Definição de Grupo e organização
O termo Grupo é de origem alemã e significava cacho, molho, pilha, saco… palavras que sugerem um conjunto de coisas ou de pessoas, nada mais do que isso. Neste sentido por exemplo, os passageiros de um avião seriam considerados um grupo. Contudo, até a pesquisa mais superficial depressa revela que um grupo é algo muito mais complexo do que um simples agrupamento de pessoas. Um grupo não se define pela simples proximidade ou soma dos seus membros, mas como um conjunto de pessoas interdependentes.
Organização como um “sistema cooperativo”, sendo este “um sistema complexo de componentes físicos, biológicos, pessoais e sociais, entre os quais existe uma relação sistemática e específica em razão da cooperação de duas ou mais pessoas que visam a um determinado fim”.
2.2.Definição de equipe ou grupo organizacional
Os grupos dentro das organizações podem alterar o desempenho e a produtividade e consequentemente o desenvolvimento da própria instituição. As equipes de trabalho ou grupos de trabalho tem aumentado nos últimos anos. O primeiro aspecto de uma equipe é que ela tem que ter os mesmos objectivos que são comuns a todos, não só fazer parte de um departamento. O segundo se refere à responsabilidade, ou seja, em quem recai a execução das actividades para atingir a finalidade. O terceiro seria o objectivo compartilhado. Devendo haver um esforço e comprometimento
Uma equipa é um grupo cujos membros colaboram de forma muito próxima e intensa na obtenção de um resultado ou objectivo comum.
Apesar existir algumas diferenças entre grupos e equipas de trabalho utilizam estes termos como sinónimos. Segundo eles, a designação de equipa de trabalho é utilizada quando pretendemos estudar os grupos em contexto organizacional, ou seja, a sua utilização está mais relacionada com a especificidade do contexto do que com a distinção teórica de fundo.
Um conjunto de pessoas trabalhando juntas é apenas um conjunto de pessoas. Para que se torne uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não. Para que exista uma equipe, é necessário que também exista um propósito, um objectivo compartilhado pelas pessoas e em prol do qual elas despendam seus esforços.
De acordo com o nosso ponto de vista, podemos dizer que na literatura muitos autores se referem a “equipas” como “grupos”, e, a “grupos” como “equipas”, não comprometendo qualquer distinção entre os conceitos mas existe um outro ponto de vista que acredita na existência de diferenças entre os conceitos “grupo” e “equipa”, tentando distingui-los.
De uma forma genérica, alguns autores sugerem que uma equipa é um grupo, mas com algo extra. Como por exemplo:
Enquanto o grupo é composto por duas ou mais pessoas que trabalham conjuntamente para atingir um objectivo, uma equipa deve ir muito mais além desta simples exigência e incorporar características que proporcionam uma extensão a ele. As equipes e grupos de trabalho tem suas diferenças. Nos grupos, há esforço individual, responsabilidade por resultados individuais, objectivo individual e unidades de trabalho independente.
Já as equipes o esforço é colectivo, a responsabilidade é compartilhada por resultados globais, objectivo de trabalho compartilhado e unidades de trabalho semiautónomas ou autónomas.
2.3.Principais Características de uma Equipe
Os modelos organizacionais mais flexíveis procuram estruturar a equipe antes da própria definição de tarefas: a diferenciação e a especialização do trabalho emergem da actividade grupal, e não de imposições burocráticas. A equipe se torna mais fluida e adaptável às condições mutantes da realidade.
Uma equipe possui como principais características:
- Sistema social comum — as pessoas não são vistas prioritariamente como indivíduos isolados, mas como membros cooperadores de uma actividade comum;
- Polivalência funcional — há diversidade nos conhecimentos e habilidades; as pessoas desempenham vários papéis e funções;
- Relativa autonomia de auto-organização — é possível estabelecer padrões internos de gestão nos limites das directrizes gerais comuns;
- Espaço para a criatividade — é possível desenvolver modos próprios e variados de execução das tarefas;
- Sentido de afiliação — as pessoas desenvolvem o sentimento de pertencer a um grupo com identidade própria e compromissos comuns;
- Ideias claras sobre o desenvolvimento da equipe — há critérios de êxito e visão de futuro.
