Por: Adams

Introdução

Formas de Multiculturalismo: Critico de Resistência e as Politicas de Resistência é o tema desenvolvido no exercício. Resulta da dificuldade em se compreende e em como lidar com o choque entre culturas, onde existe uma resistência por parte de um grupo local face a outras em um mesmo espaço, o que causa entre os mesmo má convivência, desarmonia exclusão de culturas e do outro.

Face a essa dificuldade surge a seguinte questão: como lidar com a resistência cultural, que tende a ser repulsiva, que se verifica num encontro intercultural e quais os mecanismos de orientação para garantir a harmonia e a inclusão cultural?

O trabalho apresenta como objectivos geral compreender o impacto multicultural que surge da relação de culturas e os seus mecanismos de orientação e como específico definir multiculturalismo e falar do surgimento; desenvolver algumas das suas reflexões que são feitas ao multiculturalismo critico e de resistência e as suas políticas de resistência.

De acordo com Mclaren (2000) o multiculturalismo crítico e de resistência, apesar de certas distinções entre as mesmas defendem o engajamento de uma educação que contribuia para o não afastamento de uma pedagogia crítica, referentes aos imigrantes, que tendem até certo ponto a ser repelidos pelos grupos pelos quais se juntam em seus percursos.

A elaboração do trabalho é essencialmente caracterizada pela pesquisa bibliográfica e técnica de análise e interpretação de textos para a melhor interpretação do mesmo.
 
O trabalho apresenta a seguinte estrutura: no primeiro ponto procuramos definir do conceito de multiculturalismo e o seu surgimento histórico, falando aqui da sua evolução nesse mesmo contexto; na segunda fazemos uma reflexões em torno do multiculturalismo crítico e de resistência e na terceira discutem-se as políticas de resistência com vista a combater a homogeneidade na pedagogia e na educação.

1. Conceito de Multiculturalismo

Multiculturalismo é definido como um movimento que tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, ou seja, termo que descreve a existência de muitas culturas numa região, criando uma convivência pacífica entre elas, superando as falhas de relativismo cultural, defendendo um encontro em pé de igualdade. O multiculturalismo procura desafiar crenças equivocadas de que estudantes pobres, não dominantes e de cor são privados de cultura e moral.
Por conseguinte, ocorre, por uma questão de manutenção da paz social, encontrar um mecanismo para que este encontro entre populações não se traduza em choques culturais e raciais (Ngoenha, 2013:106).

Originalmente, o multiculturalismo serve também como estratégia para unir grupos étnicos e raciais. Sem se limitar apenas neste contexto referenciado, também abrange outras formas de diversidades culturais.

1.1.  História de Multiculturalismo

O movimento multiculturalista  iniciou nos finais do século XIX nos Estados Unidos, com a acção principal do movimento negro para combater a discriminação racial no País e lutar pelos seus direitos civis na década de 1960, no qual ativistas de cor realçaram a importância da diversidade e dos direitos humanos.
 
Segundo Ngoenha (2013) a questão da unidade ou da pluralidade de racionalidade, caia normalmente num dualismo em que, de um lado há aquilo que resulta do universal e do outro, aquilo que leva ao relativismo.

No entanto, as raízes do multiculturalismo podem ser situadas anteriormente ao primeiro movimento dos estudos étnicos iniciado por estudiosos como George Washington Williams e levado adiante por grandes pensadores como W.E.B. Du Bois e Carter G. Woodson.

Atualmente, há abordagens definições e objetivos variados e contraditórios no que diz respeito ao multiculturalismo nas escolas, devido ao engajamento frágil e superficial que muitas vezes se apresentam em relação ao movimento.

Segundo Silva e Brandim (2008:56) os precursores do multiculturalismo foram professores, doutores afro-americanos, docentes universitários na área dos estudos sociais que trouxeram por meio de suas obras, questões sociais, políticas e culturais de interesse para os afro-descendentes. Esses precursores foram essenciais para que no século XX por meio de novos intelectuais o tema se voltasse também à educação.

