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“Fato” deriva do latim factum, particípio do verbo facere, que significa fazer. “Fato” designa portanto eventos ou acontecimentos que realmente aconteceram (JOHNSTON, 2004: 278), referindo-se ao seu status ontológico, e não a uma proposição.

Fatos podem ser definidos tanto do ponto de vista ontológico, ou seja, daquilo que existe, como do ponto de vista epistemológico, daquilo que se conhece. A estas dimensões pode acrescentar-se ainda a dimensão comunicativa.

Sociedade

Etimologicamente, o termo sociedade provém do latim “socius”, que por sua vez é derivado de uma raiz indo-europeia que significa “seguir” ou “acompanhar”.

Para LAVILLE, Et All (1999), sociedade é um sistema ou conjunto de relações que são estabelecidas entre os indivíduos e grupos com o fim de construir certo tipo de coletividade, estruturada em campos definidos de atuação nos que se regulam os processos de associação, adaptação, participação, comportamento, burocracia, conflito, autoridade, etc.

Sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade.

Fatos Sociais

DURKIHEM, (1995) afirma que:

Emile Durkheim

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.”.

Fatos Sociais são agentes reais ou o conjunto de maneiras que estão no centro focal de uma saciedade. O mesmo autor diz que factos Socias, são os instrumentos sociais e culturais que determinam na vida de um individuo as maneiras de agir, pensar e sentir.

O termo facto Social é empregado correntemente para designar mais ou menos todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade, por menos que apresentem, com uma certa generalidade, algum interesse social. Mas, dessa maneira, não há, por assim dizer, acontecimentos humanos que não possam ser chamados sociais. Todo indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente. Portanto, se esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio, e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia.

Objectivo dos fatos Sociais

Para Durkheim, o principal objetivo da vida em sociedade é a promoção da harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida por meio do consenso social, a “saúde” do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo há consenso, e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade; estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.

Portanto, normal é aquele fato social que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.

Características de factos sociais

Segundo DURKHEIM, (1995) os fatos sociais são aqueles que atenderiam a três características simultâneas: a coercitividade, a exterioridade e a generalidade.

Coercitividade está relacionada ao poder ou a força que os padrões da cultura de uma determinada sociedade são impostos aos integrantes. Essa característica obriga os indivíduos a cumprir os padrões culturais.

Na coercividade podemos ter o riso e ou afastamento como pena: “Se não me submeto às convenções do mundo, se, ao vestir-me, não levo em conta os costumes observados em meu país e em minha classe, o riso que provoco, o afastamento em relação a mim produzem, embora de maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita.

A coerção pode se manifestar indiretamente, não pela proibição de variações, mas pela resistência oferecida a elas: “Não sou obrigado a falar francês com meus compatriotas, nem a empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outro modo. Se eu quisesse escapar a essa necessidade, minha tentativa fracassaria miseravelmente”.

Exemplo: a educação numa comunidade.

A exterioridade é caracterizada pelos denominados fatos sociais exteriores ao indivíduo e que estão organizados quando ele nasce. O indivíduo ao nascer encontra na sociedade pré-existente normas de conduta, regras e costumes cabendo a ele obedecer. Maior parte de nossas ideias e de nossas tendências não é elaborada por nós, mas nos vem de fora, elas só podem penetrar em nós impondo-se.

Exemplo: na elaboração de um trabalho científico, devemos seguir as normas de publicação da UP.

Generalidade ocorre quando os fatos são coletivos e não individuais. Assim, atingem a toda sociedade.

Para DURKHEIM, (1995), os fenômenos sociais, deferentemente dos fenômenos socio-psíquicos (não propriamente sociológicos, apesar de influenciados pela sociedade).

Fatos sociais (em oposição a “individuais”, como o todo se opõe às partes) são gerais (repetidos por muitos indivíduos) e por serem coletivos (obrigatórios, coagindo os indivíduos), e não o contrário: se ele [o fenômeno] é geral, é porque é coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório), o que é bem diferente de ser coletivo por ser geral. Esse fenômeno é um estado do grupo, que se repete nos indivíduos porque se impõe a eles. Ele está em cada parte porque está no todo, o que é diferente de estar no todo por estar nas partes.

Exemplo: em todas sociedades deve haver respeito.

Regras relativas à observação dos fatos sociais.

Fatos sociais = coisas: “A primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas.

