Os sofistas surgem na passagem da tirania e da oligarquia para a democracia na segunda etapa do século V a.C. num ambiente de intenso cosmopolitismo. Os homens de letras, artes e ciências provenientes de várias regiões vinham a Atenas e permaneciam em intensa troca de saberes numa profícua circulação de ideias. Poetas, pintores, escultores, arquitectos, cientistas, filósofos, advogados, políticos, etc., reuniam-se e trocavam impressões entre eles e com a comunidade ateniense.

Os sofistas são mestres de retórica e oratória que percorrem as cidades-estados fornecendo seus ensinamentos, suas técnicas e suas habilidades aos governantes e aos políticos em geral. Foram portanto filósofos e educadores que contribuíram muito ao desenvolvimento dos estudos da linguagem na tradição cultural grega. A preocupação maior dos sofistas era resolver o problema da formação do homem político que estava em voga no momento.

Com a cultura grega impulsionada pelas transformações sociais e económicas sofrendo mudanças, surgem novos grupos sociais ligados ao comércio. Tais grupos reclamam uma maior participação na vida política da Grécia, ao lado disso, surge uma cultura mais crítica em relação ao saber religioso e mítico que exalta a razão pessoal de cada indivíduo e é capaz de submeter à análise qualquer crença ou tradição.

Para transmitir essa nova cultura nasce um novo ideal de educação na Grécia conhecido como Paidéia. Essa nova visão busca a formação do homem em suas várias esferas (social, política, cultural e educativa), ou seja, é uma educação de maior abrangência que considera o homem como um ser racional. Essa educação confere ao homem uma identidade cultural e histórica.

Os sofistas aparecem como uma nova estirpe de educadores que se apresentam como professores e que oferecem, a troco de dinheiro, o ensino da virtude e da arte política. Estes transformaram a educação em uma arte ou técnica na qual são mestres capazes de ensinar aos seus alunos todo o conhecimento que necessitam. Essa educação abrange a formação de homens de Estado e de dirigentes da vida pública. Para que esses homens atingissem êxito político eles precisavam falar bem, construir discursos persuasivos e ter bons argumentos que justificassem suas posições. Era preciso dominar a arte sofística da oratória, da retórica e da dialéctica.

Dentro desse contexto de educação, os sofistas foram acusados de ensinar uma educação imoral e que corrompia a juventude, posto que esta educação desconsiderava os valores tradicionais: verdade, justiça, virtude, rectidão, etc. Esses mestres têm como preceito equipar o espírito do cidadão para a carreira de homem político, segundo eles o homem precisava necessariamente amar a política para depois ir à luta. Deveriam ter uma personalidade forte para se impor como chefe e estar bem preparado para participar da política.

A educação sofística contempla educadores capazes de elaborar uma nova técnica, um ensino mais completo, mais ambicioso e mais eficiente do que aqueles que os precedem. Eram pedagogos, ou seja, não pertencem rigorosamente à história da filosofia ou à das ciências, mas eram “Educadores de Homens”, definição segundo Platão.

Os métodos usados pelos sofistas eram próximos dos das origens. Havia um orientador, no caso, um mestre e em torno deste um grupo de jovens que lhe são confiados para que sejam formados no período de três a quatro anos. Protágoras, o mais importante e influente dos sofistas e também o primeiro a propor um ensino comercializado, pedia a quantia de dez mil dracmas, que representava o salário de um trabalhador bem qualificado. Protágoras precisamente queria tornar seus alunos bons cidadãos capazes de bem conduzir a própria casa e de terem eficácia nos negócios do Estado. Sua ambição, portanto, era a de ensinar-lhes a arte da política.

 A sabedoria, o valor que ele e seus pares proporcionam é de carácter utilitário e pragmático, ou seja, não perde tempo especulando sobre a natureza do mundo e a natureza dos deuses, para ele, se existem ou deixam de existir não importa, a vida é a principal preocupação. A vida deve ser bem aproveitada, principalmente na política, possuir a verdade menos importa que lograr o povo em cima de teses que pareçam com a verdade.