Na década de 90 algumas universidades estadunidenses aderiram ao movimento e que com as pressões populares ganharam força e espaço com a criação de políticas publica em todas as esferas do poder público no que concerne a oportunidades educacionais iguais aos grupos sociais favorecidos daquele país.

O pós-modernismo que defende a valorização da pluralidade cultural no seu discurso curricular ajudou o fortalecimento dos estudos multiculturais nos anos 80 e 90. Hoje na contemporaneidade o tema é influenciado pela globalização, com os intercâmbios culturais, fala-se ainda de uma hegemonia cultural o que tem causado problemas sociais.

2. Multiculturalismo Crítico e de Resistência

Multiculturalismo crítico são os diferentes modelos de debate nos diversos campos sobre as novas formas de inclusão dos sujeitos sociais, isto é, “o multiculturalismo sem uma agenda política de transformação pode ser apenas uma forma de acomodação a uma ordem social maior [...] pelo facto de estarem imensas no discurso da reforma” (MCLAREN, 2000: 122), isso pode dever-se a exclusão dos grupos sociais com representações minoritárias nos diferentes campos, que tem sido revistos ou negados.

 

A perspectiva multicultural crítica não ignora outras questões  multiculturais, a raça, a classe e o gênero, que são frutos de lutas sociais mais amplas, sobre signos  e significação, que não só enfatiza o jogo textual e o deslocamento metafórico como meio de resistência, como também a tarefa central da inclusão cultural e institucionais, nas quais os significados são gerados.

Por outro lado o multiculturalismo crítico por meio das suas políticas conservadoras/liberais e a importância do liberal de igualdade na diferença forma uma falsa oposição “...as identidades formadas na igualdade quanto as formada na diferença são formadas na lógica essencialista: em ambas as identidades individuais são presumidas como autónomas, autocontidas e autodirigidas” (ibidem). De um outro modo poder-se-ia dizer que as identidades assumidas como formadas na igualdade ou na diferença tem uma peculiaridade, entendamos isso como liberdade, compreende-se entre si e se conduzem.

O multiculturalismo de resistência não aceita uma cultura que não apresenta conflitos, harmonia e consenso, em outras palavras, a cultura tem que ter conflitos que buscam não a desordem, mas o entendimento, que gere a conformidade. Não é o universal que condiciona os particulares, mas o universal só tem sentido se advém de uma conjugação dialogal entre os diferentes particulares.” (NGOENHA, 2013: 122)

Segundo Mclaren (2000:123) a democracia neste sentido não se pode olhar como força, não como um Estado de relações culturais políticas que em todo momento traz a conformidade e entendimento, isto é, sem cicatrizes. O multiculturalismo de resistência não sustenta a ideia de que a diversidade deve ser uma meta, mas a diversidade deve ser declarada dentro de uma política crítica e que tenha compromisso com a justiça social. Deve estar atento a noção de diferença, pois diferença aqui deve ser entendida como produto de história, cultura, poder e ideologia, seja essa diferença entre dois ou mais grupos deve ser entendida como especificidade de sua produção.

O como ou os questionamentos sobre a construção da diferença e identidade em relação a uma política radical é apresentado pelo multiculturalismo crítico. Ele está conta as tendências conservadoras e liberais do multiculturalismo. “a partir da perspectiva do multiculturalismo crítico os ataques conservadores contra o multiculturalismo [...] revelam a compreensão errada dos seus porta-vozes das culturas [...]que a sociedade [...] constitui relações de acordo ininturrupto (idem, p.124). Se o multiculturalismo for entendido como conservador pelos representantes culturais então ele está a ser mal entendido como sendo somente o pluralismo cultural conservador.

A visão liberal apresenta uma política de pluralismo que rejeita as acções de poder e privilégio, isto é, “envolve uma exclusão insidiosa de qualquer política de transformação social, estrutural que estiver em consideração: ela encobre e define relações globais ou estruturais de poder como ideologias e totalizantes” (ABERT apudibidem). Indo mais além a visão liberal pressente entendimento e conformidade, um universo “mil maravilha” onde a diferença possa coexistir. Nesse memo universo é obrigatória que todos os indivíduos retirem todas as características positivas para se tornarem cidadãos sem identidade e sem “cultura” o que na visão de David Llyod (apud ibidem) chama sujeito sem identidades.