1) A reflexão, é anterior à ciência: “Antes dos primeiros rudimentos da física e da química, os homens já possuíam sobre os fenômenos físico-químicos noções que ultrapassavam a pura percepção, como aquelas, por exemplo, que encontramos mescladas a todas as religiões. É que, de fato, a reflexão é anterior à ciência, que apenas se serve dela com mais método. O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a respeito delas ideias, de acordo com as quais regula sua conduta.

Em vez de observar as coias, de descrevê-las, de compará-las, o homem contenta se então em tomar consciência dessas ideias, em analisá-las, em combiná-las. Em vez de uma ciência de realidades, não faz mais do que uma análise ideológica. Esta que vai das ideias às coisas, não das coisas às ideias. É claro que esse método não poderia dar resultados objetivos.

Com efeito, essas noções, ou conceitos, não importa o nome que se queira dar-lhes, não é os substitutos legítimos das coisas. Produtos da experiência vulgar, eles têm por objeto, antes de tudo, colocar nossas ações em harmonia com o mundo que nos certa; são formados pela prática e para ela. Ora, uma representação pode ser capaz de desempenhar utilmente esse papel mesmo sendo teoricamente falsa. Mas as noções assim formadas só apresentam essa justeza prática de uma maneira aproximada e somente na generalidade dos casos.

2) Prenoções, segundo (DURKHEIM), os homens não esperaram o advento da ciência social para formar ideias sobre o direito, a moral, a família, o Estado, a própria sociedade; pois não podiam privar-se delas para viver. Ora, é sobretudo em sociologia que essas prenoções, estão em situação de dominar os espíritos e de tomar o lugar das coisas. Com efeito, as coisas sociais só se realizam através dos homens; elas são um produto da atividade humana. Portanto, parece não ser outra coisa senão a realização de ideias.

3) Na ignorância, termos ou conceitos banais, (sem nenhuma aprovação cientifica) devem ser imediatamente abandonadas no que diz respeito ao seu uso de modo a evitar distúrbios do seu uso. Acrescenta ainda que, em toda ordem de pesquisas, com efeito, é somente quando a explicação dos fatos está suficientemente avançada que é possível estabelecer que eles têm um objetivo e qual é esse objetivo.

4) Para (DURKHEIM 1995), Cientificamente: é preciso portanto considerar os fenômenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. Se essa exterioridade for apenas aparente, a ilusão se dissipará à medida que a ciência avançar e veremos, por assim dizer, o de fora entrar no de dentro. Mas a solução não pode ser preconcebida e, mesmo que eles não tivessem afinal todos os caracteres intrínsecos da coisa, deve-se primeiro tratá-los como se os tivessem. Essa regra aplica-se portanto à realidade social inteira, sem que haja motivos para qualquer exceção.

Contribuições de Durkheim

Durkheim deu grande contribuições para a sociologia, pois transformou a sociologia em Ciência, porém, antes o sociólogo não tinha um objeto de estudo, mas através da analise do objeto que é para ele o Fato Social, que se manifesta com três características na sociedade, a primeira é que é Geral, algo que acontece em toda a sociedade, Coercivo, pois as pessoas para viverem em sociedade precisam de regras, e aqueles que não cumprem vão ser punidos, e Externo, pois independente de viver ou não a sociedade vai continuar a existir.

Durkheim foi o primeiro teórico a estabelecer o objeto e o método especificamente sociológicos, já que antes dele Comte atribuía à Sociologia o estudo de toda a vida social, de forma indistinta, daquilo que ele chamava de Fisiologia Social.

Com “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim delimitou pela 1ª vez, cientificamente, o objeto e o método a ser usado pela Sociologia.

Para ele, o “fato social”, centra se como objecto do estudo da Sociologia que é exterior ao homem, tem poder de coerção e é generalizante, ou seja, se impõe ao todo social. O método estabelecido por Durkheim é comparativo, condizente ao objeto, que deve ser estudado exteriormente. O fenômeno social deve ser visto assim como “coisa”, devendo ser analisadas as regularidades com que tais fenômenos se sucedem na vida social.

Durkheim utiliza seu método em “O Suicídio”, estudo exemplar, no qual determinou as causas sociais que levam os indivíduos a dar fim a própria vida. Esta é uma das principais obras deste autor, porque por meio dela demonstrou que um fato aparentemente individual (o suicídio), tem raízes sociais profundas, sendo determinado socialmente. Durkheim concluiu que o suicídio é um fato social.