haveria produção suficientemente para distribuir segundo as necessidades. Assim neste momento a produção deveria ser distribuída segundo o trabalho. Haveria um fundo comum ou social e um fundo individual; o fundo comum seria destinado a manter asilos, hospitais, escolas, obras de infra-estrutura e etc, ou seja, para toda sociedade. O trabalhador, no entanto, poderia trabalhar mais quantas horas quiséssemos para o fundo individual.

– comunismo: com a evolução da sociedade a produção poderia ser distribuída completamente segundo as necessidades.