Por Lucia Muchanga

1. Breves considerações sobre desenvolvimento


Desenvolvimento constitui um dos elementos textuais, indispensável na elaboração e organização de qualquer pesquisa cientifica, especificamente da monografia cientifica que constitui o cerne do presente trabalho. De acordo com Castro (2011: 46), desenvolvimento pode ser conceituado como parte nuclear mais extensa da monografia cientifica.

A partir daqui podemos considerar o desenvolvimento a parte principal da monografia cientifica, na qual constam todos os argumentos do trabalho.

No entendimento de Lakartos e Marconi (2003: 235) é a fundamentação lógica de trabalho de pesquisa, cuja finalidade é expor e demonstrar. Com essa conceituação percebe-se que desenvolvimento enquanto parte da monografia cientifica, obedece uma estrutura lógica, identificada pelos autores como fases do desenvolvimento.

2. Estrutura teórica da composição do desenvolvimento


Na visão de Andrade (2006:94) desenvolvimento da monografia cientifica obedece a 3 fases que também podem ser consideras estágios, de forma especifica a primeira fase corresponde a exposição, a segunda diz respeito a argumentação e por fim a fase da discussão.

Em todas as fases o desenvolvimento exige a credibilidade que busca a concretização do desejo criado pelo escritor ao leitor na introdução na medida em que esta se afigura depositório de expectativas que se esperam espelhar-se no desenvolvimento.

2.1. Fase da exposição


Andrade (2006:94) entende esta fase como um processo através do qual são descritos e analisados os factos ou ideias apresentadas. O escritor da monografia exibe as ideias do autor que voluntariamente se compromete a tratar, o que nas palavras de CERVO, BERVIAN e DA SILVA (2007:108)

chama-se momento histórico e contextualização do problema”.


Nesta fase analisa-se a ideia principal, desdobrando-a, decompondo o todo em partes, onde surgem os detalhes importantes que segundo Andrade (2004:117) serão por sua vez analisadas, entendidas, justificadas e demostradas com base na compreensão das partes para se chegar ao entendimento do todo.

Aqui o escritor procura fazer a conceptualização do tema do trabalho, tornando implícito o explicito, claro o obscuro, simples o complexo. Apresenta o sentido de uma noção, com base numa análise e compreensão, procurando suprir o ambíguo ou o obscuro. Vale ressaltar que os objectivos específicos aludidos na introdução deverão ser esboçados ao longo do desenvolvimento com base nos capítulos que correspondem o mesmo número que aqueles.

2.2 Fases da Argumentação


Compreende a segunda fase teórica do desenvolvimento da monografia cientifica. Andrade (2006:94) percebe que é nesta fase que o escritor da monografia cientifica defende a validade das ideias com base nos argumentos que também podem ser a defesa do raciocínio lógico da evidência racional dos factos, de maneira ordenada, classificando-os e hierarquizando-os.

Aqui se deve trazer toda a informação do autor em relação ao tema tratado. Dito doutro modo deve fazer-se uma interpretação do autor em causa. É nesta fase onde são esboçados os capítulos elencados na fase da exposição.

Entendida por Andrade (2006:94) como fase complementar da análise frequente e aconselhavelmente aplicada ao método indutivo. O escritor da monografia clareia o método que se socorre a ele para apresentar as suas abordagens no que diz respeito ao assunto sobre o seu autor.

Esta fase exige a divisão do tema em tópicos logicamente correlacionados, e as partes do trabalho deverão estar sistematicamente vinculados entre si e ordenados em função da unidade de conjunto” (Ibidem).


Para tal é necessário como aponta Salvador (apud Marcondes e Lakatos, 1980:62) saber distinguir o fundamental do secundário, o principal do subordinado e distribuir equitativa e gradualmente as partes segundo este critério.

O escritor da monografia cientifica é chamado a organizar o seu trabalho de forma ordenada em função da relevância de cada parte que compõe o mesmo. A informação que este considerar principal deve estar no primeiro plano em detrimento do que ele achar secundário.

2.3 Fase da discussão


Andrade (2006:118) chama esta fase de desenrolar do raciocínio ao exame de posições contrárias que são confrontadas e comparadas num processo dialético que evolve a tese e a antítese procurando-se chegar à síntese. Procura-se na discussão compararem-se ideias, refutar certas opiniões e confirmar outras, ressaltando aspectos relevantes do assunto.

