Introdução

O presente trabalho ee referente a disciplina de História de Moçambique leccionada na 12ª Classe do Ensino Secundário Geral em Moçambique cujo tema é: Os Estados Militares do Vale de Zambeze. No mesmo, debruçaremos sobre a origem e formação, actividades económicas, mencionaremos os principais estados, o aparato ideológico e os factores da sua decadência.

Importa referir nesta pequena introdução que, com abolição do sistema prazeiro pelos decretos régios de 1832 e 1854 criou condições para a emergência dos Estados militares do vale do Zambeze que se dedicaram fundamental ao tráfego de escravos, mesmo após a abolição oficial da escravatura em 1836 e mais tarde em 1842.

Os Estados Militares do vale do Zambeze

Contextualização

A expressão Estados militares esta destinada a captar a grande empresa de caca do escravo que foi cada estado com sua fortificação mãe (Aringa) e uma serie de fortificações mais pequenas espalhadas peloterritorio de cativos chamados A-chicunda, palavra originada do verbo Chona Kukunda (significa Vencer), elesestavam armados de armas de fogo ou espingardas(as de carregar do cano ou boca e de mosquetes.

A abolição do sistema prazeiro pelos decretos régios de 1832 e 1854 criou condição para a emergência dos Estados Militares do Vale de Zambeze que se dedicaram fundamental ao tráfico de escravos, mesmo após a abolição oficial da escravatura em1836 e mais tarde em 1842. Também ouve o fim do sistema politico s região da Zambézia, criou-se um Vazio de Poder que foi sendo preenchidopor vários estados emergentes e a decadência de muitos estados ou centros de poder económico naquela região

Origem e formação

Com a decadência dos prazos e o fim do sistema político na região da Zambezia, criou se um vinculo de poder que foi sendo preenchido por vários estados emergentes:os chamados Estados Militares ou Estados Conquista.

Sua origem e formação estaa directamente ligo a crise que se instalou após 1830 nas relações entre diferentes clãs muzungo. Outra razão da formação destes Estados (Militares do Vale de Zambeze) está ligada a fome na maioria dos territórios no Vale de Zambeze, a crise do sistema comercial, aos territórios no Vale do Zambeze, a crise do sistema comercial, aos ataques Nguni, ao declínio do sistema de prazo, aos conflitos entre prazeiros e os A-Chindas queconduziram ao desaparecimento destes últimos e levaram a que o poder começasse a concentrar-se nas mãos de algumas poucas famílias poderosas da região.

Os estados eram bem diferentes entre si no que diz respeito a sua organização, mas também apresentavam vários pontos em comum. Foi neste sentido de coisas que entre 1820 e 1860, começaram a surgir unidades multietinicas, com destaque para as que dominaram quase toda a região de Tete,-Sena, apresentando ao nível da sua organização estruturas diferenciadas e complexas.

Os factores acima referenciados, contribuíram eclosão das dinastias dos senhores de escravos. Áreas dos antigos prazos foram ocupados e milhares de A-chicunda foram reagrupados a troco de bebidas, tecidos e armas de fogo, no vale do Zambeze, resolvem conceder patentes administrativos e militares a alguns dos novos reis, fazendo – os defender o vale do Zambeze contra osNguni, a que eles fizeram com as patentes de Capitão-mor ou de Sargento-mor.

Principais Estados Militares do Vale do Zambeze

Estado Líderes
Macanga Gonçalo Caetano Pereira
Massagire Paulo Mariano Vaz do Anjos e Fernando Vaz dos Anjos
Massangano Joaquim da Cruz,
Gorongosa Manuel Antonio de Sousa
Kanimba e Mataquenha Guengue
Maganja da Costa Jao Bonifacio Alves da Silva
Makololo Antigos Carregadores de Dr. Livingstone

Actividades económicas

Todos os estados espalhados do Indico ao Zumbo viviam essencialmente do tráfico de escravos e do comércio de marfim, com excepção do Estado Makololo. Uma outra fonte de riqueza era a cobrança do imposto (tributo em género chamado Mussoco) e agricultura de cereais.

