Uma tradição que remonta aos filósofos judaicos da Alexandria (século I a. C.) afirma que a filosofia grega derivou do Oriente. Os principais filósofos da Grécia teriam extraído da doutrina hebraica , egípcia, babilónica e indiana não somente as descobertas científicas mas também as concepções mais pessoais. Está opinião fivulgou-se progressivamente nos séculos seguintes: culminou na opinião do neopitagórico Numénio, que chegou a chamar a Platão um "Moisés ateicizante" ; e passou dele aos escritos cristãos.

Contudo, não há qualquer fundamento nos testemunhos mais antigos. Fala-se, é verdade, de viagens de vários filósofos ao Oriente, especialmente ao Egipto. Pelo Egipto teria viajado Pitágoras, Demócrito; pelo Egipto segundo testemunhos mais verosímeis Platão. Mas o próprio Platão contrapõe o espírito científico dos Gregos ao amor da utilidade, característico dos Egípcios e Fenícios; e assim exclui da mesma maneira clara a possibilidade de que se tenha podido  e se possa trazer inspiração, para a filosofia, das concepções daqueles povos. Por outro lado, as indicações cronológicas que se têm sobre as doutrinas filosóficas e religiosas do Oriente são tão vagas, que estabelecer  prioridade cronológica de tais doutrinas sobre as correspondentes doutrinas gregas deve ter-se por impossível. 

Mais verosímil se apresenta, à primeira vista, a derivação da "ciência" grega do Oriente. Segundo Heródoto , a geometria teria nascido no Egipto da necessidade de medir a terra e distribuí-la pelos seus proprietários, depois das periódicas inundações do Nilo. Segundo outras tradições, a astronomia teria nascido com os babilónicos  e aritmética no próprio Egipto. Mas os babilónicos cultivaram a astronomia com vista às suas crenças astrológicas, e a geometria e a aritmética conservavam entre os egípcios um carácter prático, perfeitamente distinto do carácter especulativo e científico que estás disciplinas revustiram entre os gregos. 

A sabedoria oriental é essencialmente religiosa: é ela o património de uma casta sacerdotal cuja única preocupação consiste em defendê-la e transmiti-la na sua pureza. O único fundamento da sabedoria oriental é a tradição. 

 A filosofia grega, ao invés, é pesquisa. Está nasce de um acto fundamental de liberdade frente à tradição , ao costume e a toda a crença  aceite como tal. O seu fundamento é que o homem não possui a "sabedoria"   mas deve procurá-la : não é "Sofia" mas "filosofia" , amor a sabedoria.