O aspecto da formação sofística era ensinar os seus alunos a vencer em todas as discussões possíveis, e para que isso aconteça utiliza-se de métodos oratórios que visa a confundir o adversário tomando as concessões por ele feitas como hipóteses de partida. Outro aspecto de sua pedagogia é a arte da persuasão, a retórica. Esta deveria ser aplicada principalmente à vida política e seu ensino, desenvolvido desde o tempo de Górgias, pronunciava um discurso modelo e em seguida os alunos eram convidados a imitá-los.

Os aprendizes se dedicavam muito, pois para os mestres, o verdadeiro sofista era aquele capaz de falar sobre qualquer coisa e afrontar quem quer que seja em qualquer assunto. Para isso eles usavam uma estratégia de redução, simplificação. Segundo eles todos os assuntos amplificados poderiam ser reduzidos a ideias simples como o justo e o injusto, a justiça natural e as leis convencionais.

Os sofistas contribuíram com muitas inovações introduzidas na educação grega, abrindo muitas vias divergentes, porém seu extremo utilitarismo os impediram de aplicarem-se mais a fundo em outras áreas do conhecimento. Em suma, um dos traços mais constantes e mais nobres do génio grego para os sofistas era totalmente ao contrário do pensamento grego anterior. Convém portanto que a criança ou adolescente estude não para tornar-se um técnico como antes, mas para educar-se apenas

Platão

Platão nasceu por volta de 427 a.C. em uma família aristocrática de Atenas. Quando tinha cerca de 20 anos, aproximou-se de Sócrates, por quem tinha grande admiração. Como a maioria dos jovens de sua classe, quis entrar na política. Contudo, a oligarquia e a democracia lhe desagradaram. Com a condenação de Sócrates à morte, Platão decidiu se afastar de Atenas e saiu em viagem pelo mundo. De volta a Atenas, com cerca de 40 anos, Platão fundou a Academia, um instituto de educação e pesquisa filosófica e científica que rapidamente ganhou prestígio. Platão morreu por volta de 347 a.C. Já era um homem admirado em toda Atenas.

Platão foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objectivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo.

O método de ensino no estado ideal de Platão

É através de duas obras, A República e As Leis, que Platão descreve como pensava como deveria ser a educação. Na sociedade que Platão idealizou existem três classes: a classe dos artífices e comerciantes, cuja virtude é a temperança; a classe dos guerreiros, cuja virtude é a coragem e a classe dos filósofos cuja virtude é a sabedoria. Se a classe dos filósofos governar, se a classe dos guerreiros se encarregar da defesa e a classe dos artífices e comerciantes mantiver as duas outras classes, existirá harmonia e equilíbrio e a justiça poderá ser alcançada.

Na República e nas Leis, para além de desenhar o seu estado ideal, Platão também define o sistema educacional que o manterá, apresentando assim as suas ideias sobre a educação, o valor da poesia e da música, a utilidade das ciências, da filosofia e do filósofo.

Platão começa por defender uma sólida formação básica que evolui até elevados estudos filosóficos, considerando que só indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia. Para se chegar a este nível de educação é necessário passar por um nível de formação básica, à qual terá dado o nome de educação preparatória. Esta terá por função desenvolver de forma harmoniosa o espírito e o corpo.

Segundo Platão, Atenas negligenciava a educação da juventude, desinteressava-se e deixava-a nas mãos dos particulares. O estado deveria preocupar com a formação daqueles que seriam os futuros cidadãos. Para ele, a educação deveria tornar-se algo público, os mestres deveriam ser escolhidos pela cidade e controlados por magistrados especiais. Platão defendia ainda que a educação deveria ser igual para rapazes e raparigas, mas só até aos seis anos. A partir desta idade teriam mestres e classes diferentes.

Platão defendia que o ensino deveria durar 50 anos. Nos primeiros anos de vida, dos 3 aos 6 anos, as crianças deveriam participar em jogos educativos, em jardins especialmente concebidos para elas e sob atenta vigilância.

No entanto, para Platão, como para todos os gregos, a educação propriamente dita, só começaria aos 7 anos. Como formação inicial, Platão conservou a antiga Paideia grega, escolha que se revestiu de enorme importância para o desenvolvimento da tradição clássica, permitindo a sua continuidade e o seu enriquecimento com a cultura filosófica.

A educação antiga da Grécia, era constituída por duas partes: gymnastiké (ginástica) para o corpo e mousiké para alma. Em relação à ginástica, Platão recrimina a função de competição que lhe fora atribuída ao longo dos tempos. Segundo ele, a ginástica deveria regressar à sua forma original, incidindo exclusivamente em exercícios de carácter militar, desempenhados tanto por rapazes como pelas moças, preparando-os para o combate.

