Por: Ching Sitole
Sentido antropológico da liberdade em Sartre
Partindo do pressuposto de que Sartre é um existencialista, dai ele afirma que o homem primeiro existe, só depois irá adquirir a sua essência, ou seja, a existência precede a essência. Para Sartre o homem é essencialmente liberdade, pois esta constitui o fundamento de toda existência humana, como o homem é um ser existente ele se encontra condenado a liberdade, pois a renúncia desta, constitui a renúncia de si mesmo enquanto um ser existente.
Para Sartre, o homem é homem pela sua condição de ser livre, o homem é fruto de sua liberdade, pois esta constitui o fundamento de toda a sua acção, sendo assim a liberdade não é somente algo adquirido, mas sim a condição da existência humana. Sartre conceitua a liberdade como uma condição intransponível do homem, o ser-humano está condenado a ser livre e é a partir desta condenação à liberdade que o homem se forma e faz-se, pois Não existe nada que obrigue o ser humano agir desse ou daquele modo. Segundo Real e Antisere (2006: 230) o homem é dotado de uma liberdade absoluta e de responsabilidade total.
É de salientar que o homem apois de tomada de consciência do seu ser usa a sua liberdade para escolher o que projecta ser, e a partir desta escolha são criados os seus valores, A liberdade do homem é o fundamento de toda a sua moralidade. Sendo a liberdade é o fundamento de toda a moral, e sendo a liberdade do homem absoluta, então, a moral não existe senão no próprio homem, assim sendo a ideia de uma moral universal deixa de ser o fundamento de todo agir humano na medida em que o homem escolhe consoante o que projectar ser.
Assim o homem deve ser responsável pelas suas escolhas, pois afirma Sartre(1973), que toda liberdade de escolha é escolha de alguma coisa, fato que implica na responsabilidade na medida em que o homem não pode fugir de sua responsabilidade sobre si e sobre o mundo, dessa forma, não adianta reclamar ou indicar culpados, porque o homem escolhe o que será por meio de suas ações, mesmo que sinta angústia.
É de salientar que Sartre por sua vez define o homem como angustia que surge por ser um ser existente no mundo, pois a partir dai descobre que escolher é angustiante porque se torna responsável por tudo o que faz da sua existência, isso leva o homem a tomada de decisão sobre a sua humanidade inteira, isso demonstra-se como um condicionalismo ao próprio homem, e muitas vezes ele começa a colocar em crise a sua liberdade absoluta e responsabilidade total sobre si.
Referencia
SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução: Vergílio Ferreira. São Paulo: Abril S.A., 1973.
_____. O ser e o nada – ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução: Paulo Perdigão. 6 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
REALE, Giovane; ANTISERI, Dario. Historia da filosofia: De Nietzche a’ escola de Frankfurt. Sao Paulo,Paulus, 2006, 6v.