Antecedentes

A revolução industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra com a mecanização de sistemas de produção, antes do século XVIII foram usadas, na Europa três fontes de energia: a forca animal, a forca do vento e a forca da água, fontes essas muito limitadas. Mas, no inicio do século XVIII verificaram se profundas inovações técnicas que permitiram a utilização de novas e mais rentáveis fontes de energia.

Há vários fatores que contribuíram para as modificações verificadas no sector agrícola, tais como: o triunfo do parlamentarismo na Inglaterra, em 1688, na sequência da célebre Revolução Gloriosa.

Segundo (Engeles 1853) quatro elementos essenciais concorreram para o pioneirismo inglês:

Elemento capital:

A hegemonia naval lhes dava o controlo dos mares.

Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas, como Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros; isto é, havia dinheiro barato para os empresários.

Elemento recursos naturais

A Inglaterra possuía ricos jazigos de ferro e carvão, matérias prima básicas nesta fase, além do algodão que podia trazer de suas colónias. Essas reservas naturais encontravam-se próximas dos centros industriais e estes eram servidos por bons portos, estradas e canais, facilitando a circulação sem fretes elevados a aumenta

Elemento mercado

 Depois de vencer a monarquia, a burguesia conquistou os merca­dos mundiais e transformou a estrutura agrária.

Neste período o mercado inglês comandava o ritmo da produção antes de a produção criar o seu próprio mercado.

Elemento transformação agrária

Com a burguesia no poder, dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas beneficiou os grandes proprietários. As terras dos camponeses, foram reunidas num só lugar e eram tão poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transforma­ram em cidadãos rurais pobres; deixaram de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos.

Duas consequências se destacam:

  1. Diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural, no momento em que ganhava impulso o mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de produção capaz de satisfazê-lo;
  2.  A proletarização abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade.

Factores que contribuíram para a revolução industrial

Segundo (BURNES 1979, p. 212) pela aplicação de uma política económica liberal desde meados do século XVIII. Antes da liberalização económica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.

  • O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os investimentos e ampliar os lucros.
  • A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.
  • A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho nas manufaturas.
  • A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas e máquinas e contratar empregados.

Revolução industrial

A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo a nível económico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.

1ª Fase (energia a vapor no século XVIII)

As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.

As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão profundas que os historiadores actuais chamam aquele período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.

As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.

As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de quilómetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz. Como essas máquinas substituíam a força dos cavalos, convencionou-se em medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força).

Avanços da tecnologia

O século XVIII, foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e maquinas. As máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionaram o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro lado, baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.

Na Agricultura

Na segunda metade do século XVII, teve inicio na Europa uma serie de inovações técnicas, sociais e económicas, modificando a agricultura que evoluiu de métodos e estruturas feudais para uma dinâmica produção capitalista. Iniciadas na Inglaterra e, em menor escala, em países continentais da Europa, essas transformações visavam a aumentar a produtividade do solo, atender a crescente procura de produtos agrícolas destinados ao consumo das indústrias que surgiam ou das populações cujo número crescia, e ampliar os lucros dos produtores. Inicialmente empreendido por agrónomo e agricultores, o conjunto dessas modificações envolvendo o uso da máquina, de novas técnicas, de novos cultivos e alterações no regime de exploração da terra,

Avanços nos transportes

Na área dos transportes, destaca-se a invenção das locomotivas a vapores, os trens a vapor. Com estes meios de transporte foi possível transportar mais mercadorias e pessoas num espaço de tempo curto e com custos mais baixos.

Alguns exemplos de principais avanços tecnológicos séc. XVII/XVIII

  1. 1698 – Thomas Newcomen, em Staffordshire, na Grã-Bretanha, instala um motor a vapor para esgotar água em uma mina de carvão.
  2. 1764 – James Hargreaves, na Grã-Bretanha, inventa a fiadora “spinning Jenny“, uma máquina de fiar rotativa que permitia a um único artesão fiar oito fios de uma só vez.
  3. 1765 – James Watt, na Grã-Bretanha, introduz o condensador na máquina de Newcomen, componente que aumenta consideravelmente a eficiência do motor a vapor.
  4. 1800 – Alessandro Volta, na Itália, inventa a bateria eléctrica.
  5. 1825 – George Stephenson concluiu uma locomotiva a vapor, e inaugura a primeira ferrovia, entre Darlington e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha.
  6. 1879 – A iluminação eléctrica foi inaugurada em Mento Park, New Jersey, nos Estados Unidos da América.