A estruturação por equipe se fundamenta no reconhecimento de potenciais individuais e colectivos e na adesão do grupo, pela possibilidade real de uso das habilidades individuais. Consideram-se as habilidades, os talentos e os interesses individuais na própria distribuição do trabalho. A maior autonomia de decisão do grupo decorre não só da definição prévia de auto-organização, mas do poder conquistado pelo desenvolvimento individual e colectivo. A conquista da visão de objectivos comuns e o reconhecimento de habilidades mútuas ajudam na solução de problemas e conflitos no próprio grupo.
2.4.Espírito de equipe e a coesão do grupo
Os grupos coesos produzem melhores resultados, entusiasmam se na acção e se orgulham da concretização; geram mais informações sobre o trabalho e sentem-se seguros na auto-avaliação. Grupos menos coesos têm dificuldade de se fixar e agir segundo metas colectivas. A participação se torna desequilibrada: alguns poucos contribuem ou se comprometem com a decisão colectiva, sentindo-se mais à vontade em criticá-la mais tarde, durante os percalços da implementação. Para aumentar a coesão do grupo e o espírito de equipe, é importante observar os pontos apresentados a seguir:
- Manter o grupo pequeno;
- Incentivar a reflexão estratégica em conjunto;
- Desenvolver actividades colectivas regulares;
- Fazer os incentivos de grupo prevalecer sobre os individuais;
- Incentivar o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos.
2.5.Classificação dos grupos na organização
As equipas podem ser classificadas segundo a forma como se estruturam e de acordo com o nível de maturidade do grupos.
2.5.1.De acordo com a sua categoria a equipe pode ser:
- Pseudoequipe: esse tipo de grupo pode definir um trabalho a ser feito, mas não se preocupa com o desempenho colectivo, nem tenta conquistá-lo.
- Grupo de Trabalho: os membros desse grupo não vêem nenhuma razão para sem transformarem numa equipe. Podem partilhar informações entre si, porém responsabilidades e objectivos, por exemplo, pertencem a cada indivíduo.
- Equipe Potencial: esse grupo quer produzir um trabalho conjunto. No entanto, os membros precisam de esclarecimentos e orientações sobre sua finalidade e objectivos.
- Equipe Real: uma equipe real compõe-se de poucas pessoas, mas com habilidades complementares e comprometidas umas com as outras por intermédio de missão e objectivos comuns. Regista-se a confiança entre os membros do grupo.
- Equipe de Alto Desempenho: este grupo atende a todas as condições de uma equipe real e tem um comprometimento profundo entre seus membros com o intuito de crescimento pessoal de cada um.
2.5.2.De acordo com as suas características:
- Permanentes são os contratados para integrar uma equipe que tem o objectivo de atender ou produzir por período indeterminado.
- Temporárias, une em prol de um objectivo temporário.
2.5.3.De acordo com titularidade das equipes:
- Equipes funcionais: compostas por uma chefia e seus subordinados directos. Essas equipes têm regras claras no que se refere ao processo de tomada de decisões, à liderança e gerenciamento.
- Equipes interfuncionais ou multidisciplinares: que combinam diferentes habilidades em torno de um objectivo ou vários departamentos funcionais para resolver problemas mútuos. Essas equipes podem ser, inclusive, permanentes ou temporárias.
- Equipes autogerenciáveis: envolvem grupos de pessoas bem integradas, que são responsáveis por todo um processo de trabalho, por seu planeamento e melhoria contínua. Os membros desse tipo de equipe trabalham em conjunto e se autogerenciam para enfrentar os problemas do dia a dia, além de planejar e controlar suas actividades.
