As Formas de Dominação Colonial
As diferentes potências coloniais adoptaram estratégias próprias em
matéria de política indígena. Os britânicos defendiam a autonomia
administrativa enquanto os franceses e portugueses optaram mais pela
integração política.
Portanto a administração colonial oscilava entre a “diferenciação” e a
“assimilação” consoante a experiência e as circunstâncias de momento.
A Administração Indirecta
Embora não tenha havido uma concepção universal para a administração
colonial, em África, predominava a chamada administração indirecta
(Indirect Rule, em inglês).
A administração indirecta consistiu em a metrópole conceder aos
africanos o exercício do poder a nível das instituições tradicionais, bem
como em órgãos da administração colonial.
Lord Lugard o teórico deste sistema definiu-o como “um governo único,
onde os chefes africanos tenham deveres bem definidos e uma posição
reconhecida equivalente à das autoridades britânicas”. Portanto este sistema baseava-se, não na subordinação, mas sim na colaboração com as
autoridades britânicas que tinham um papel mais consultivo do que
executivo. Ao chefe africano competia realizar as suas funções
tradicionais mas dentro das directrizes da administração colonial. O poder
do chefe africano devia ser exercido tendo sempre de acordo com os
interesses da administração colonial.
Ao não afastar os africanos da vida política, a administração indirecta,
assegurava uma certa legitimidade do poder colonial diante dos olhos do
povo, afastando, assim a possível contestação. À metrópole
desempenhava neste esquema de administração o papel de árbitro.
O indirect rule deu lugar às chamadas colónias de exploração, em que a
produção ficava a cargo das comunidades e os colonos adquiriam os
produtos comprando-os a preços muito baixos. Competia ao chefe local,
gozando de uma certa autonomia, controlar a produção.
O Sistema de administração indirecta, foi iniciado e aplicado por Lord
Lugard na Nigéria e, vigorou em quase todas as colónias britânicas. Os
belgas também o adoptaram a partir de 1920 no Congo.
Outro modelo de administração indirecta foi introduzido pelos franceses,
denominado politique d´association que, segundo Jules Harmand, “era
uma forma de administração indirecta, com conservação, embora melhor
dirigida e vigiada, das instituições do povo submetido e com respeito por
seu passado”. Entretanto em África limitou-se a Marrocos.
Teoricamente, os franceses aplicaram a administração indirecta também
no sul do Sahara, mas na verdade aqui o poder do chefe local era quase
nulo e não passava de um instrumento ou auxiliar. O mesmo acontecia
nos territórios portugueses. 

Administração indirecta – sistema de administração no qual a metrópole
confiava aos chefes locais algumas tarefas administrativas tais como a
cobrança dos impostos, o pagamento dos funcionários locais e a aquisição de
fundos para desenvolver obras na região. A metrópole ficava com a função de
controle das relações das colónias com o exterior

A opção por esta forma de dominação justifica-se por diferentes razões:
a) Primeiro, pelas modalidades de ocupação adoptadas, aliadas à
dimensão dos próprios impérios.
b) Por outro lado, porque o pessoal europeu era insuficiente para
administrar todas as possessões.
c) O colapso das companhias concessionárias implicou a necessidade de
se montar uma autoridade nacional sobre as regiões que os europeus
não podiam controlar efectivamente.
d) O princípio europeu do “império barato” que pressupunha o
afastamento dos europeus da administração das colónias como forma  

de se livrar dos encargos administrativos, deixando essa
responsabilidade com os chefes africanos.
e) Também era corrente a ideia de que “quanto menos se molestar os
africanos, mais activa seria a sua cooperação” pois, como é natural a
presença europeia não seria de modo nenhum motivo de insatisfação
dos africanos.
A Administração Directa
Consiste na criação, pela metrópole, de um aparelho administrativo e
militar forte e capaz de assegurar a orientação de trabalho para os centros
de produção. Estimula-se em paralelo uma pequena elite africana de
modo a dotá-la de força suficiente para controlar a força de trabalho.
O sistema directo de dominação conduz a um tipo de colónias ditas de
povoamento, em que os africanos eram forçados a abandonar as suas
terras ricas para a agricultura ou em minérios, a favor dos colonos
europeus.
Os africanos, de camponeses convertiam-se em mão-de-obra de reserva
forçada a vender a sua força de trabalho a um preço baixo.
Este sistema vigorou principalmente na África do Sul, nas Rodésias, no
Quénia e nas colónias portuguesas.
As atitudes dos africanos perante tais políticas foram muito variadas,
desde a aceitação relutante e a adaptação forçada até aos esforços
deliberados de conservar as instituições. 

fonte:

http://ead.mined.gov.mz/site/wp-content/uploads/2020/03/Historia3-2%C2%BA-Ciclo.pdf