A maioria dos pesquisadores concordam que os primeiros habitantes da América pertenceram ao período Paleolítico, ou seja, tinham uma cultura material rudimentar, baseada na pedra toscamente lascada.

os primeiros habitantes de América teriam pertencido ao período do paleolítico, tendo evoluído ao longo do tempo, mas numa primeira fase foram nómadas caçadores e recolectores, dependendo de tudo quanto a natureza lhes oferecia e depois devido as condições geográficas (mudanças climáticas), foram evoluindo passando por outras fases até atingirem ao estágio de sedentária (agricultores e pastores).

Fases da evolução dos habitantes da América

A evolução cultural dos povos americanos passara pelas etapas “clássicas” da pré-história, como no velho Mundo desde pelo menos o Paleolítico Superior este período data entre 11.000 e 7.000a. C., a tecnologia lítica (em pedra) fora se aperfeiçoando e se diversificando entre os distintos grupos humanos, aliada a um processo de gradual especialização dos modos de subsistência onde os instrumentos de trabalho nesta fase como a pedra, passou a apresentar um outro aspecto físico como polida para o seu uso na pesca e na caça e a especialização se deu em meio a mudanças climáticas no continente, que contribuíram para diversificar os modos de vida na América.

Entre oito e seis mil a.C. completou-se o recuo das geleiras para os pólos e iniciara se uma fase quente e seca, que modificara definitivamente o meio ambiente americano. Em muitas áreas ocorrera a extinção dos grandes mamíferos como os mamutes, hoje somente encontrados nos museus de História natural, impondo meios de subsistência diversos da caça especializada, como a pesca de mariscos, colecta especializada ou não de vegetais e animais.

Paralelamente a isto, nesta época, em certas regiões, florestas substituíram os campos abertos, enquanto em outras ocorrera um processo de desertificação, contribuindo para a maior especialização e regionalização cultural dos grupos humanos. Temos como exemplo da influência do meio sobre a evolução e diferenciação cultural dos grupos, o particular modo de vida dos esquimós do extremo norte do continente, baseado principalmente na caça especializada dos mamíferos marinhos focas e leões-marinhos.

O período do Mesolítico americano iniciado em algumas partes entre 8.000 e 7.000 a.C., resultado das transformações ambientais e da evolução tecno-cultural dos diversos grupos americanos, assistiu à continuidade da especialização e regionalização das técnicas líticas, agora ainda mais aperfeiçoadas (micrólitos). Continuando com a mesma abordagem Aquino (2000), avança que, os modos de subsistência, adaptando-se às mudanças do meio ambiente, alcançaram alto grau de especialização, ao ponto de se proceder a uma classificação nas áreas de florestas, a caça, colecta vegetal e predominava no litoral, a colecta de moluscos abundantes após a elevação do nível dos mares, e como prova destas práticas encontramos restos arqueológicos de conchas e demais alimentos, formando pequenos montes, encontrados nos litorais do Pacífico e do Atlântico e como testemunhas deste processo; a caça especializada de grandes mamíferos continuou predominante principalmente em regiões de planaltos da América do Norte, existindo também distintas especializações de caça e pesca marinha e fluvial, como as dos esquimós.

Em um processo lento e gradual, iniciara-se em algumas regiões a domesticação rudimentar de vegetais derivada da colecta especializada dos mesmos, dando origem aos primórdios da agricultura na América e a entrada na era do Neolítico. Este processo de transição da colecta para a agricultura incipiente, iniciado no continente entre 7.000 e 4.000 a.C., possibilitara a prática do modo de vida sedentário que sustentava populações maiores do que as praticantes de formas pré-agrícolas de subsistência e também a sedentarização que a Revolução Neolítica proporcionou trazendo como complemento a maior complexidade na organização social em relação aos grupos pré-agrícolas.

Comunidade Nómadas (Caçadores e Recolectores)

O povoamento da América fora iniciado por grupos nómadas, sendo que mesmo após a Revolução Neolítica e a chegada dos europeus no continente eles eram encontrados, seu nomadismo representava uma adaptação a ambientes difíceis de sobreviver, como os desertos do norte do actual México, onde a agricultura não prosperava. A subsistência advinha da caça e colecta, que poderiam ser especializadas ou não, tanto sua cultura material, como organização social, eram, geralmente, as características dos bandos: rudimentares e relativamente simples, pela baixa densidade de suas populações, ficavam os nómadas em situação de desvantagem, em relação aos sedentários, perdendo desta forma territórios e podendo cair em escravidão por guerras.

Na Meso-América, povos guerreiros nômades vindos do norte conhecidos como chichimecasinvadiram e conquistaram aldeias e cidades, mesclando-se aos povos conquistados e absorvendo sua cultura sedentária. À época da conquista, no final do século XV e inícios do XVI, os povos que permaneciam nómadas habitavam somente regiões marginais livres da influência directa das “altas culturas” pré-colombianas. Como exemplo de povos nómadas os chichimecas, habitantes dos desertos mexicanos; os povos pampas, no território da actual Argentina; os nativos das planícies do centro dos actuais Estados Unidos da América, que se deslocavam seguindo as manadas de bisões; e parte dos grupos esquimós.

Seminómades

Os povos semi-nómadas, eram mais numerosos que os totalmente nómadas, estavam num estágio de organização social mais complexo e diversificado, viviam em comunidades maiores, formando tribos ou aldeias, tendo as características sócio-culturais destas, descritas anteriormente. Praticavam a agricultura rudimentar, disseminada também pelos nativos brasileiros, como os povos Tupi. Este começo da agricultura fora marcado pela complementaridade em relação à subsistência advinda da caça e colecta.

Num contexto de abundância de terras, era mais fácil se mudar periodicamente quando os solos perdessem produtividade para novas terras, do que insistir em permanecer nas de solos desgastados num contexto de abundância de terras, era mais fácil se mudar periodicamente quando os solos perdessem produtividade para novas terras, do que insistir em permanecer nas de solos desgastados

Organização social.

Os pioneiros povoadores e habitantes da América pertenciam a pequenos grupos nómadas, onde o parentesco era a base social comunitária e encontravam se organizados em bandos. Em termos sociológicos, cada bando é sobretudo uma associação residencial de famílias nucleares ou restritas, “os homens de um bando devem buscar esposas em outros bandos, e estas vêm residir no bando dos maridos”.

A baixa produtividade das técnicas primitivas impossibilitava a subsistência de grandes populações em um mesmo território, sendo os bandos formados por poucas dezenas de pessoas. Tinham como fundamentos económicos a divisão do trabalho por sexo homens caçavam colectivamente, mulheres colectavam vegetais e pequenos animais individualmente, bem como o direito de uso comunitário do território e seus recursos, a cultura material dos bandos era restringida pelo nomadismo, sendo bastante rudimentar.

Não havia estratificação social, tendo apenas idade e sexo como elementos diferenciadores e o “poder” advinha do prestígio pessoal, circunscrito ao bando, não existindo consequentemente linhagens hereditárias diversos bandos, espalhados por um território alargado, mantinham relações entre si, integrando uma tribo dialectal sem, contudo haver controlo político institucionalizado entre eles

Bibliografia

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