Pepetela

O autor traz-nos um corajoso personagem e ingénuo. Uma narrativa histórica com um espaço angolano marcado pelas guerras coloniais, pelas ocupações dos portugueses em território angolano.

A história leva-nos no tempo ao lado de Ngunga, um adolescente de treze anos de idade, órfão, que tão cedo perdeu os pais na guerra e sem ninguém para cuidá-lo apareceu a avó Ntumba que lhe deu abrigo e obrigou as filhas a passarem a dar-lhe comida mas estas resmungavam alegando que trabalhavam para elas e maridos mas pela ordem da mãe cediam. Comida entregue de má vontade nunca é bem-vinda ao estômago, não é? Mas o rapaz insistia pela fome havia no quimbo devido a guerra. Ngunga foi acolhido pelo guerrilheiro Nossa Luta quando Ntumba morreu. Nossa Luta cuidava bem do rapaz que quando este feriu-se, obrigou-o a ir ao camarada socorrista porque Nossa Luta tinha de ir ao combate e tornaria impossível levá-lo ao médico.

Ida que levou dia para chegar e até ser socorrido. No mesmo dia naquele kimbo teria uma festa pelo corte do cordão umbilical de um bebé que tinha nascido e o socorrista sugeriu ao Ngunga, como criança que era, não perderia festas. Gostava de passear, observar os pássaros, a natureza, mas nunca sequer tinha visto uma escola, tinha tido um professor a ensiná-lo a ler.

A festa ao final, Ngunga tinha que ir, mas lembrou-se onde ir se haviam apenas duas pessoas que dele gostavam? Nossa Luta e Imba. Nossa Luta estava distante e Imba era uma criança menor que ela e pouco suportava-lhe pelas imitações que nele fazia.

Decidiu sair e ir à procura de Nossa Luta mesmo o Kimbo em guerra, passava dias e sem comida aparecia velhos em ofertas de abrigos para este servir-lhe nas lavras mas só eram maus tratos que para o rapaz todos adultos eram más pessoas. Só as crianças eram boas. Continuou com a sua viagem de vários dias e os povos admirados com um garoto de treze anos que viajava sozinho, alguns davam-lhe comida e continuava a sua viagem.

Quando lhe perguntavam aonde ia, respondia que ia ver onde o rio nasce. Se insistiam respondia querer ver o mundo até que chegou à Secção de Guerrilheiros onde estava Nossa Luta mas a notícia lhe foi péssima. Tinha morrido no combate. O garoto chorava porque todos eram maus e só ele era bom. Ficou sozinho até que o comandante apresentou-lhe ao professor União que se tornaram grande companheiros mas a guerra trouxe-lhe o Luto que ia-lhe transformar num herói sem nome.

Um adolescente apaixonado por outra de treze anos mas o amor impossível trouxe-lhe revolta porque Uassamba era casada. Foi vendida pelos pais a um velho que possuía lavras e mais três mulheres.

A revolta de mudar o mundo matou Ngunga que o povo estava a conhecer como herói, pois matara o chefe da PIDE com a sua própria arma. Ngunga matou o nome e quis desaparecer, mas este foi-se com outro nome. Que nem as árvores, os pássaros, as estrelas sabiam. Nem o narrador dessa bela história. Mas sei que saberás se ledes essas Aventuras de Ngunga.

Uma linda literatura infanto-juvenil para todas as idades. Uma obra nacional de referência.