Conceitos de praga
Organismos-praga: São organismos que reduzem a produção das culturas ao atacá-las, serem transmissores de doenças (principalmente viroses) e reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas.
Convencional:Um organismo é considerado praga, quando é constatada sua presença na cultura.
No manejo integrado de pragas (MIP): Um organismo só é considerado praga quando causa danos econômicos.
Pragas ocasionais ou secundárias: São aqueles que raramente atingem o nível de controle.
Exemplo:Ácaros na cultura do café.
Pragas
Segundo Cuambe (2010), existe várias pragas importantes que atacam as culturas em África. No entanto, em Moçambique as pragas mais destacáveis são: ácaros
(Mononychellus tanajoa), cochonilha da mandioca (Phenacocus manihoti), moscas brancas
(Aleurodicus dispersas, Bemisi tabaci, B. afer), escama mandioca (Aonidomytilus albus),
gafanhotos elegante (Zonecerus elegans.), térmites (Coptotermes spp.).
Identificação das principais grupos de pragas agrícolas
Grupo | Características |
Lesmas e Caracóis | Possuem corpo mole e produzem muscilagem (gosma) |
Ácaros | Possuem corpo em uma única parte e com quatro pares de pernas |
Insetos | Possuem corpo dividido em três partes e possuem três pares de pernas |
Lesmas e Caracóis
Os caracóis ou caramujos possuem concha enquanto as lesmas não possuem. Estas pragas atacam plantas principalmente em ambientes úmidos e ricos em palhada como ocorre em cultivos de plantio direto. Eles provacam desfolha e causam mortalidade das plantas reduzindo a população de plantas principalmente em culturas em fase inicial.
Ácaros
Eles são de tamanho pequeno (para vizualizá-los é necessário o uso de lupa com aumento de pelo menos 10 vezes), quatro pares de pernas e sugam o conteúdo das células das plantas. As folhas atacadas por ácaros ficam retorcidas (encarquilhadas), com coloração alterada e com pontuações esbranquiçadas. Os principais grupos de ácaros-pragas de plantas são: os ácaros vermelhos, os ácaros brancos e os microácaros.
Insetos
As principais características dos insetos são: corpo dividido em três partes, pernas e antenas articuladas, exoesqueleto, simetria bilateral, circulação sangüínea (hemolinfa) livre, sistema respiratório formado por tubos que atingem a parte externa do corpo por orifícios, um par de antenas, três pares de pernas, desenvolvimento por metamorfose e asas geralmente presentes nos adultos.
Grande parte das espécies dentro desta sub-família possui uma biologia similar, sendo a principal característica usada para distinção das espécies dentro da subfamília, a diferenciação na coloração do corpo do adulto (Borror, 1992). As Aphthona (besouros da folha) são brilhantes ou de aspecto polido com aproximadamente 0,10polegadas. Tanto o adulto da Aphthona dilutipes e da Aphthona sp. n. hargreavesi tem uma cor amarela, sendo a A. dilutipes mais acastanhada. A terceiraespécie de Aphthona colectada, classificada como Aphthona sp. n. dilutipes.
Danos
Os adultos são geralmente olífagos, alimenta-se da parte foliar da planta, e causam pequenos furos parecendo que estas foram atingidas por pequenas balas (Borror, 1992). Este dano provoca uma redução na área fotossintética da planta podendo causar a sua morte em casos de ataque severo. As larvas alimentam-se da parte radicular da mesma planta, reduzindo a capacidade de absorção de nutrientes do solo por parte da planta reduzindo o vigor da planta e em certos causando casos baixos rendimentos.
Biologia
Algumas espécies depositam os ovos individualmenteoutros depositam-nos em grupos, no solo, nas folhas, pecíolos das folhas ou em buracosnos pedúnculos. Os ovos eclodem em 10 dias. O desenvolvimento da larva e a pupa dáseno Verão. A larva é pequena e mede aproximadamente 3mm, é esbranquiçada e é cilíndrica, com patas minúsculas e uma cabeça de coloração castanha.A pupa é similar em tamanho ao adulto e são de coloração branca com excepção dos olhos pretos.As espécies do género Aphthona têm uma única geração por ano e alimentam-se exclusivamente de plantas da família Euphorbiaceae. As larvas do terceiro instar passam o Inverno dentro do solo alimentando-se da raiz planta hospedeira até a temperatura do solo aumentar. A partir dos 14ºC são criadas as condições para a praga emergir. Dependendo da sua localização, os adultos emergem a partir de Junho a Agosto e podem estar presentes durante semanas ou até mesmo longos meses.