As diferenças dos grupos sociais não podem ser dadas a partir de uma negação entre elas, seja esta contra um fundo de variação benigna ou contra a homogeneidade cultural. “A diferença é a compreensão de que os pensamentos são forjados em história e são estratificados a partir de relações de poder diferencialmente constituídas” (idem, p.125). estes conhecimentos, subjectividades ou práticas sociais são entendidos como erros formados dentro de um globo de culturas infinitas e desiguais.

Homi K. Bhabha (apud ibidem) elucida-nos de que ao atribuirmos ao racismo, preconceito e a descriminação social da cultura, exclusivamente a lógica básica do capitalismo tardio e a sua fachada patriarcal estaremos a alegar em favor da cultura comum. Por sua vez, a cultura comum é assumida como uma forma de crítica ética do sistema político que alimenta um único grupo no interior do sistema de diferenças culturais. Se se fala de alteridade cultural só se compreenderá de uma forma superficial para dar valor aos discursos culturais de culturas de representações nos quadros hierárquicos com posições subalternas (com valor secundário).

A cultura comum é a afirmação de uma utopia democrática em uma sociedade pluralista e diversificada que está contra os pedidos reais e subversivos que os argumentos da diferença cultural. Por isso, ela é entendida como fomentadora de imperfeições e exclusões  do sistema político na medida em que ela exista.

As posições conservadoras e liberais sobre a diversidade constituem, muito frequentemente uma tentativa de compreender a cultura como bálsamo calmante – o resultado da discórdia histórica – uma espécie de presente mítico onde as irracionalidades do conflito histórico foral gentilmente solucionadas […] ela ignora a importância do engajamento em dissensos para contestar as formas hegemónicas de dominação e para afirmar as diferenças. As posições liberais e conservadoras de cultura também assumem que a justiça é precisa apenas se igualitariamente distribuídas (MCLAREN, 2000: 126).

Deste modo é tarefa não só das educadoras como dos estudantes perceber que a justiça não existe simplesmente porque há lei. A justiça não deve depender da lei da lei que rege, mas da consciência, sempre criada e com luta sucessiva definida.

O multiculturalismo crítico defende o engajamento de uma educação, que esteja sustentada por uma teoria textual social e histórica, ao discutir a diferença não separa discussão da desigualdade social.

3.  Multiculturalismo Político de Resistência

A política multiculturalista visa resistir à homogeneidade cultural, principalmente quando esta homogeneidade é considerada única e legítima, submetendo outras culturas a particularismos e dependência. Daí a necessidade da “pedagogia crítica desenvolver uma visão não-reducionista da ordem social: a de ver a sociedade como irredutivel (MCLAREN, 2000: 142).
 
A diversidade cultural e étnica muitas vezes é vista como uma ameaça para a identidade da nação. Em alguns lugares o multiculturalismo provoca desprezo e indiferença, como ocorre no Canadá entre habitantes de língua francesa e os de língua inglesa. Mas também pode ser vista como factor de enriquecimento e abertura de novas e diversas possibilidades, como confirmam os sociólogos e os historiadores, ao demonstrarem que o hibridismo e a maleabilidade das culturas são factores positivos de inovação.
a política identitária não deveria ultrapassar a liberdade individual. Indivíduos, são únicos e não poderiam ser categorizados. A democracia é a única alternativa não política para alcançar o reconhecimento do outro […], da diversidade” (TAYLOR, 1998:56).  

As políticas curriculares oficiais, como textos de referência, têm tido a possibilidade de autorizar e não autorizar outros textos produzidos com a perspectiva de intervir nas práticas escolares. Vistas como discurso, apresentam-se como um importante elemento simbólico do projeto social de grupos hegemônicos, compondo processos de inclusão e exclusão de culturas. Nesses processos, as políticas oficiais trazem implicações tanto para o corpo quanto para a forma dos currículos; currículos produtores de identidades que, concomitantemente, reforçam diferenças. Os materiais didáticos, com suas formas tradicionais de estereótipos atribuídos aos não-brancos, por exemplo, ajudaram a reforçar o desejo de não-identificação com a cultura negra. Aí estão incluídos crianças e jovens que rejeitam seus traços da herança étnica, ressaltando apenas as outras características de sua suposta herança branca. Consequentemente, essa representação negativa perpassa as relações intra-escolares.