O seu programa de jogos incluía a luta, as corridas a pé, os combates de esgrima, os combates de infantaria pesada e de infantaria leve, o arremesso de flecha com arco, a funda, marcha e manobras tácticas, a prática do acampamento e a caça.

Esta preparação militar deveria ocorrer nos ginásios e nos estádios públicos, sob a direcção de monitores profissionais cujos honorários seriam pagos pelo Estado.

A ginástica seria iniciada neste nível mais elementar e continuaria até à idade adulta. A sua finalidade não era alcançar a força física de um atleta, mas contribuir para a formação do carácter e da personalidade. Platão considerava que os homens que se dedicavam exclusivamente à ginástica, acabavam por se tornar insensíveis à cultura e eram pouco mais do que selvagens.

Ainda em relação à ginástica, refira-se que Platão inclui nela todo o domínio da higiene, as indicações em relação ao regime de vida e especialmente ao regime alimentar, assunto intensamente tratado na literatura médica do tempo.

À ginástica Platão acrescentava ainda a dança, insistindo bastante na sua prática e ensino, pois considerava-a um meio de disciplinar a espontaneidade dos jovens, contribuindo para a disciplina moral.

No ciclo entre os 10 e os 13 anos, a criança deveria aprender a ler e a escrever, iniciando em seguida o estudo dos autores clássicos, integralmente ou em antologias. Para além dos poetas, Platão defende também o estudo de autores em prosa.

Platão criticava o ensino dos poetas Homero, pois considerava que os mitos pervertiam a criança e não lhe ensinavam a virtude. Assim, para ele, as obras de poetas como Homero e Hesíodo davam uma ideia maliciosa das divindades.

No período dos 13 aos 16 anos, a música ocupa um lugar de distinção. Para Platão a pessoa rectamente educada pela música, pelo fato de a assimilar espiritualmente, sente desabrochar dentro de si, desde a sua mocidade e numa fase ainda recuada do seu desenvolvimento, uma certeza infalível de satisfação pelo belo e de repugnância pelo feio, a qual o habilita mais tarde a saudar alegremente, como algo que lhe é afim, o conhecimento da verdade, quanto ele se apresentar.

A música contribui, assim, para a formação harmoniosa da alma. Segundo Platão, ela não abrange apenas o que se refere ao tom e ao ritmo, mas também, e até em primeiro lugar, a palavra falada, o logos.

 O estudo das matemáticas foi sempre reservado a um grau superior do ensino. Para Platão, no entanto, as matemáticas deveriam encontrar o seu lugar em todos os níveis, começando pelo mais elementar, sendo aprofundada a partir dos 16 anos e prolongada nos estudos superiores.

 Esta inovação de Platão inspira-se provavelmente nas práticas egípcias a que a ele teve acesso. Assim, à aritmética, acrescentou a prática dos exercícios de cálculo ligados a problemas concretos da vida e dos negócios. Estes primeiros exercícios possuíam já uma virtude formadora, sendo seu objectivo a aplicação da matemática à vida prática, à arte militar, ao comércio, à agricultura e à navegação.

Para além da geometria, a que dava a maior importância, Platão defende também o ensino uma ciência totalmente nova. Prevê o estudo da astronomia que deveria permitir adquirir os conhecimentos mínimos para o uso do calendário. Segundo Platão, são precisamente as matemáticas que servem como meio de pôr à prova os espíritos mais aptos a tornarem-se um dia dignos da filosofia. Ao mesmo tempo que seleccionam os futuros filósofos, formam-nos e preparam-nos para os seus futuros trabalhos.

Aos 17 e aos 18 anos os estudos intelectuais interrompem-se por dois ou três anos porque aos jovens era imposto o serviço militar. Neste período, segundo Platão, a fadiga e o sono impedem qualquer estudo.

Aos 20 anos realiza-se uma selecção por meio da qual os menos dotados eram destinados ao exército; numa segunda selecção, levada a efeito mais tarde, a maioria dos jovens era encaminhada para diversas profissões e ofícios civis e só os mais dotados iniciariam os estudos superiores, mas não directamente para a filosofia. Durante ainda 10 anos, continuam o estudo das ciências, mas agora a um nível superior. O programa é a aritmética, a astronomia e a música, a geometria.

