Designa-se por falácia, um raciocínio errado com aparência verdadeiro.
Este vocábulo deriva do latim de “fallere” que significa enganar.
Enquanto sujeito falantes, cometemos frequentemente erros que os ouvidos desatentos não descobrem imediatamente.
As falácias que são cometidas involuntariamente designam-se por paralogismos e as que são produzidas com intenção de enganar dá-se o nome de sofismas.
Em qualquer falácia existem 2 elementos essências:
- a) Uma verdade aparente, em que o argumento é convincente e leva os incautos ao equivoco;
- b) Um erro oculto, que faz com que se retirem conclusões falsas a partir de uma verdade. O erro oculto pode derivar de ambiguidade dos conceitos, de um salto desregrado do particular para o geral, de uma tomada do relativo como absoluto, do parcial como total, do acidental como essencial.
Tipos de falácias
- Falácia da equivocação/ equívoco, acontece sempre que usamos num argumento a mesma palavra em dois sentidos diferentes.
Exemplo: Se o Homem é que pensa.
Ora, nenhuma mulher é homem.
Logo, nenhuma mulher é homem.
Logo, nenhuma mulher pensa.
Este argumento é falacioso porque na primeira premissa a palavra <<homem>> significa <<espécie humana>>. E na segunda esta se falar do <<ser humano>>
- Anfibiologia, deriva da ambiguidade sintáctica de uma parte de um argumento. Por isso, esta falácia ocorre sempre que procuramos sustentar uma conclusão recorrendo a uma interpretação errada de uma proposição gramaticalmente ambígua.
Exemplo: Todos os homens amam uma mulher.
Mataka ama Abiba.
Logo, todos os homens amam Abiba.
A ambiguidade deste argumento verifica-se na primeira premissa, pois, em geral, cada homem ama mulher diferente. Todos amam uma mulher diferente. Consequentemente, não podemos concluir que todos os homens amam Abiba.
- Falácia de analogia, ocorre quando se sobrevalorizam as semelhanças entre duas ou mais coisas, ou quando se desprezam as diferenças relevantes.
Exemplo: Os macacos não são herbívoros.
Os gatos não são herbívoros.
Logo, os gatos são macacos.
- Falácia do acidental, acontece quando tomamos o que é acidental pelo que é essencial e vice-versa. É uma generalização abusiva.
Exemplo: A camisa de Muze é verde.
O verde é uma cor.
Logo, a camisa de Muze é uma cor.
- Falácias da ignorância da causa ocorrem quando tomamos por causa de um simples antecedente ou qualquer circunstância acidental.
Exemplo: Depois das cheias no rio Púngue, houve epidemias.
Logo, as cheias do rio Púngue são causadoras de epidemias.
- Falácias da conversão, sucedem quando se convertem proposições sem respeitar as regras.
Exemplo: Os molwenes andam pelas ruas da cidade.
Logo, quem anda pelas ruas da cidade é molwene.
- Falácia de oposição, ocorre quando não são respeitadas as regras da oposição de proposição.
Exemplo: Todos os africanos são hospitaleiros.
Logo, nenhum africano é hospitaleiro.
- Falácia do circulo vicioso (ou petição de principio), acontece quando se pretende resolver uma questão com a própria questão, ou seja, quando se supõe acordado ou provado precisamente o que esta em questão; apresenta-se como premissa o que só se justifica como conclusão.
Exemplo: O que é lógica? É a ciência do que é lógico.
O remédio cura porque tem virtude curativa.
- Falácia da falsa dicotomia, ocorre quando se apresenta duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando outras alternativas possíveis. Confunde opostas e contraditórias, sendo por isso, conhecida como a falácia do <<ou tudo ou nada>>.
Exemplo: Ou estas do meu lado ou estas contra mim.
Ou comes tudo o que esta no prato ou então não comes nada.
- Argumentum ad hominem (ataque pessoal), esta falácia é cometida quando alguém tenta refutar o argumento de uma outra pessoa, atacando não o argumento mas a própria pessoa.
Exemplo: O senhor afirma estar inocente da acusação que esta sobre si. Mas como poderemos acreditar num homem cujo passado é melindroso?
Não podemos aceitar a parecer da professora porque esta é muito jovem e não tem experiencia suficiente.
- Argumentum ad populum (apelo ao povo, a emoção), esta falácia ocorre quando, por falta de razoes convincentes ou pertinentes, se manipulam e exploram os sentimentos de uma audiência de modo a fazer adoptar o ponto de vista de quem fala. O <<argumento>> dirige-se a um conjunto de pessoas – <<ao povo>> – e tira partido de preconceitos, desejos e emoções, com o intuito de tornar persuasiva uma ideia ou uma conclusão para a qual não se encontram dados, provas ou argumentos racionais. Apela-se a emoção das pessoas e não a sua razão.