Fábricas

As fábricas do início da revolução industrial não apresentavam o melhor dos ambientes do trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como: férias, décimo terceiro salário, auxílio de doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício.

Movimentos

Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais diferentes formas, das quais se destacam:

Movimento Ludista (1811-1812)

Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus actos. Invadiram fábricas e destruíram máquina, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os luditas ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”.

Anos depois os operários ingleses mais experientes adaptaram métodos mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.

Movimento Cartista (1837-1848)

Em sequência veio o movimento “cartista”, organizado pela “Associação dos Operários”, que exigia melhores condições de trabalho como:

  • Particularmente a limitação de oito horas para a jornada de trabalho;
  • A regulamentação do trabalho feminino;
  • A extinção do trabalho infantil;
  • A folga semanal;
  • O salário mínimo.

Este movimento lutou ainda pelos direitos políticos, como o estabelecimento do sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do voto censitário. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.

As “trade-unions

Os empregados das fábricas também formaram associações denominadas trade-unions, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. Na segunda metade do século XIX, as trade-unions evoluíram para os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível de idealização e organização, pois o século XIX foi um período muito fértil na produção de ideias antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do movimento revolucionário cuja meta era construir o socialismo objetivando o comunismo. O mais eficiente e principal instrumento de luta das trade-unions era a greve.

A segunda fase da revolução industrial (energia elétrica no século XIX)

Na indústria

O novo impulso ao processo de industrialização começou uma nova fase é chamada Segunda Revolução Industrial. As mudanças mais notáveis foram as seguintes: começou-se a utilizar novas fontes de energia: eletricidade e petróleo.

Nesta fase, surgiram novas potências industriais, como os Estados Unidos, Japão e Alemanha. A indústria têxtil deu a terra para a indústria do aço e do surgimento de novas indústrias, tais como a química ou elétrica, a existência de novos meios de transporte como: automóvel, avião locomotiva elétrica e telecomunicações desenvolvidas (rádio).

A ciência e o progresso

Houve progresso científico em Biologia, Darwin formulou a teoria da evolução e na medicina, Pasteur e Koch deram avanço no estudo da microbiologia, obtendo avanços espetaculares na anti-sepsia e anestesia.

Em física, avançou-se no domínio da eletricidade, enquanto na Química descreveu-se a tabela periódica de elementos e produtos sintéticos que revolucionaram a indústria, e nas ciências sociais, desenvolveu-se a economia e a emergência do capitalismo.

Terceira e quarta fase da revolução industrial (XX e XXI)

Estas duas fases, foram marcadas respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do sector de comunicações ao longo dos séculos XX e XXI (aspetos, porém, ainda discutíveis).

Expansão pelo mundo 1830 a 1929 

A produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste dos Estados Unidos da América. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições económicas, sociais e culturais de cada lugar.

Na Alemanha com o resultado da Guerra Franco-prussiana em 1870, houve a Unificação Alemã que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país que já estava ocorrendo desde 1815, foi a partir dessa época que a produção de ferro fundido começou a aumentar de forma exponencial.

Consequências

 Os principais efeitos da revolução industrial foram:

A partir da Revolução Industrial o volume de produção aumentou extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser máquina faturada; as populações passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho.

A afirmação de capitalismo como modo de produção dominante e da burguesia, do proletariado como classes básicas na nova estrutura social;

A utilização de máquinas e maior divisão técnica do trabalho com o consequente aumento da produção e da produtividade, o que impõe o alargamento dos mercados;

A falência das antigas corporações e manufaturas, a proletarização dos antigos artesãos e o surgimento de uma questão social cada vez que as condições do proletariado eram precárias;

O aumento da produção e da urbanização e o despovoamento dos campos em virtude da revolução agrícola que diminuiu a necessidade de muita mão-de-obra nos meios rurais.

As fábricas passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em troca de um salário.

Na Inglaterra, por volta de 1850, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo.

O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monótonas e repetitivas.

A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas

Bibliografia

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BURNES, Eduard  Mcnall,  Historia da Civilização Ocidental, Vol. II, Porto Alegre, 1979.

BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. . São Paulo 36. ed Globo, 1995.

CRIMBER, Carl, Historia universal, Vol.6, Daimon, Madrid,1967.

ENGELES/MARX, A Dominação Britânica na Índia, New York, 1853.

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IGLESIAS, Francisco, Industrial, São Paulo, s/d.