A Teoria Neomalthusiana surge após Segunda Guerra Mundial, devido ao crescimento populacional acelerado jamais visto na Europa (explosão demográfica), com repercussões nas áreas de interesse social (saúde, habitação, trabalho). Na tentativa de explicar a ocorrência de fenómenos nos países em via de desenvolvimento, os Neomalthusianos vão estudar a explosão demográfica, a partir da correlação entre a quantidade de habitantes (Crescimento Natural) e as possibilidades de abastecimento de recursos vitais de um território. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países em via de desenvolvimento, para se esquivarem das questões económicas, nas condições de desigualdade das relações comerciais, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países em via de desenvolvimento.
Para os Neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país menor a renda per capital e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes económicos. Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes daqueles utilizados por Malthus, o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria.
Para controlar este problema os Neomalthusianos propuseram programas de controlo da natalidade nos países em via de desenvolvimento e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de enfrentar problemas socioeconómicos exclusivamente a partir de posições contrárias à natalidade, de acobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países em via de desenvolvimento a partir de uma argumentação demográfica.
Os Malthusianos tinham concepções ideológicas por um lado, é o caso de Cunho Racista, que proclamava o progresso diferenciado das raças, procurando justificar agressões e colonização como processo civilizatório. Por outro lado, os países em via de desenvolvimento com maior número de jovens e crianças constituem um obstáculo ao desenvolvimento económico por não serem produtivos, o que provoca um desequilíbrio cada vez maior entre oferta e procura de emprego.
Para os Malthusianos o crescimento da população, dos países em via de desenvolvimento compromete os recursos naturais, o que constitui uma ameaça política para o Ocidente. Dai a necessidade de traçar estratégias precisas: o controlo de natalidade e o planeamento familiar.
Teoria reformista Marxista
É o conjunto de ideias filosóficas, económicas, políticas e socialistas elaboradas primeiramente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e dialéctica da história, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtora das sociedades e das lutas de classe, dai consequente, o marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho o que deferência os homens dos outros animais e possibilita o progresso de suas emancipações da escassez da natureza.
O marxismo ultrapassou a ideia dos seus precursores tornando-se uma corrente política e teórica que abrange uma ampla gama de pensadores militantes. Na mesma época em que foi criada a teoria Neomalthusiana representantes dos países em via de desenvolvimento elaboraram em resposta, a teoria reformista (ou marxista) que chega a uma condução inversa das duas ideias teóricas demográficas anteriores. Uma população jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidades, não é causa, mas sim consequência do subdesenvolvimento. Em países desenvolvidos, marcados por um elevado padrão de vida da população, o controle da natalidade ocorreu de maneira simultânea a melhoria de qualidade de vida da população, além de ter sido passado espontaneamente de uma geração para outra à medida que foram se alterando os modos e os projectos de vida das famílias, as quais passaram a ter menos filhos ao longo do século XX.
Críticas e sugestões a teoria Neomalthusiana
De acordo com a escola reformista os miseráveis não são responsáveis por uma miséria por terem muitos filhos, como querem demonstrar os neomalthusianas. Para eles, a origem da miséria nos países em vias de desenvolvimento tem raízes históricas, como ausência de uma política social e económicas direccionadas a atender a maioria da população já que as políticas governamentais sempre estiveram voltadas para satisfazer os interesses de uma minoria privilegiada no passado, dos colonizadores, posteriormente, da elite interna que passou a ocupar o lugar do colonizador.
Para os reformistas, a miséria nos países em vias de desenvolvimento não é um fenómeno decorrente da falta de recursos financeiros mas sim de factores estruturais crónicos como a distribuição desigual da renda interna. Outro aspecto questionado pelos adeptos da escola reformista diz respeito ao facto de que, segundo eles, o que se produz no planeta nos actuais dias, com os recursos disponíveis, ultrapassa bastante as necessidades básicas do homem. O que deve ser controlado, portanto, não é a natalidade, mas sim o consumismo supérfluo, pois devido ao apelo publicitário são criadas expirações materiais que jamais seriam imaginadas naturalmente pelo homem.
Uma população jovem numerosa só se tornou empecilho ao desenvolvimento das actividades económicas nos países subdesenvolvidos porque não foram realizados investimentos industriais sociais, principalmente em educação e saúde. Essa situação gerou um imenso contingente de mão-de-obra sem qualificação que continuamente ingressa o mercado de trabalho, tal realidade tende a rebaixar o nível médio de produtividade por trabalhador e empobrecer enormes parcelas da população desses países. É necessário o enfrentamento, em primeiro lugar das questões sociais e económicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.
Quando o quotidiano familiar transcorre em condições miseráveis e as pessoas não tem consciência das determinações económicas e sociais as quais estão submetidas vivendo em subempregos, em submoradias subalimentados, como esperar que elas estejam preocupadas em gerar filhos.
A medida que as famílias obtêm condições dignas de vida, educação, assistência medica, acesso a informação, tendem a ter menor número de filhos. Os investimentos em educação são fundamentais para a melhoria de todos os indicadores sociais. No mundo inteiro, quanto maior a escolaridade da mulher, menor tende ter o número de filhos, e também menor a taxa de natalidade infantil (importante indicador de qualidade de vida). Essa teoria é a mais realista, por analisar os problemas económicos sociais e demográficos de forma objectiva partindo de situações reais do dia-a-dia das pessoas. Muitos reformistas afirmam que o problema dos países em via de desenvolvimento não é a escassez de investimentos, mas sim a ausência de uma política social económica voltada para a maioria da população.
Bibliografia
BANDEIRA, Mário Leston. Demografia, objectos, teoria e métodos. Lisboa: Escola Editora, 2004;
DANTAS, Eugénio Maria; MORAIS, Ione Rodrigues Diniz; FERNANDES, Maria José da Costa. Geografia da População. 2ªed. Natal: EDUFRN, 2011.