Organização sociopolítica

À semelhança dos antigos prazos, os estados militares do Vale do Zambeze, ao exemplo do Estado Macanga, estavam organizados em duas classes sociais:

A classe dominante (Musha): formado por camponeses, pagava tributos em géneros diversos (cereais, mel, marfim, etc) chamado Mussoco. Esta camada constituía um reservatório natural ode a aristocracia dos estados militares retirava escravos para os mercados Brasileiros, e Cubanos.

A classe dominante: era constituída politicamente por:

Mambos e Fumos: controlavam os camponeses;

Chuanga: vigiavam os mambos e fumos, desempenhavam o papel de inspectores administrativos e fiscais, policiando a entrega do Mussoco;

A-chicunda: garantiam as relações de produção ao nível das mushas e caçavam escravos para a venda, protegiam as feitorias contra as ameaças externas e internas, a aristocracia também podia recrutar esta camada para a venda como escravo, os A-chicundas encontravam-se divididos em regimentos chamado Butacas (herança), que eram as unidades militares básicas.

Mucazambo ou Cazambe: controlavam as butacas dividiam-se em pelotões ou ensacas;

Chefe Territorial: controlava o comércio à longa distância, entregavam amuletos aos mercadores para o sucesso das viagens.

De salientar que o centro do poder política e militar dos estados militares era Grande Aringa.

Aparato Ideológico

A dominação das classes nos estados multares é produto da penetração mercantil portuguesa, e para tal, eles adaptaram-se aos ritos de investidura dos reis cheuas, assegurando a existência de local sagrado o qual se apaziguava os espíritos muzimos. Numa das características dos estratos dominantes dos estados militares foi a sua progressiva “africanização”, politica usada para a não dissociação e distinção entre intrusos e súbditos locais, através da política de alianças matrimoniais, permitindo deste modo assegurar a reprodução das relações de produção.

Decadência

Entre 1892-1902, processa-se a destruição dos estados militares devido aos seguintes factores:

1ª Lutas entre os próprios estados e entre estes e os portugueses no seculo XIX, conhecidas como “guerras do Zambeze”, que conheceram 3 fases:

1a fase (1846-1862), neste período, Pedro Caetano Pereira contexto primeiro com as autoridades de Tete o controlo das terras a norte do Zambeze e depois com António Vicente da Cruz pelo controlo do próprio rio;

2a (1880-1892), foi a mais complexa pois a Zambézia encontrava-se sob fortes pressões internacionais como também reformadores coloniais de poderes europeus e dos estados africanos independentes como Barué, chefaturas Chona, Macuas e Nguni. Os muzungos encontravam-se operante uma escolha, entre colaborar e resistir aos portugueses;

3a fase: inicia com Manuel António de Sousa a ocupar Barué em 1880 e quebrando o levante armado de Massingir;

4ª a intensificação da competição entre os poderes imperialistas europeus durante o período de luta por África, puseram em causa um conflito inevitável com os estados militares.

 

Conclusão

Chegado ao fim da nossa pesquisa percebemos que,  os Estados Militares do Vale do Zambeze Entre 1820 e 1860, foram criadas as bases para uma reestruturação do poder económico e político do vale do Zambeze. Dessa reestruturação e dos escombros dos antigos estados e chefaturas do vale, nasceram os Estados Militares, uma versão mais complexa e amplificada dos antigos prazos. A expressão Estados Militares destina-se a captar essa enorme empresa de caça ao escravo que foi cada Estado com a sua fortificação mãe (a Aringa) e uma série de fortificações mais pequenas espalhadas pelo território governado por cada família reinante.

Com exércitos de milhares de cativos chamados A-Chicunda, palavra originada do verbo Chona Kukunda que significa vencer, armados com mosquetes e com espingardas. Os Estados Militares viviam essencialmente do comércio de escravos e em menor escala do comércio de marfim.

Bibliografia

NHAPULO, Telesfero. História de 12ª Classe. Maputo plural editora, 2015.