 Todas estas ciências devem eliminar qualquer experiência prática tornando-se totalmente racionais, por exemplo, a astronomia deve ser uma ciência matemática e não uma ciência da observação.

As matemáticas são o instrumento da formação dos filósofos, que através dos problemas elementares de cálculo, devem ser encaminhados para um grau superior de abstracção. Platão diz que as matemáticas não devem preencher a memória com conhecimentos úteis, mas formar um espírito capaz de receber a verdade inteligível.

É interessante verificar que Platão não esquece o papel da educação literária, artística e física na personalidade e na harmonia do todo, mas este papel não tem comparação com o desempenho pela matemática na iniciação da cultura que leva à busca da verdade.

Somente aos 30 anos, no fim de um ciclo de matemáticas transcendentes e depois de um última selecção, se inicia o método propriamente filosófico, a dialéctica, discussão do problema do bem e do mal, do justo e do injusto, caminho para o conhecimento e a verdade.

Passados cinco anos os estudantes estarão na plena posse deste instrumento, o único que conduz à verdade. Os que chegarem a esta fase devem ser capazes de ultrapassar a percepção dos sentidos e penetrar o próprio Ser.

Durante quinze anos ainda, o homem já assim formado deve adquirir experiência participando na vida activa da cidade.

Aos cinquenta anos, estará completa a sua educação, se tiver sobrevivido e superado todas as provas. Ele reconhecerá a possibilidade de atingir a meta suprema que é a ideia do Bem. Poderá então exercer um cargo na direcção do estado, não como uma honra mas como um dever.

Este plano de Platão, que abarca a vida inteira, tem unicamente como objectivo formar um pequeno grupo de governantes – filósofos, aptos a tomar as rédeas do governo para o bem do estado.

Aristóteles

Aristóteles (384-322 a. c.) filósofo grego filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colónia grega da Trácia no litoral setentrional do mar Egeu em 384 a.C. Aos dezoito anos, em 367, foi para Atenas e ingressou na academia platônica onde ficou por vinte anos até a morte do Mestre. Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos que lhe foram úteis na construção do seu grande sistema. Em 343 a. C. foi chamado por Felipe II, da Macedônia, para educar seu filho, Alexandre, e permaneceu na função durante vários anos. De volta a Atenas, Aristóteles fundou a própria escola, o Liceu, desenvolvendo uma obra antiplatônica.

O filósofo valorizava a inteligência humana como única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didáctica, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didáctico principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas de crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.

Aristóteles passou a ser perseguido por ter colaborado na educação do imperador macedônio. Refugiou-se em Cálcis, onde morreu em 322 a. C. Entre os teóricos gregos da educação, Aristóteles foram o que maior influência exerceu sobre as épocas posteriores, pela amplidão de interesse e multiplicidade de actividade que ele se dedicava, antecipou os tempos modernos e é considerado globalmente o homem mais culto de todos os tempos.

O ideal da Educação

Para Sócrates e Platão o conhecimento era o traço que unia o interesse individual e o bem-estar social, por isso constituía a finalidade da educação; já para Aristóteles, essa finalidade era felicidade ou o bem. Para os primeiros, a posse do conhecimento pelo indivíduo constituía a virtude. Para o último, a virtude estava na conquista da felicidade ou do bem.

A virtude, não consistia no conhecimento, mas num estado da vontade. Ora, um estado da vontade não é tanto uma condição quanto um processo; por isso, o bem, o mais alto fim atingível pelo homem, não é uma condição, mas uma actividade.

Para Platão a realidade consistia em ideias, em pensamento puro, a mais elevada aquisição possível para um indivíduo era o conhecimento. Já para Aristóteles, a realidade consistia na realização pelo objecto, pela entidade ou pelo fato, do seu próprio fim, isto é, de sua mais alta e adequada função. Por isso, a realidade é actividade ou realização de função, ou um “processo”, quer seja de um fenómeno da natureza (físico) ou do homem (social).

O bem para o homem está no funcionamento da parte mais elevada da natureza humana, isto é, a razão. A função da razão é reger a conduta. Consequentemente há duas espécies de bem, o “bem do intelecto” e o “bem do carácter”.

