Localização Geográfica da Coreia

A Coreia é uma Península que esta situada ao noroeste da Ásia, tem como limites:

 Norte – China;

Sul – junção dos mares Amarelo e do Japão;

Este – Mar do Japão;

Oeste – Mar Amarelo.

Antecedentes

A península coreana foi um dos primeiros territórios asiáticos a ser ocupado pelas tropas japonesas em seu expansionismo imperialista, ainda no início do século XX (1910).

Nas décadas seguintes, dando seguimento a essa política, os japoneses ocupariam boa parte dos territórios do leste asiático, inclusive territórios chineses.

Os sectores nacionalistas dos diversos territórios ocupados uniram-se aos aliados, principalmente os norte-americanos e soviéticos, na luta contra o Japão. A vitória dos aliados na guerra levou os territórios da China, Coreia e Japão a caminhos diferentes.

Na China, os nacionalistas do Goumindang – comandados por Chiang Kai-shek – eram reconhecidos pelas potências internacionais (inclusive pela URSS) como governantes legítimos. Mas os comunistas do Partido Comunista Chinês (PCC) – liderados por Mao Zedong1 – também disputavam o poder. Com o fim da Segunda Guerra Mundial o país logo entrou em uma guerra civil, que durou de 1946 a 1949. Nesta os comunistas, mesmo sem apoio internacional, saíram vencedores e proclamaram a República Popular da China em Outubro de 1949.

Mao e outros líderes do PCC costumavam dizer que “a revolução chinesa alcançou sua vitória contra a vontade de Stalin” que, naquele momento, tinha Chiang Kai-shek como seu principal aliado na China. Mais à frente, veremos como era ambígua a relação entre o PCC e a URSS.

O Japão, com a derrota para os norte-americanos, terminou a Segunda Guerra Mundial ocupado militarmente. O gen. MacArthur, chefe militar americano importante durante os conflitos no Pacífico na guerra mundial e futuro comandante das tropas da ONU na Guerra da Coréia, foi nomeado como líder da ocupação.

A Coreia vivia dias de muita alegria com a vitória sobre os japoneses, mas este sentimento não duraria muito. Logo ficaram sabendo das decisões das potências (EUA, URSS e Grã-Bretanha) no tratado de Yalta (1945): a Coreia, que sempre foi um país unificado, seria dividida pelas tropas soviéticas e norte-americanas. Cada país ficaria responsável por ‘tutelar’ uma metade da Coreia – soviéticos no norte e americanos no sul – e derrotar as últimas tropas japonesas que ainda actuavam na península.

O marco escolhido como fronteira para as duas Coreias foi o paralelo 38º. Os últimos japoneses foram derrotados, mas a ocupação das tropas estrangeiras permaneceu. Em 1948, cada potência em sua metade da Coreia organizou um governo para os novos países que se estruturavam. No norte, liderado pelo Partido Comunista e Kim Il-Sung, surgia a República Democrática Popular da Coreia. E no sul, a República da Coreia, tendo como presidente Syghman Rhee.

Na impossibilidade de os Estados Unidos e a União soviética, chegaram a acordo sobre a transição foi proposta pela segunda a retirada de todas as forças em 1 de Janeiro de 1948 e a sua substituição pelas autoridades locais, o que implicava a perpetuação da divisão do país. Em 1947, os estados unidos decidiram levar a questão às Nações Unidas, tendo sido proposto à assembleia a realização de eleições sobre a supervisão das Nações Unidas para o estabelecimento de um parlamento e de um governo único em todo o território.

Seria criada uma comissão para acompanhar todo o processo com liberdade de circulação em todo o território. Desde o inicio que a União soviética se opôs a todo processo, primeiro opondo-se a própria interferência das Nações Unidas por se tratar de uma questão emergente da II Guerra Mundial e, portanto, de exclusiva competência das potencias vencedoras e posteriormente recusando-se a participar na comissão e impedindo a circulação de seus representantes na Coreia do Norte.

Causas da Guerra

– Divisão ocorrida na Coreia, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Após a rendição e retirada das tropas japonesas, o norte passou a ser aliado dos soviéticos (socialista), enquanto o sul ficou sob a influência norte-americana (capitalista). Esta divisão gerou conflitos entre as duas Coreias.

– Após diversas tentativas de derrubar o governo sul-coreano, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul em 25 de Junho de 1950. As tropas norte-coreanas conquistaram Seul (capital da Coreia do Sul).

Desenvolvimento da Guerra

A Guerra da Coreia foi um conflito armado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Ocorreu entre os anos de 1950 e 1953. Teve como pano de fundo a disputa geopolítica entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (socialismo). Foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria, causando apreensão no mundo todo, pois houve um risco eminente de uma guerra nuclear em função do envolvimento directo entre as duas potências militares da época.

No dia 25 de Junho de 1950 os norte-coreanos iniciam as operações cruzando o paralelo 38°. Em poucas semanas eles tomariam Seul e forçariam os sul-coreanos, mais fracos militarmente, a recuar para o sul da península. Um acontecimento não previsto pelos comunistas, no entanto, mudaria os rumos da guerra: dois dias após o início do conflito, o governo norte-americano declara guerra à Coreia do Norte.

