Sacro Império Romano-Germânico, foi um complexo de territórios multi-étnico localizado na Europa Central que se desenvolveu durante a Alta Idade Média e continuou até sua dissolução em 1806. O maior território do império depois de 962 foi o Reino da Alemanha, embora também incluísse o Reino da Boémia, o Reino da Borgonha, o Reino Itálico e muitos outros territórios.

Em 25 de Dezembro de 800, o Papa Leão III coroou o rei franco Carlos Magno como imperador, revivendo o título na Europa Ocidental, mais de três séculos após a queda do Império Romano do Ocidente. O título continuou na dinastia carolíngia até 888 e de 896 a 899, após ser contestado pelos governantes da Itália em uma série de guerras civis até a morte do último requerente italiano, Berengário, em 924.

Origem

De um ponto de vista jurídico o Império Romano, fundado por Augusto em 27 a.C. e dividido formalmente em duas “partes” após a morte do imperador Teodósio, em 395, havia sobrevivido somente na parte oriental que, com a deposição do último imperador ocidental Rómulo Augusto, em 476, tinha obtido também as insígnias da parte ocidental reunindo de um ponto de vista formal o Império Romano.

A coroação de Carlos Magno pelo papa Leão III em 800 foi ato privado de perfil jurídico legítimo: somente o imperador romano do Oriente (chamado “bizantino” mais tarde pelos iluministas no século XVIII) seria digno de coroar um par seu na parte ocidental, razão pela qual Constantinopla viu-se sempre com superioridade e suspeita daquele ato.

Seguindo a tradição franca, Carlos Magno tinha a intenção de dividir seu território quando morresse entre seus filhos. Assim que ele morreu, apenas um filho tinha sobrevivido, Luís I, o Piedoso. Luís concordou em herdar todos os domínios de seu pai e o título de imperador. A resolução de Luís de quebrar com a tradição e passar todas suas terras para apenas um filho levou para uma série de guerras civis que terminaram com a repartição de 843.

É importante distinguir o Franquia Oriental criado pela repartição dos territórios de Carlos Magno em 843 do império. O título imperial foi primeiramente concedido a Lotário I filho mais novo de Luís I, o Piedoso e depois passado a diversos ramos da dinastia carolíngia, frequentemente tendo sido sustentado por não mais que alguns monarcas do norte da península Itálica.

A sociedade feudal

Quando os germanos invadiram o Império Romano do Ocidente, distribuíram as terras entre seus guerreiros. Estes actuavam como donos absolutos de seus territórios.

Após a morte de Carlos Magno os reis se mostraram incapazes de defender seus súbditos. Os senhores das terras organizaram a defesa de suas propriedades por conta própria, ou seja, com exércitos particulares que eles mantinham e organizavam.

A Europa conheceu um novo estilo de vida. As cidades foram abandonadas ou achavam-se decaídas: o único bem que interessava era a terra. A insegurança generalizada levava seus donos a protegê-las dos invasores. Para tanto, procuravam a protecção dos senhores de terras mais fortes e poderosos. Os habitantes mais pobres pediam protecção ao dono do castelo mais próximo.

Este, por sua vez, com medo de ser atacado por um inimigo mais forte, estabelecia vínculos com outros senhores, condes ou marqueses que reconheciam a superioridade de algum príncipe ou grão-duque. No alto dessa pirâmide, pelo menos em teoria, estava o rei. Na prática, o rei só exercia autoridade sobre seus domínios particulares.

Aos poucos, perdeu-se a noção de Estado. A autoridade era exercida pelos donos das propriedades (Senhores Feudais).

A sociedade feudal era dividida em duas classes: os senhores feudais e os vassalos, geralmente camponeses ou artesãos.

Os senhores constituíam a classe privilegiada. Eram os terratenentes, os donos de campos e castelos. Sua única limitação era serem vassalos de algum outro senhor. Por causa disso, havia uma divisão dentro de sua própria casta. A alta nobreza era formada por duques, marqueses e viscondes. A pequena nobreza era formada por simples senhores de terras, cavaleiros e barões.

Os senhores feudais tinham uma educação militar, pois viviam para a guerra e para os lucros que esta trouxesse. A carreira de cavaleiro iniciava-se cedo: o aspirante começava como pajem ou criado de algum cavaleiro. Aos 14 anos tornava-se escudeiro. Aos 20, era sagrado cavaleiro. Quando não estavam em guerra, os cavaleiros passavam o tempo disputando torneios, uma espécie de combates simulados.

Os camponeses: a servidão

A servidão era a outra face do feudalismo. Os servos da gleba eram quase escrav. Eles e suas famílias estavam presos à terra e só adquiriam a liberdade. Mediante um pagamento, o que era muito difícil. Sofriam a injustiça e a miséria.

A grande massa da população rural mantinha os privilégios dos senhores com seu trabalho no campo. As revoltas contra os senhores eram frequentes e terminavam após lutas sangrentas.

Além dos camponeses, presos à terra por laços de vassalagem, havia também os vilões que moravam nas vilas e aldeias. Estes trabalhavam para um senhor, mas conservavam a liberdade pessoal.

