Conceitos

Cultura é um conjunto complexo que incui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, custumes e várias outras aptidões e hábitos adiquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

No sentido âmplo, a cultura é todo o conjunto de obras humanas.

A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de organizações de ideias, reacções emocionais condicionadas e padrões de comportamento habitual que seus membros adquirem pela instrução ou pela imitação de que todos, em maior ou menor grau participam.

Tylor, citado por Melo.G(1971:41), afirma que a cultura é adquirida, não é transmitida biologicamente, o homem adquire a cultura como membro de uma sociedade; existem tantas culturas como são as sociedades, e todas essas culturas são igualmente dignas, a cultura é um conjunto complexo, isto é, composta por entidades que se podem decompor nos seus variados elementos ou traços(símbolo, ritos, normas, instituições, necessidade de estudo comparativo)

Se afirma ao mesmo tempo que as culturas não são frutos puros, mas estão sujeitas a processos constantes de contaminação. As culturas se concebem como processos comunicativos entre as pessoas, pelo que, não são algo definido para sempre, mas estão em transformação permanente, algo que emana da interacção criativa entre as pessoas e entre as sociedades.

 MELO,G.aput Levi-Strauss(1971), diz que a cultura é todo o conjunto etnográfico que, de ponto de vista da investigação, apresenta com relação a outros , afastamentos significativos.

Principais asserções do termo cultural

Cultura objetiva e cultura subjetiva

Diz se subjectiva a cultura quando nos referimos ao conjunto de valores, conhecimentos, crença, aptidões, qualidades, numa palavra de experiências presentes em cada individuo.

Cultura objectiva refere-se a todo o conjunto de hábitos, aptidões, comportamentos, artefatos.

O comportamento humano vai ser resultado da relação entre cultura subjectiva(aquela porção interiorizada pelos individuos) e a cultura objectiva que cria as situações particulares.

Cultura material e cultura não material

Dá-se o nome de cultura material à soma de artefatos(bens manifacturados e invenções de toda a sorte) que resultam da utilização de uma tecnologia, isto é, habilidade de manipular e de construir. Cultura não material(acções, hábitos, aptidões, significados, crenças, conhecimentos.

Cultura real e cultura ideal

A cultura real é aquela que concretamente fazem as pessoas na sua vida cotodiana e social. Cultura ideal é mais o conjunto de comportamentos que as pessoas dizem e acreditam que deveriam ter.

Advertência: uso popular do termo cultura

As acepções consideradas são de uso corrente no estudo antropológico. O público fala com frequência nos seguintes termos fulano tem uma cultura fabulosa, sicrano é mais culto que betrano e assim por diante. O sentido de cultura, nesse caso, é simplesmente o de que uma pessoa culta é aquela que é bem instruida e educada com boas maneiras. É neste sentido que podemos dizer que alguém tem uma cultura superior ou uma boa cultura.

Teorias da Cultura

As teorias idealistas da cultura dividem-se em três abordagens

Cultura como sistema cognitivo, esta defende que a cultura é um sistema de conhecimentos e consiste em tudo aquilo que o sujeito têm de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro da sociedade.

Cultura como Sistemas Estruturais, é a criação da mente humana, o seu trabalho têm sido de descobrir na estruturação dos domínios culturais﴾mitos, arte, parentêsco e linguagem) os princípios da mente que geram essas elaborações culturais.

Cultura como Sistemas Simbólicos, o sistema de símbolos e significados partilhados pelos membros dessa sociedade com essa cultura que compreende regras sobre relações e modos de comportamento.

Principais características da cultura

  • A cultura é simbólica;
  • A cultura é social;
  • A cultura é dinâmica e estável;
  • A cultura é selectiva;
  • A cultura é universal e regional; e
  • A cultura é determinante e determinada.

a) A Cultura é simbólica.

Segundo Beals e Hoijer, um simbolo pode ser definido como fenómino físico(tal como por exemplo, um objecto, artefacto ou sequência de sons) que tem um significado conferido por aquele que o utiliza. Todo o simbolo é cultural porque supõe uma ordenação inteligente de todo o mundo visivel(incluindo também o comportamento humano e animal).

 Cultura simbólica é um conjunto de significados, transmitidos necessariamente através de simbolos e sinais. A característica básica da cultura é seu carácter simbólico. É essa propriedade da cultura que permite que ela seja transmitida e seja social.

b) A cultura é social

Apartir do Século XVII, o termo cultura começou a usar-se no sentido colectivo, algo que não tem a ver apenas com o individuo, mas com a população e nações. O seu carácter simbólico permite que ela com todos os seus elementos mais profundos seja comunicada entre os membros da sociedade. Os hábitos, costumes, padronização de comportamentos, processo de transmissão e de mudança são processos sociais.

