No inicio, a distinção entre alta e baixa nobreza não possuía um abismo tão grande; os suseranos eram condes e viscondes, vassalos geralmente estavam concentrados como barões e senhores.

Embora a complexidade hierárquica pudesse ser mais sofisticada, visto que cavaleiros serviam como vassalos a quaisquer destes titulares e que, gradualmente, foram surgindo novas distinções.

A feudalização, no entanto, prosseguiu com as invasões bárbaras, surgindo a figura do rei medieval; quando a diferenciação entre os nobres foi se tornando mais visível e, depois, antagônica em seus interesses, sobretudo em Portugal.

A invasão dos francos, um povo originário da Hungria que descendia dos germânicos, que cultivava virtudes militares, treinando meninos desde tenra idade para montar a cavalo; mudou radicalmente o panorama europeu.

A própria origem do termo franco demonstra a belicosidade da etnia, deriva do alto alemão arcaico frekkr, significa ousado, forte ou corajoso.

No século IV, pressionaram as fronteiras do decadente Império romano, forçando o Imperador Juliano a entregar a Gália.

Foram incorporados ao Império como aliados federados, passando a governar uma região romanizada há séculos, criando um reino governado pelo rei Meroveu, fundador do que ficou conhecido como dinastia merovíngea.

Ele dividiu a Gália entre seus parentes, usando laços de suserania e vassalagem que tornaram a hierarquia da nascente nobreza europeia mais complexa, na prática, forjando as bases do estabelecimento de pequenos reinos feudais, surgidos após sua morte.

Clovis, rei da tribo franca dos sálios, filho de Quilderico, o rei de uma pequena localidade ao longo do rio Sena, desenvolveu uma liderança centralizada em torno de si; conquistou terras melhores ao sul, derrotando os romanos em 486 e os burgúndios no ano 500.

Depois da conversão ao cristianismo e sua submissão ao Papa, transformou-se em campeão do catolicismo romano; unindo um território esfacelado, as tribos francas, através da religião.

Supostamente com a ajuda de Deus, derrotou os alanos em 506 e os visigodos em 507, transformando Paris na capital de seu reino; o avanço das conquistas só foi barrado pelos ostrogodos, quando Teodorico, depois de dominar a Itália, em 493, impediu a anexação da Provença.

Após a morte de Clóvis, o reino foi dividido entre seus quatro filhos, então ainda crianças, sendo criado o título de mordomo; um nobre que atuava como regente, inicialmente indicado pelo rei, depois uma posição hereditária.

Um destes mordomos, Carlos Martel, liderou com sucesso a resistência à expansão árabe sobre regiões da Europa Central, obtendo o reconhecimento do Papa em 732, quando foi nomeado salvador da cristandade.

O filho dele, Pepino, o breve, depôs o último rei merovíngeo, sendo coroado pelo Papa Estevão II, originando a dinastia carolíngia.

Após a sua morte, seu filho, Carlos Magno, unificou e expandiu o reino, lutando contra árabes, eslavos e búlgaros; recuperando uma parte das fronteiras do Império Romano, inclusive conquistando territórios pertencentes ao Império bizantino.

O Papa Leão III corou o rei franco como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, em 25 de Dezembro de 800, em uma tentativa de recriar o Império romano do Ocidente.

Carlos Magno dividiu seus dominós em 300 condados, criando as marcas, unidades de fronteira governadas pelos marqueses; para mobilizar exércitos maiores, criou também o título de duque, que comandava vários condados.

A morte dele, em 814, desintegrou o Império, dividido entre seus três sucessores; originado os territórios que depois se tornariam França e Alemanha; mas o seu reinado evidenciou uma divisão gritante entre alta e baixa nobreza, hierarquizando verticalmente as relações de suserania e vassalagem, antes em grande medida horizontais.

A nobreza europeia foi dividida em grau de status e importância, uma verticalização que permaneceu inalterada na entrada da Idade Moderna e Contemporânea.

Acima e respectivamente, somente inferior ao rei e aos príncipes, passou a existir uma casta mais elevada formada por duques, marqueses, condes e viscondes, compondo a alta nobreza.

Abaixo, a pequena nobreza que agregava barões e senhores, acompanhada de elementos ainda mais insignificantes, como cavaleiros e possuidores de outros títulos nobiliárquicos que se multiplicaram.

Ocorre que, com o tempo, os interesses entre a alta e baixa nobreza foram se diversificando, transformando-se em distintos em diferentes lugares, como foi o caso do território que se tornou Portugal.