2.6.Os Benefícios de uma Equipe
Há certamente dificuldades no trabalho em equipe. Entre elas, provavelmente, a mais significativa é a convergência de diferentes pontos de vista e a criação do consenso. Isso geralmente toma algum tempo nos processos de trabalho e exige uma actuação versátil das lideranças. Porém, as vantagens superam quaisquer dificuldades, e dentre elas podemos destacar:
- A agilidade na captação e uso das informações;
- Trabalhar em equipe traz resultados vantajosos tanto para seus membros como para a organização em que trabalham;
- Pessoas que aprenderam a dar apoio e a confiar umas nas outras compartilham livremente seus conhecimentos;
- No trabalho em equipe, registra-se também a aplicação mais eficiente de recursos, talentos e forças, porque eles são usados de boa vontade e compartilhados com os demais companheiros;
- Um quinto benefício é o conjunto de decisões e soluções, adoptadas simultaneamente, com todos gerando e avaliando maior número de opções do que uma única pessoa poderia fazê-lo;
- As pessoas que são responsáveis por decisões e soluções as consideram como sua propriedade e, consequentemente, sentem-se compromissadas em conduzi-las com sucesso. SMITH (1993), a essência de uma equipe está no comprometimento colectivo. Sem ele,
2.7.Motivação e Valorização de Equipes
Por exemplo, define motivação como uma força interior que impulsiona o indivíduo na direcção de algo. De acordo com sua interpretação, algumas pessoas se sentem motivadas para realizar determinadas tarefas e outras parecem desinteressadas devido ao fato de que as pessoas têm diferentes valores, diferentes interesses e necessidades, experiência profissional e história de vida distinta Todos esses aspectos condicionam suas motivações. O pressuposto é, portanto, o de que é necessário incentivar as pessoas continuamente a fazer o melhor possível e a ultrapassar o desempenho actual.
A motivação depende dos desejos e impulsos mais subjectivos dos indivíduos. No entanto, é possível admitirmos – sobretudo após os aportes da Teoria das Relações Humanas que alguns procedimentos podem ser adoptados, além da remuneração adequada. Dentre eles, podemos destacar:
- Reconhecimento e a recompensa pelo bom trabalho;
- Confiança dos chefes e colegas de trabalho;
- Espaço de trabalho equipado, seguro e confortável;
- Perspectivas de crescimento profissional;
- Investimento no desenvolvimento dos indivíduos e equipes;
- Benefícios que assegurem o bem-estar físico e psicológico dos funcionários.
2.8.Fases de Desenvolvimento das Equipes
Existem estágios de desenvolvimento das equipes, que não necessariamente segue um padrão ou passos definidos, podendo passar por uns e depois voltar antes de ir para outro. Podemos citar cinco etapas:
1) Formação;
2) Conflito;
3) Normatização;
4) Desempenho;
5) Desintegração.
Na formação se inicia os contactos entre os membros, identificação, forma de contribuir com os objectivos da equipe. O conflito se dá através do processo de ajuste ou negociação. O que depende das características de personalidade e cada um.
Porém, o conflito não quer dizer que será sempre como uma “guerra”. Pode ser apenas disputa, discordância entre eles.
A normatização é um termo utilizado para revelar as relações mais próximas entre os componentes, o diálogo espontâneo, troca de informações e tolerância diante de opiniões opostas.
O Desempenho é o quarto estágio que indica a evolução da equipe nas suas tarefas e objectivos alcançados. A forma que encontraram para sobreviver a todas as adversidades e chegar ao sucesso.
As Desintegração se dá quando as equipes formadas alcançaram seus objectivos e não existe mais razão para que os membros continuem juntos ou ligados.
3.Conclusão
Finda a elaboração do presente trabalho concluiu-se os grupos dentro das organizações podem alterar o desempenho e a produtividade e consequentemente o desenvolvimento da própria instituição e as equipes de trabalho ou grupos de trabalho tem aumentado nos últimos anos por via disso que hoje em dia não restam dúvidas que desde os tempos mais remotos, a vida em sociedade é própria da natureza humana sendo impossível compreender o comportamento humano sem considerar o papel que os grupos têm na vida das pessoas, onde compreendeu-se que os grupos têm uma importância incalculável na vida de todos os seres humanos, precisando nós, em todas as alturas da nossa vida, de pertencer a grupos seja no âmbito social tanto organizacional.
Concluiu-se ainda que a essência de um grupo é a interdependência entre os seus membros (criada pela existência de um alvo mobilizador comum), o que faz com que o grupo constitua um todo dinâmico resultando uma mudança no estado de qualquer um dos membros ou subgrupos, na mudança do estado de todos os restantes.
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