A cultura é social quanto aos agentes dos processos de transmissão e aprendizagem. Quem transmite, age em nome da sociedade, e quem recebe, faz como indivíduo e como um membro de um grupo com status próprio da sociedade. Os processos de trasmissão são sociais, tanto nas sociedades de pequena como nas de grande escala: instituição de iniciação, escolas, universidades e outras instituições de educação e formação

c) A cultura é dinâmica

Afirmamos que ela é dinâmica e, no entanto, não é errado dizer-se que ela é também de certo modo estável. Estável enquanto lhe destacamos a tradição e a institucionalização de padrões de comportamento. Doutro lado, não podemos olvidar seu carácter eminentemente dinâmico e mutável.

A cultura é sobretudo dinâmica, no sentido da sua permanente vitalidade, que se materializa em processos de mudança e transformação. Por lei de vida, a cultura muda como um ser vivo que cresce e se vai transformando constantemente. A cultura é dinâmica graças a mais outras causas. Existem forças oxógenas à  cultura que a fazem mudar e transformar. A cultura se desenvolve como um movimento em aspiral, que, em cada giro, vai encontrando elementos novos que pode encorporar na sua constituição.

A cultura também é dinâmica através da acção directa dos próprios membros da sociedade que provocam mudanças conscientes, a cultura experimenta a mudança desejada e consciente, perante certas situações.

d) A cultura é seletiva

Isto quer dizer que é  contínuo, processo que implica sempre reformulações.

Esse processo de reformulação se acentua na sucessão das grações. É facil perceber que nesse processo de transmissão de padrões de comportamento alguns valores são relegados ao esquecimento e outros novos são integrados. Nesse processo parece existir uma selecção de padrões, a tal selecção não é necessariamente consciente e desejada, a maioria dos valores é consagrada de forma incosciente

e) A cultura é universal e regional

A cultura é um dado universal, pois não há homem sem cultura nem cultura sem sociedade.

Se a cultura é tudo o que o homem acrescenta à natureza, o facto é que os homens não acrescentam coisas a natureza da mesma maneira: cada grupo, cada povo, cada sociedade merece um conjunto de causas várias entre as quais as históricas e ambientais são essenciais, possuem as suas obras e a sua forma peculiar de acrescentar de transformar ou de transmitir cultura.

Nunca foi constatado a existência de seres humanos desprovidos de cultura. Um animal pode sobreviver e bem viver sem conhecer outros companheiros.

Segundo Herskorits, um gato pode ser criado sem jamais ter contacto com outros gatos e certamente terá um desenvolvimento normal, quando grande pegará ratos, terá agilidade peculiares, miará e fará tudo o que os outros gatos fazem.

Para o homem tudo é diferente. A cultura penetra todo o ser humano, e dai, concluimos que a cultura como fenómino é universal e regional.

Universais da Cultura

 São alguns traços considerados comuns para a cultura universal

A familia,

Divisão sexual do trabalho

Matrimónio

Linguagem

Viver em família e partilhar alimentos

Exogamia e o Tabú

Unicidade psíquica dos homens

f) A cultura é determinante e determinada

É atraente que a cultura faz o homem e este faz a cultura.

Quando se tratou do carácter social da cultura propós se a tese de que a cultura se impõe aos indivíduos e estes pouco podem fazer no sentido de fugir aos padrões culturais.

Consideramos em primeiro lugar o ajusto de que a cultura determina o comportamento humano, é responsável pela padronização comportamental do homem. É precisamente este carácter determinante da cultura que permite a existência do comportamento. É a cultura ou o seu conhecimento que permite aos membros de uma sociedade ter expectativas mais ou menos seguras com a relação ao comportamento dos demais membros. O comportamento humano é, num grau maior ou menor normado ou padronizado.

Culturas

Culturas são construções históricas em processo e heranças sociais que desafiam cada geração a descinir entre a necessidade de assumir o passado e a necessidade de transformá-lo.

As culturas são aprendidas e não estão no sangue, é por isso que podemos aprender mais outras;

Elas são as moletas que os grupos sociais inventaram para viver e compensar a sua precaridade biológica.

O dinamismo cultural e seus fatores.

Consideremos a cultura não tanto como algo acabado e difinitivo mas sim como algo em continuo aperfeiçoamento com duas componentes estruturais a componente de estabilidade e a mudança, duas componentes de uma realidade. Ela cresce, se densevolve, se transforma, mas sem deixar de ser ela mesma, mantendo a identidade nuclear.

Processo de encultaração ou endocultração

Segundo o antropólogo italiano B.Bernardi, enculturação é o processo educativo pelo qual os membros de uma cultura se tornam conscientes é com-participantes da própria cultura, ou seja , os aspectos de esperiências de aprendizagem que distingue o homem das outras criaturas e por meio dos quais, inicialmente e, mas tarde na vida consegue ser competente em sua cultura

O Antropólogo Italiano V.L. Grottanelli, define enculturação como um processo através do qual todo o individuo adquire do seu grupo social todo o necessário para a sua plena iserção na sociedade a quem pertence.