Classificação sistemática
Esta lagarta pertence à família Gracillariidae e tem a seguinte classificação sistemática:
Classe: Insecta;
Ordem: Lepidoptera
Família: Gracillariidae
Género: Stomphastis
Espécie: Stomphastis thraustica (Meyrick)
A lagarta apresenta cor verde clara e mede aproximadamente 10 a 15 mm decomprimento e possui patas minúsculas. A lagarta pupa na folha, deixando uma pequena película branca e manchas castanhas escuras a claras. Aslepidopteras da familia Gracillariidae são pequenas mariposas com as asas pequenas quevariam entre 4 a 16 mm de coloração acastanhada cujas larvas são lagartasna maior parte das espécies larvas mineiras. A lagarta faz orifícios e
minas no interior das folhas e encrisalida-se em casulos de seda presos àsuperfície da folha
Classificação sistemática
Estes gafanhotos são vulgarmente denominados de monkey grasshoppe (Borror
1992), e têm as seguintes classificações:Lophothericles sp.
Classe: Insecta;
Ordem: Orthoptera;
Subordem: Caelifera;
Família: Eumastacidae
SubfamíliaThericleinae;
Género: Lophothericles;
Espécie: Lophothericles sp.
Estes gafanhotos são extremamente ágeis e não possuem asas. A sua denominaçãovulgar provém da agilidade de se movimentarem por entre árvores e arbustos. O adultomede 8 a 25 mm e é geralmente de cor castanha. A face é oblíqua, e possui antenascurtas. Este grupo é tipicamente tropical (Borror 1992). Os ovos são depositados emgrupos ou em casulos no solo, geralmente a 50 a 100 mm de profundidade. Algumasespécies podem também depositar os seus ovos em madeira podre ou pecíolo das plantas. Durante o seu desenvolvimento os ovos absorvem a água do solo. O númerodos instares varia de quatro a oito variando de espécie para espécie (Booth, 1990). Oadulto alimenta-se da parte foliar recortando as folhas pelas margens, deixando estaapenas com as suas nervuras.
As Infestantes
As infestantes surgem em todos os olivais, de qualquer região.A informação disponível mostra que são um problema sanitário crónico, que deve ser gerido anualmente. Os efeitos indesejáveis, designadamente a competição por nutrientes e água (sobretudo em olivaisde sequeiro) exigem o seu combate.
Classificacão das infestantes
A biologia e ecologia das infestantes revestem-se de particular importância na definição das estratégias de protecção. A simples classificação das infestantes em função da duração do ciclo biológico fornece informação de extraordinária utilidade na aplicação destas estratégias. Assim, em função da duração do seu ciclo biológico, as infestantes
podem classificar-se em:
- Espécies anuais- completam o ciclo (emergência- maturação das sementes) durante uma estação de crescimento. Podem ser anuais deVerão, se germinam durante o período Primavera/Verão e terminam o ciclo no Outono. Caracterizam-se, genericamente, por apresentarem elevadas exigências térmicas e resistirem ao stresse hídrico. Podem ser
anuais de Inverno, se germinam no Outono e produzem semente no período Primavera/Verão. Em climas temperados mediterrânicos as espécies anuais de Inverno vegetam em dois anos civis distintos. Contudo, o seu ciclo biológico é tipicamente anual. As espécies de ciclo anual reproduzem-se exclusivamente por semente.
- Espécies bianuais – vivem mais de um ano e normalmente menos de dois. Não confundir com ciclo anual de Inverno. No primeiro ano (fase de desenvolvimento vegetativo) acumulam reservas, frequentemente em raízes tuberosas. No segundo ciclo de desenvolvimento formam a inflorescência e produzem sementes.
Espécies perenes- vegetam durante vários anos. Reproduzem-se apenas por sementes e/ou meristemas da coroa e segmentos de raízes (perenes simples) ou por semente e através de órgão vegetativos, como rizomas, estolhos, tubérculos, bolbos, bolbilhos (que podem ser aéreos), raízes que regeneram a parte aérea.
Estratégias de protecção contra infestantes
O combate das infestantes foi desdee sempre uma das preocupaçõesbásicas dos agricultores. As infestantes são inimigos visíveis, cujos efeitospodem ser pouco espectaculares mas cuja presença é óbvia. Assume-se que causam prejuízos e que têm de ser combatidas. Em olivais de
sequeiro a maior preocupação é a competição que exercem pelo principalfactor limitante, a água, e a sua interacção com a aplicação de fertilizantes,pelo estímulo destes no desenvolvimento de biomassa herbáceae no aumento da perda de água por transpiração.
O seu impacte total é de difícil avaliação, pela dificuldade em separaros efeitos da variabilidade da eficácia dos métodos de combate,stresse ambiental, acção sobre pragas e doenças, introdução de azoto ecarbono no solo, protecção contra a erosão, dinâmica da vegetação.
Segundo Zimdahl ( 1993) as estratégias de protecção contra infestantesdevem contemplar: medidas preventivasque visem impedir asprimeiras contaminações a partir do exterior ou de pequenos focos localizados;erradicação, ou eliminação definitiva de uma espécie particularmenteagressiva (p. ex. silvas), através de métodos culturais ou químicos;combate,como técnicas que visam limitar a infestação e minimizar a competição; e gestão,significando a integração de métodos, e incluindo,quando possível, a estimativa de risco e a noção de nível económico deataque.