O bem do intelecto é produzido e ampliado pelo ensino e é o produto de experiência e tempo, já o bem do carácter é o resultado do hábito. Como a natureza não dá nem priva ninguém do bem do carácter, todo homem pode alcançar esse bem pela formação de hábitos correctos. O bem, na sua integridade, resume-se, pois, em bem ser e bem-fazer. O bem ser é o bem do intelecto, ligado intimamente à posse da verdade universal da escola platónica e proporciona o desenvolvimento e o bem-estar do indivíduo. O bem-fazer é o bem da acção adquirido através do hábito, e representa o aspecto social do ideal aristotélico.

 A virtude não consiste no simples conhecimento do bem, mas no funcionamento desse conhecimento, de ideias ou princípios. Nesse sentido, Aristóteles, considerava o “bem” como uma forma de eficiência ou excelência, como uma superioridade de conduta mais do que um estado mental.

A felicidade é o resultado de tal actividade, de tal funcionamento de ideias, na vida social. Por tanto, a suprema excelência do homem, o seu bem, consiste no funcionamento em sua vida social das ideias ou princípios de conduta de validez universal. Apresenta assim, Aristóteles, a mais perfeita solução conseguida pelos gregos, do problema da vida e do problema da finalidade da educação.

O método da educação

Em síntese, o resumo de Aristóteles é objectivo e científico em oposição ao método filosófico e introspectivo de Platão. Platão procura a verdade na visão da razão, e a confirmação dessa verdade na consciência do homem. Aristóteles procura a verdade nos fatos objectivos da natureza e da vida social, tanto quanto na alma do homem, e busca a confirmação primariamente na consciência histórica da espécie.

Para Aristóteles o método dialéctico de Platão, que procura a verdade na pura especulação, alcançava apenas verdades de valor formal; ele, ao contrário, procurava a verdade na experiência da espécie, aperfeiçoando desta forma o método indutivo, o qual aplicava tanto objectiva como subjectivamente. A dialéctica socrática tinha sido aplicada apenas ao mundo de pensamento. Aristóteles, antes de qualquer outro filósofo, procurou o sentido dos termos e dos fatos na consciência da humanidade, Depois procurou a confirmação pelo processo introspectivo. Os métodos indutivos e dedutivos já existiam anteriormente e a história deles, como modos de raciocínio, se confunde com a história da espécie humana. Mas com Aristóteles eles se tornam processos conscientes. Foi ele o primeiro a formular a lógica de cada um desses métodos.

Aristóteles usou método- indutivo, não só mais amplamente do que qualquer outro homem anterior há seu tempo, mas também mais amplamente do que qualquer homem em épocas subsequentes. Aristóteles representa a culminância da vida intelectual grega, visto que, na formulação de seu sistema filosófico, aplicou o método indutivo a todos os sistemas anteriores do pensamento grego; e é considerado o pai da ciência moderna por ter aplicado tal método a campos completamente novos investigação.

Como Aristóteles concebia a organização da educação vem formulada em sua obra a Política. Como no caso de Platão, o sistema da educação forma uma parte componente do sistema do Estado.

Mais uma vez Aristóteles antecede os tempos modernos, pois somente 2.000 anos mais tarde, é que a educação voltaria novamente a ser considerada como uma função do Estado e tratada como uma parte da política.

O plano defendido por Aristóteles é composto de elementos aproveitados principalmente da educação ateniense e é similar em muitos aspectos ao de Platão. A criança até 6 anos seria educada pelos pais. Após esse período deveria ser controlada pelo governo, mas ao mesmo tempo os pais seriam também responsáveis pela educação moral.

A educação do ginásio teria por objectivo desenvolver bons e dirigir as paixões e apetites; não visaria apenas à superioridade nos exercícios atléticos, nem ao desenvolvimento da aspereza e da ferocidade dos soldados. As matérias tradicionais, música e literatura, são aceitas como meios apropriados para educação moral e para o primeiro estádio da educação intelectual.

Todos os cidadãos têm de participar igualmente nessa educação, embora os escravos e os artífices não possam conquistar a cidadania, nem atingir, portanto, a vida superior ou perfeita.

Quanto á educação superior, a fase da educação que constituía um fim em si mesma e importava no bem para tudo o mais, Aristóteles na deixou dados. O tratado encerra-se aqui abruptamente, ficando em simples menção um problema que Aristóteles, mais do que ninguém, poderia elucidar.