É um processo complexo de condicionamento consciente ou inconsciente que se efectua, como afirma M.Herskovits, dentro dos limites sancionados por determinados aspectos de costumes.

Pelo processo de enculturação se consegue:

  • Toda a adaptação a vida social;
  • Toda as satisfações derivadas da expressão individual;
  • Aprende as suas formas de comportamento e modos de vida do seu grupo;
  • A formação da estabelidade cultural e planejamento dos padrões de vida;
  • É inegável a sua importância para formação da personalidade do individuo;
  • A margem da aceitação ou repulsa consciente aumenta constantemente a medida que o individuo se desenvolve;
  • O processo começa com o nascimento do individuo, acompanha-o ao longo das várias fases da vida e extende-se até a morte.
  • O processo de inculturação obedece três fases: infância, adolescência e idade adulta.

Infância: ao nascer dependemos totalmente de factores biológicos numa percentagem que podemos considerar de 100%, enquanto é minima a influência dos factores culturais 0,05%.

Adolescência: na juventude diminue fortemente a influência dos factores biológicos, enquanto vai aumentando a influência da cultura, cada vez com maiores doses de consciência, vontade e liberdade.

Idade adulta: é a fase de maior estabelidade pois foram assimilados a maior parte dos padrões de comportamento e dos valores que compõe a cultura. O processo continua até a morte mais nunca podemos dizer que assimilou o 100% da cultura, pois ninguém pode dominar completamente todos os aspectos da sua cultura.

Passos do processo de inculturação

Assimilação – assimilação de comportamentos padronizados que a criança observa a sua volta.

Comformação – a tendência é absorver o máximo de cultura e conformar o comportamento com ela.

Aprendizagem dos simbolos – aprender todo o despositivo simbólico que lhe permitirá comunicar-se com outros membros da sociedade e tornar se apta para o processo intelectual sensitivo e volitivo.

Aquisição de hábitos: a criança adquirirá hábitos e costumes, controlará seus movimentos biológicos e sofrerá uma mudança progressiva que transformará seu comportamento.

Interpenetração: no homem, todos os fenómenos inorgânicos, biológicos e psicológicos estão marcados pelo selo da cultura, da-se uma interpenetração de todos eles.

Duração: o processo de enculturação estende-se por toda a vida do indivíduo.

A endoculturação  é importante para tornar o individuo membro ajustado a sociedade.

Processo de aculturação

No processo de aculturação o contacto entre as culturas é indispensável, mesmo que este contaco ocorra através de um só individuo, quer como receptor quer como transmissor.  A introdução de qualquer elemento cultural alienígena é também um processo activo do receptor.

Segundo o italiano Ítalo Signorelli, aculturação é um processo que conduz a assumir, em tudo ou em parte, o modo de cultura de um outro grupo.

Aculturação é um processo através do qual uma cultura é transformada devido a substituição de seus padrões culturais tradicionais pelos de outra cultura que difundem no âmbito daquela, em larga escala seus aspectos culturais caracteristicos.

Segundo o brasileiro Marcos de Lima, aculturação é o fenómeno de aproximação e contacto entre duas culturas, acontecendo influências e transformações mútuas.

Razões da aculturação:

  • Simbiose cultural;
  • Osmose cultural;
  • Fusão cultural

Invenção e descoberta.

As invenções e as descobertas também constituem factores que provocam a mudança cultural.

As invenções não consistem apenas em engenhos mecânicos, pois pode-se falar legitimamente da invenção de uma ideia. Na verdade, a máquina em si é parte do mundo físico, assim como o aço ou a madeira: a essência da invenção esta na ideia nova.

Em suma, toda a cultura e todos os seus valores um dia foram inventados ou descobertos pelo homem.

Desculturação

É o fenómeno na qual uma determinada cultura perde na totalidade os seus traços culturais, pela influência de uma outra cultura.

Etnocentrismo é atitude dos grupos humanos super valorizar seus próprios valores, sua própria cultura.

Este manifesta-se de várias formas. Podemo-lo sentir quando as pessoas redicularizam custumes e hábitos de povos alienigenas.

De salientar que o etnocentrismo denota um certo orgulho pela superioridade e credibilidade da própria cultura.

Aqui, as pessoas não se apercebem que seu juízo ou julgamento é preconceituoso em função mesmo da unilateralidade da sua atitude.

 

Bibliografia

FILHO, J., LIMA, A., MARTINEZ, B. Introdução a Antropologia cultural, 3ed, editorial presença.

MELO, G. Antropologia cultural, 12ed, editora vozes, 1971. pp 40 -114.

LERMA FRANCISCO MARTINEZ IMC, Antropologia Cultural, guia para o estudo.