Exemplo: Querem uma cidade sem lixo? Querem uma cidade em que as ruas não estejam esburacadas? Querem uma cidade com escolas para todos? Votem no partido X!
- Argumento ad baculum (apelo a força pressão psicológica), verifica-se quando quem argumenta a favor de uma conclusão sugere ou afirma que algum mal ou problema acontecerá a quem não aceitar.
Exemplo: Ou te calas ou ficas sem recreio
As minhas opiniões estão correctas e mandarei prender quem discordar de mim.
- Argumento ad ignorantiam (apelo à ignorância) – esta falácia acontece quando se argumenta que uma preposição é verdadeira porque não foi aprovado que è falsa, ou que è falsa porque não foi aprovado que è verdadeira.
Exemplo: Ate hoje, ninguém conseguiu provar a não existência de seres racionais superiores aos homens.
Logo, existem também outros seres racionais superiores ao homem.
- Argumento ad misericordiam (apelo à piedade), este tipo de falácia verifica-se quando alguém argumenta recorrendo aos sentimentos de piedade e de compreensão de uma audiência, de modo que a conclusão ou afirmação defendida seja aprovada. Mas convêm sublinhar que o apelo à piedade ou, <<falar ao coração>> não è de forma alguma, um modo racional de argumentação. É o que acontece frequentemente quando alguns alunos tentam convencer os seus professores a passa-los de classe, invocando razões comoventes.
- Falácia da composição (tomar a parte pelo todo), se as partes de um todo têm uma certa propriedade, argumenta-se que o todo tem essa mesma propriedade. Esse todo pode ser um objecto composto de diferentes partes como um conjunto de membros individuais.
Exemplo: Todos os políticos são honestos.
Nenhum politico é honesto.
Paradoxos
Um paradoxo é um raciocínio que, tanto quanto conseguimos perceber, é valido, parte de premissas verdadeiras, mas que no entanto nos conduz a um resultado inaceitável.
As primeiras formas da palavra tiveram base na palavra latina paradoxum mas também são encontradas em textos gregos como paradoxonon.
Esta palavra (paradoxo), é composta de prefixo paraque quer dizer contrário e pelo sufixo Doxoque quer dizer crença.
Os paradoxos são em geral enunciados através da preposição aparentemente pacífica que nos conduz a resultados inaceitáveis. O resultado paradoxal é a auto-contradição. A auto-contradição é a situação paradoxal na qual uma frase é contraditória consigo mesma.
Tipos de Paradoxos
Distingue-se 3 tipos de paradoxo:
- Paradoxos verídicos, produzem um resultado que parece absurdo embora seja demonstravelmente verdadeiro. Assim, o paradoxo do aniversário de Frederic na opereta The Pirates of Penzance estabelece o facto surpreendente de que uma pessoa pode ter mais do que N anos em seu N-ésimo aniversário. Da mesma forma, o teorema da impossibilidade de Arrow envolve o comportamento de sistemas de votação que é surpreendente mas, ainda assim, verdadeiro.
- Paradoxos falsidicos – estabelecem um resultado que não somente parece falso como também o é demonstravelmente – há uma falácia de demonstração pretendida. As várias provas invalidas (e.g., que 1 = 2) são exemplos clássicos, geralmente dependendo de uma divisão por zero despercebida. Outro exemplo é o paradoxo do cavalo.
Um paradoxo que não pertence a nenhuma das classes acima pode ser uma antinomia, uma declaração que chega a um resultado autocontraditorio aplicando apropriadamente meios aceitáveis de raciocínio. Por exemplo, o paradoxo de Grelling-Nelson aponta problemas genuínos na nossa compreensão das ideias de verdade e descrição. Ex. Todos os cavalos são da mesma cor.
- Paradoxos Zenão, filosofo grego pré-socrático Zenão de Eleia, que viveu no século V antes de Cristo, desenvolveu alguns paradoxos lógicos/filosóficos importantes que propunham desafiar as nossas impressões acerca do movimento.
Exemplo dos paradoxos
Não é possível dormir e estar acordado ao mesmo tempo, portanto, essa frase traz um paradoxo que provavelmente diz respeito à distracção da menina. A distracção dela é tamanha que pode ser comparada ao estado de sono. Aqui, riqueza e pobreza coexistem. Nesse exemplo de paradoxo, entendemos que o rapaz de quem se fala é rico de bens materiais, mas pobre de conhecimento da vida.
Referencia Bibliográfica
CHAMBINE, Daniel Ernesto, Nhumaro Moniz Alcidio, filosofia 12a classe, editores Lda, Moçambique;
CREQUE, Eduardo e Diriote. Livro pré-universitário, filosofia 12a Longman Moçambique;
GEQUE Ed e BIRIATE Manuel, Filosofia 12a classe, Longamn Ed Moçambique, 2010.