A reforma dos mosteiros

O movimento renovador iniciado por estes papas se refletiu também na vida dos mosteiros. O movimento partiu de Cluny e se alastrou por toda a Europa.

O mosteiro de Cister pregava uma volta aos ensinamentos de são Bento, fundador da Ordem Beneditina, com mais disciplina e severidade.

A reforma da Igreja

A Igreja teve seus poderes comprometidos por causa da constante intervenção dos senhores feudais e do imperador. Era necessário tornar a Igreja independente e restaurar a disciplina interna, pois senhores e príncipes intervinham na distribuição de cargos eclesiásticos.

A reforma da Igreja começou com o papa Nicolau II. Ele regulamentou a eleição dos papas pelos cardeais. Ao retirar esse privilégio do imperador, a Igreja desafiou o poder imperial.

Igreja e Império

Eleito pelo novo sistema, o papa Gregório VII pretendia restaurar a autoridade do papa sobre os reis e príncipes cristãos. Para tanto, convocou um concílio para proibir a intervenção de civis nos assuntos internos da Igreja, sob pena de excomunhão. Os clérigos que aceitassem cargos oferecidos por civis ou casassem também estavam sujeitos a essa punição.

Para verificar o cumprimento dessas normas, Gregório VII criou um corpo de fiscais, os Enviados Pontifícios. Nesse momento, Império e Igreja entram em conflito frontal.

O imperador Henrique IV desobedeceu ao Papa e continuou distribuindo cargos eclesiásticos. Gregório VII reagiu: pela primeira vez na História, o Papa excomungava um imperador, retirando-lhe o título que havia recebido de suas próprias mãos. A solução dos conflitos entre Igreja e Império só viria com a Concordata de Worms. Segundo esse acordo, o Papa e o imperador reconheciam a independência mútua de cada um.

As Cruzadas:

Papa Urbano II organizou a primeira expedição à Terra Santa. Em pouco tempo, reuniu um exército de 500 mil guerreiros de todos os países da Europa.

As Cruzadas:

Primeira Cruzada (1095-1099) O papa convocou os fiéis para a guerra santa contra o Islão no Concílio de Clermont. Partindo em 1096, os cavaleiros sitiaram Nicéia, tomaram Doriléia, Antioquia e Jerusalém. O Oriente Médio passou a abrigar Estados cristãos, organizados à maneira feudal, como o Principado de Antioquia, o condado de Edessa e o reino de Jerusalém.

Segunda Cruzada (1147-1149) Com a reconquista de Edessa pelos árabes, essa Cruzada foi pregada pelo próprio São Bernardo. No entanto, fracassou por desavença entre seus chefes: Conrado 3º da Alemanha e Luís 7º da França.

Terceira Cruzada ou Cruzada dos Reis (1189-1192) Foi organizada após a retomada de Jerusalém pelo sultão Saladino, sob a liderança de Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, Frederico Barba-Ruiva, do Sacro Império, e Filipe Augusto, da França. Após diversos combates, Ricardo assinou um tratado de paz com Saladino, que autorizou os cristãos a peregrinar a Jerusalém.

Quarta Cruzada (1202-1204) Cruzada marítima contra o Egipto, organizada por Henrique 6º da Alemanha, foi financiada pelos venezianos com interesses comerciais. Foi uma cruzada sangrenta, a ponto de os venezianos serem excomungados pelo papa Inocêncio 3º. Mesmo assim, eles saquearam Constantinopla e voltaram à Itália satisfeitos.

Quinta Cruzada (1217-1221) Formada após a Cruzada das Crianças, que terminou com seus integrantes vendidos como escravos em Alexandria, a quinta Cruzada fez várias ofensivas contra o Egipto e retornou a Europa sem sucesso.

Sexta Cruzada (1228-1229) Frederico 2º, do Sacro Império Romano-Germânico, aproveitou-se das desavenças entre os sultões do Egipto e Damasco, para conseguir que os turcos lhe entregassem Jerusalém, Belém e Nazaré.

Sétima Cruzada (1248-1250) Sob o comando de Luís 9º da França (São Luís), esta cruzada foi um grande fracasso: isolada pelas enchentes do Nilo, teve seus homens dizimados pelo tifo. Luís foi preso e resgatado mediante um valor altíssimo.

Oitava Cruzada (1270) O Oriente Médio vivia uma época de anarquia entre as ordens religiosas que deveriam defendê-lo, bem como entre comerciantes genoveses e venezianos. Os cristãos foram expulsos de suas posições e Luís 9º organizou uma nova Cruzada. Morreu, porém, ao desembarcar em Túnis e a cruzada foi suspensa.

A decadência do Império

A partir desse momento, a luta entre Frederico e o Papa pela posse das cidades do norte da Itália tornou-se feroz. Guelfos (como eram chamados os partidários do Papa) e Gibelino (os partidários do Imperador) se esfaqueavam em todo o Império.

Em 1250, Frederico morre. Era o fim da intervenção do Império Germânico na península Itálica. O Império entrou em decadência. Durante trinta anos, os senhores feudais não permitiram a eleição de um novo imperador.