O cristianismo surge no contexto da ocupação romana à Palestina. Este resultou do problema de ordem institucional endémico, isto é, do confronto entre o poder espiritual e temporal. Para superar este problema foi enviado o Messias quem tinha a missão de purificar o cristianismo.
Segundo Correia (1944), Cristo disse que não vinha para anular Moisés e os profetas nem para destruir a Lei, mas para consumá-la em perfeição. Dando um enorme passo do gentilismo ao ecumenismo cristão que derrubava todas as fronteiras desde às da raça , às da nacionalidade e às da própria condição social, diferentemente do salto grego (helénico) e romano que eram marcadamente abertas as relações económicas e culturais.
A abertura cristã acabou pondo em risco as instituições judaicas e romanas, que defendiam as desigualdades sociais, económicas e culturais. Com este carácter de contestação de barreiras sociais entre ricos e pobres, entre senhores e escravos, entre poderosos e humildes, o cristianismo encontrou terreno mais favorável para a sua propagação no império romano, ao se identificar-se com a bandeira do antiesclavagismo substituindo a escravatura por uma rede de novos vínculos.
A permissão de casamentos clandestinos de escravos com indivíduos livres constitui um exemplo típico desde processo de uma verdadeira revolução social em Roma. Devido ao fácil acesso das vias mediterrâneas o cristianismo rapidamente se difundiu por todo império romano.
O verdadeiro cristianismo era mais temido pelos judeus do que pelos romanos, pois aqueles continuavam fechados ao exclusivismo nacionalista e racista talhado no modelo de povo eleito de Deus enquanto que o cristianismo abria-se a toda gente sem distinção de raças, de fortunas ou de sexo.
A rápida expansão crista inverteu o sentido da expansão romana, pois as mesmas vias usadas para transportar soldados romanos eram as mesmas usadas para o transporte dos evangelizadores.
As comunidades cristas dentro do império romano funcionavam como se fossem pequenos estados dentro de um estado pregando a igualdade entre os homens. Foi encetada uma acesa perseguição contra os cristãos, o que culminou com a morte de Jesus. Perseverando, os cristãos continuavam pregando o evangelho mesmo nos locais onde se encontravam refugiados. A pressão foi tão forte que o cristianismo foi angariando novos adeptos dentro do império constituindo assim um grande perigo para o poder real.
Rendendo-se a esta realidade o imperador Constantino sentiu-se obrigado a permitir o livre culto das crenças cristãs em 312.
A sociedade romana do século III vivia uma situação política perversa. Incapazes de analisar perfeitamente, identificando correctamente as causas que estavam na sua origem os romanos atribuíram-na a ira de Deuses.
Portanto, as instituições romanas revelavam-se já incapazes de conter a anarquia militar e política que lavrava o império. Havia assim que recorrer por muito que isso repugnasse a aristocracia romana, a única organização que até ai dera prova da sua capacidade de coesão e unidade: os cristãos.
Assim, Constantino ao conceder liberdade de culto aos cristãos fê-lo como uma aliança político militar mediante a qual em troca da liberdade do culto, as autoridades cristãs concederiam auxilio militar político e religioso.
Em 325 Constantino convoca o concilio de Nicea na qual punha fim as rivalidade entre o cristianismo e o politeísmo romano ora ainda praticado dentro do império, ao proibir cultos politeístas e perseguir os seus seguidores.
Gomes aponta o seguinte:
“Creio num só Deus pai todo poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, creio num só senhor, Jesus Cristo, filho de Deus, o unigénito do pai isto é, engendrado da essência do pai, Deus de Deus, luz da luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, engendrado mas não criado; consubstancial ao pai por quem todas as coisas foram feitas; que por nos homens e para a nossa salvação desceu do céu encanou e se fez homem sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e voltara para julgar os vivos e os mortos. Creio no espírito santo”.
Relativamente às fontes, a historiografia cristã baseava-se em fontes doutrinárias e fontes históricas. Esta historiografia inicia o seu trabalho a partir de uma selecção prévia de informação a utilizar. Caracterizava-se por ser uma historiografia apologética construindo assim a sua versão da história humana e providencialista na medida em que coloca por cima da livre vontade dos homens a vontade de Deus e o seu designo sobre o mundo.
Portando, pode-se concluir que a cristianização das estruturas políticas, económicas, sociais, culturais e mentais do império romano contribuiu de maneiras para a sua queda e semeou uma nova sociedade de cujos princípios se fundamentavam através de Deus criador: sociedade Medieval, que a seguir faremos um estudo pormenorizado.