Para tal submete-se o autor escolhido a uma “terapia” teórica com base num confronto das suas abordagens com as dos outros, mediante um exercício de interpretação dos factos ou ideeis demostrados. O cumprimento dessas fases exige alguns aspectos que se presa relevante o seu cumprimento.

3. Exigências ético-monográficas na elaboração do desenvolvimento


Adverte o autor supracitado para duas falhas comuns encontradas nos trabalhos científicos, a lógica passional e o verbalismo. Nas suas palavras:

Chamamos atenção do aprendiz do trabalho científico para dois defeitos não muito raros em trabalhos publicados. O primeiro é o emprego da lógica passional formulada em argumentos de ordem sentimental e que visam a persuasão em lugar da ordem racional ou lógica propriamente dita. Essa atitude ficaria bem entre advogados e promotores durante um júri, não no contexto de um trabalho cientifico (SALOMON apud ANDRADE, 2006:118).

A argumentação deve levar em conta os critérios da coerência e coesão que pode ser traduzido em sintonia entre as partes e o todo do texto, numa relação semântica que se adeque e se manifeste na compatibilidade entre as ideias. Obedecendo a uma linguagem sequenciada e susceptível de coligar os elementos posicionados ao longo do texto, estabelecendo um veiculo ou conexão sequencial. Para Andrade seria (2004:119)

dizer coisa com coisa ou uma coisa bate com a outra”.


A enunciação dos argumentos não dispensa a objetividade, a clareza e a simplicidade, devendo-se, no entanto prescindir uma linguagem excessivamente literária, metafórica, rebuscada que além de inadequada promove a falta de clareza do raciocínio.

Boaventura (2007:142) chama atenção que o desenvolvimento sempre com muita lógica e clareza deve ser dividido em capítulos e ilustrados sempre que necessário, pois a decomposição do assunto em suas partes constitutivas é condição indispensável para sua compreensão. Sendo mais fácil compreender o assunto quando este estiver dividido.

Sem divisão não se pode identificar claramente o tema central, tampouco distinguir o que se quer atribuir ao todo ou somente a uma ou outra de suas partes. Não obstante desenvolvimento constituir um elemento textual assim como a introdução e a conclusão, aquele não se nomeia no trabalho, diferente destes.

Para Boaventura (2007:143) deve-se evitar no desenvolvimento da monografia cientifica repetições, escrever pormenorizando, exemplos extremamente excessivos, fracos e fora do contexto. Mas deve-se sempre pautar pelo reconhecimento do trabalho do outro e manter-se a Humildade, evitando o vanglorio do uso das ideais dos autores sem cita-los, porém, obedecer-se às exigências ético-monográficas na elaboração do desenvolvimento.

CONCLUSÃO


O desenvolvimento constitui o núcleo do trabalho, aparte mais extensa do trabalho chamado também de corpo do assunto. Visando comunicar os resultados da pesquisa.

A partir das abordagens de diversos autores, é correcto afirmar que este não dispensa a repartição do seu assunto, pautando sempre pela divisão em partes que compõem o assunto a ser tratado, onde as mesmas partes são ordenadas de forma sistemática e estabelecem um nexo em um todo.

A decomposição do desenvolvimento em partes constitutivas é condição indispensável para a sua compreensão, além de que facilita a distinção do fundamental do acessório, a ideia principal da secundaria, o mais importante do menos importante.

Este obedece a três fases que o constitui: a exposição ordenada e pormenorizada do assunto, a argumentação e a discussão que se presa na comparação das ideias, refutando-se ou confirmando-se os argumentos apresentados.

A exposição do desenvolvimento exige objetividade, clareza e simplicidade que facilitam a compreensão do assunto tratado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANDRADE, Maria Margarida de. (2004). Como preparar trabalhos para cursos de Pós-graduação. 6. ed., São Paulo, Atlas.

______. (2006). Introdução à metodologia do trabalho cientifico. 7. ed., São Paulo, Atlas.

BOAVENTURA, Edivaldo. (2007). Metodologia da pesquisa: monografia, dissertação, tese. São Paulo, Atlas.

CERVO, A.; BERVIAN, P. e DA SILVA, R. (2007). Metodologia cientifica. 6.ed., São Paulo, Atlas Pearson.

MARCONI, Marina de Andrade. (2001). Metodologia cientifica para o curso de direito. 2. ed., São Paulo, Atlas.

MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. (2003). Fundamentos de Metodologia Cientifica. 6. ed., São Paulo, Atlas.