Os EUA temiam que esse conflito fosse o primeiro de uma série de tentativas expansionistas soviéticas, que deveriam ser respondidas à altura para evitar o avanço do inimigo em outras regiões do planeta. Seguindo o chamado dos EUA, a ONU aprova acções contra a Coreia do Norte e o envio de tropas (a URSS não pode vetar essa medida já que nesse momento estava boicotando a ONU em uma tentativa de incluir a China Comunista no Conselho de Segurança no lugar de Taiwan).

Em 28 de Junho foram realizados ataques aéreos e navais contra alvos na Coreia do Norte e iniciado o bloqueio da sua costa. Em 30 de Junho foi decidido o envio de duas divisões inspeccionadas no Japão para a defesa da Coreia do sul.

Durante as semanas seguintes o Reino Unido, a Austrália e a Nova Zelândia, o canada e a Holanda enviaram forças, acendendo a 16 os estados participantes no inicio de 1951. A maioria das forças estrangeiras empenhadas, cerca de dois terços, era contudo americana. 

Intervenientes da guerra

Após a aprovação do plano de invasão norte-coreana pelos líderes comunistas, os preparativos para o conflito começaram a ser tomados. Ao pedido de Stalin e Kim, Mao Zedong envia para a Coreia entre 50 e 70 mil soldados de origem coreana que haviam lutado pelo Exército de Libertação Popular (ELP) na Revolução Chinesa. Muitos desses soldados cruzaram a fronteira da China para a Coreia do Norte com seus equipamentos, ou seja, armados. Essa é uma evidência suficiente para mostrar o envolvimento da RPC nos preparativos para a guerra.

As relações entre soviéticos e os comunistas chineses foram muito ambíguas ao longo da história. Em alguns momentos, o Partido Comunista Chinês (PCC), fundado em 1921, era praticamente controlado pelos líderes da revolução mundial, recebendo financiamentos e apoio humano dos soviéticos. Em outros momentos o PCC era deixado de lado, esquecido e até combatido pela URSS. Não podemos esquecer que os soviéticos reconheciam o líder nacionalista Chiang Kai-shek, durante as décadas de 1930 e 1940, como legítimo governante da China.

É nesse contexto que, após a rendição dos japoneses em 1945, recomeça a guerra civil na China entre nacionalistas e comunistas. Para manter o apoio das potências na guerra civil contra os vermelhos, C. Kai-shek aceita os termos do tratado acordado em Yalta, cedendo aos soviéticos o controle dos portos da Manchúria e a Mongólia Exterior, por exemplo. Apesar desses apoios internacionais os nacionalistas não conseguem frear os avanços comunistas que vão vencendo batalha após batalha.

Com a proximidade do fim do conflito e da vitória do PCC, os comunistas tentam restabelecer seus contactos com a URSS, afinal, aquele era o país líder da Revolução Mundial e Mao Zedong queria aliar a nova China que surgia ao bloco de países socialistas.

A vitória final dos comunistas na China acontece com a fuga dos nacionalistas para ilha de Taiwan e a proclamação, em 1° de Outubro de 1949 da República Popular da China (RPC). A partir daqui, os contactos entre Mao e Stalin vão se intensificar (Mao, inclusive, viaja à URSS para se encontrar com o líder soviético) até ser assinado o novo tratado sino-soviético em Fevereiro de 1950. São revistas uma série de cláusulas desfavoráveis à China que estavam no acordo de 1945, além de serem assinados acordos militares e de mútua defesa.

O fim da guerra

Em 27 de Julho de 1953, com assinatura do armistício em Panmunjom colocava o fim da guerra na Coreia assunto proposto pela Índia, em nome de 31 estados árabes e asiáticos, foi aprovada uma resolução criando uma comissão para explorar as bases para um cessar-fogo na Coreia. A comissão veio a ser composta pelo presidente da assembleia e dois outros membros de nacionalidades indianas e canadianas, designados por “grupo dos três.”

A China, pela voz de Chu N- Lai, declarou em 22 de Dezembro, que, como base para a resolução pacífica do problema coreano, todas as forcas estrangeiras deveriam ser retiradas da Coreia, os problemas internos coreanos deveriam ser resolvidos pelos próprios coreanos, as forcas americanas deveriam ser retiradas da Formosa e os representantes da república popular da china deveria obter um estatuto legítimo nas Nações Unidas.

Consequências

A península coreana enfrentou duas consequências imediatas da guerra. No sul, ocorreu a consolidação da ditadura policiar e anticomunista de Rhee, o qual foi proclamada presidente vitalício, com apoio das tropas norte- americanas ai aquarteladas. Já no norte Kim Il-sung se fortaleceria no poder produzindo uma reconstrução económica bem mais acelerada que no sul.

Segundo Jonathan Spence apud Ribeiro (1996:6), a o número de baixas foi enorme: 160 mil norte-americanos (incluindo mortos, feridos e desaparecidos), 400 mil da Coreia do Sul, 600 mil da Coreia do Norte e entre 700 a 900 mil chineses.

 

Bibliografia

DOURADO, Lauter e MANNARINO, Giovanni. A guerra da Coreia 1950-1953. Brasil, 2011.

MELCHIONNA, Helena Hoppen. A questão nuclear da correia do Norte sob as perspectivas da China e dos EUA. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, FCS, 2011.

RIBEIRO, Manuel de Almeida. A organização das Nações Unidas. Coimbra, Almedina, 1996.