No entanto, o fato de sermos uma sociedade multicultural não tem garantido referência a uma educação multicultural. O que nos parece precário, pois, conforme essa perspectiva em educação não pode ser dissociada da problemática social e política presente em cada contexto, uma vez que relações culturais e étnicas estão permeadas por relações de poder. Para além dos materiais didáticos e dos discursos docentes, as políticas curriculares, como discurso e como texto, podem desempenhar o papel de promover o reconhecimento das diferenças, orientando os envolvidos no processo de transmissão cultural para a discussão perene sobre culturas e identidades dos sujeitos da educação.

Os instrumentos possíveis de serem pensados para alcance de uma educação de facto inclusiva, dependem de uma orientação em torno de uma arena política onde os saberes interpretados como saberes “outros” ganhem cenário. Esses achados teóricos têm desencadeado encaminhamentos concretos. Os estudos que foram realizados sob uma perspectiva cultural no campo da educação já somam uma quantidade significativa; eles extrapolam as análises teóricas, passando às políticas de acção afirmativa que visam corrigir as desigualdades herdadas pelo racismo e pela segregação.

Assim como Moreira (2001:67), compreende-se que diferentes pesquisadores e “grupos têm desenvolvido [...] projetos educativos, com o objetivo de tornar mais visíveis e audíveis os rosto e as vozes que têm sido marginalizadas na sociedade e na escola.

Os grupos segundo Moreira e Candau (2008) têm a percepção de que, a escola é das principais instituições sociais que se apresenta responsável para erguer representações positivas, que busquem respeito pela diversidade, entendida como parte da formação do cidadão -, a escola exerce um papel crucial na construção de uma a que não seja racista.

Conclusão

A problemática multicultural tem sido muito discutida principalmente na pedagogia e no curriculum da educação com o intuito de solucionar os conflitos que dela surgem, já que a mesma abrange gênero, sexualidade e cultura, assim como também de entidades políticas do mundo inteiro.
Actualmente tem-se observado a inserção de assuntos multiculturais em debates, literatura, eventos, conferências, teses e dissertações, que são ou buscam respostas as vozes dos diferentes movimentos sociais que lutam pelos seus direitos e legitimidades.
 
Na área educacional muitos estudos têm sido formulados na tentativa de criar um curriculum que busque os interesses dos não pertencentes aos padrões dominantes, fala-se aqui de crianças, mulheres, negros, etc..

 

Deste modo, torna-se urgente uma educação verdadeiramente democrática, que inclua as diversidades culturais e, para que este processo aconteça, é necessário que haja convívio multicultural, o que implica respeito ao outro, diálogo com os valores do outro, propondo a realização eficaz de mudanças nos sistemas educacionais enquanto espaços monoculturais, através do desenvolvimento de atitudes, projetos curriculares e ideias pedagógicas, que sejam sensíveis à emergência do multiculturalismo.

Referências bibliográficas

MCLAREN, Peter.(2000). Multiculturalismo Crítico. São Paulo, Coertez.

MOREIRA, A.F.B. (2001). Multiculturalismo: currículo e formação de professores. In Currículo: políticas e práticas. Brasil, Papirus.

MOREIRA, Antônio Flávio e CANDAU, Vera Maria. (2008). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 2. ed., Petrópolis, RJ, Vozes.

NGOENHA, Severino. (2013). Intercultura, Alternativa à Governação Biopolítica. Maputo, ISOED.

SILVA, Maria J. A. e BRANDIM, Maria R. L. (2008). Multiculturalismo e Educação: em defesa da diversidade cultural.[s.l., s.n.].

TAYLOR,Charles. (1998). Multiculturalismo. Lisboa, Istituto Piaget.