Porém, por suas outras obras, nos cientificamos de que essa educação superior deveria abranger as matemáticas causa do treino em raciocínio dedutivo que proporciona, especialmente a geometria e as duas ciências matemáticas, física e astronomia. Do próprio exemplo de Aristóteles podemos presumir ¬que, além disso, incluiria as ciências biológicas e, acima de tudo, a dialéctica, que compreendia os estudos filosóficos e lógicos amplamente desenvolvidos em sua própria escola.

 Após essa educação teórica e intelectual, ou talvez simultaneamente, ministrava-se a educação prática em cidadania. Ele inclui dois tipos de actividades, a prática ou executiva teórica ou legislativa e judiciária. O cidadão, por intermédio das actividades práticas, chega às actividades de natureza teórica e dedica a sua vida, cada vez mais, a objectivos puramente, intelectuais. Nessa busca das coisas do espírito, aqueles que se familiarizam com a pura vida do espírito entram no sacerdócio. E assim, gradualmente, a vida prática se transforma na vida “especulativa”, e os menores bens evoluem até o supremo bem, ou seja a vida boa, ou a vida perfeita.

As obras: A Ética, a ciência de “bem ser” e A Política, a ciência de “bem-fazer”, exerceram uma influência profunda na vida intelectual do homem em todos os períodos subsequentes. Aristóteles foi o primeiro grande cientista e um grande sistematizador. Na obra Organon (tratado sobre a Lógica), Aristóteles foi primeiro a formular conscientemente as bases para o pensamento científico em qualquer direcção da actividade intelectual.

Tão fundamental foi a influência de Aristóteles nesse aspecto que o pensador científico, lhe devem muitos dos mais expressivos termos da linguagem. Palavras como “fim”, indicando o propósito final ou causa; o termo “causa final”, para indicar fim nesse sentido a palavra “forma”; a palavra “matéria”, tanto no sentido de substância, quanto no de matéria de estudo, e o termo “material de trabalho'” (do termo correspondente à madeira sobre a trabalha o carpinteiro) como a usamos ainda hoje em educação; palavras tais como “princípio”, “máxima”, “motivo”, “faculdade”, “energia”, “hábito”, “categoria”, “meio” e “extremo. Todas são o resultado de seus esforços para sistematizar o conhecimento.

Mediante a formulação parcial do método indutivo e aplicação do pensamento a novas fases da realidade quase totalmente ignorada antes do seu tempo, Aristóteles tornou-se o fundador de muitas ciências modernas. Entre aquelas sobre quais escreveu tratados, estão à fisiologia, a mecânica, a filosofia natural ou física em seus princípios mais amplos e a biológica correspondente, a história natural.

Reconhecido universalmente como o maior dos antigos, Aristóteles conservou esta posição suprema até o Renascimento do século xv. Com a escolástica, suas obras passam a constituir a base de todos os estudos e de todas as instituições educativas da Idade Média. Na verdade, pode-se dizer que durante a Idade Média todas as obras seculares, salvo as de Aristóteles e algumas de outros autores baseadas, aliás, directamente nas de Aristóteles, ficaram à margem dos interesses humanos.

A influência imediata na Grécia não foi tão fundamental. Sua escola de adeptos, os peripatéticos, não atingiu seu alto nível fez pouco ou nenhum uso da indução e despendeu o tempo em escrever comentários ou interpretações e adaptações inúteis, principalmente sobre tópicos isolados.

 As obras do mestre foram levadas para a Ásia Menor (287 a. C.), onde por cerca de 200 anos estiveram perdidas, até que foram recolhidas e encaminhadas para a Biblioteca de Alexandria e mais tarde para Roma. Traduzido para o árabe, o saber de Aristóteles perpetuou-se entre os sarracenos. O estudo de Aristóteles, iniciado a princípio em Bagdad, floresceu mais tarde em todo o império sarraceno, chegando até à Espanha.

Referências Bibliográficas

ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da educação e da pedagogia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2011.http://filosofiaucdb2014.blogspot.com/2012/12/educacao-na-grecia-antiga.htmlhttp://frankvcarvalho.blogspot.com/2011/06/as-meninas-nao-recebiam-qualquer.html