A Ciência desenvolveu-se, em parte, pela necessidade de um método de conhecimento e compreensão mas seguro e digno de confiança, do mundo que nos rodeia (KERLINGER, 1984). Assim tornou se necessário inventar uma abordagem do conhecimento, apta a permitir uma informação valida fidedigna sobre fenómenos complexos, incluindo o complexo fenómeno do homem e dos seus comportamentos

Conceito das Ciências Sociais

Ciências sociais são ciências exercidas em resposta as necessidades concretas das sociedades.

Trata-se do estudo da sociedade, dos comportamentos sociais. O seu objecto de estudo é o ser humano e suas acções em comunidade e ela tem como objectivo entender, definir e explicar essas relações na sociedade.

Suas particularidades

O valor científico das ciências sócias tem implícitas e certas concepções sobre as normas de explicação científica. Com a crescente consolidação das ciências sociais, iniciaram-se cada vez mais polémicas, divergências acerca da aplicabilidade autónoma dos métodos e procedimentos desenvolvidos pelas ciências naturais as pesquisas em ciências sociais.

O filósofo alemão Wilhlelm Dilthey (1833-1911), por exemplo estabeleceu uma distinção que se tornou em marco natural nessas discussões: A diferença entre aplicação (Erkiaren) e compreensão (Versteben).

A explicação seria a operação básica presente nas ciências naturais, visando ao estabelecimento precisa de relações de causa e o efeito entre os fenómenos observados. Já a compreensão seria o procedimento típico das ciências sociais nas quais as causas de um fenómeno dificilmente podiam ser aplicadas restando apenas a possibilidade de elaboração de um sentido ou interpretação para os fenómenos humanos.

Torna-se necessário, porém, reconhecer que os objectos de estudo das ciências humanas e sociais são muito diferentes das ciências físicas, biológicas e ressaltam algumas das dificuldades daquelas ciências, tais como:

  • O problema da objectividade;
  • O problema da quantificação;
  • O problema da experimentação;
  • O Problema da generalização.

O Problema da Objetividade

observador na observância das regras da imparcialidade cientificas e na verdade outro grande problema de conhecimento no domínio das ciências sociais.

Por um lado o observador corre o risco de ser afectado no seu entendimento interno das acções sociais de outrem pela sua própria condição social, pelos próprios termos em que se define a sua posição na constelação das relações sociais, pela rede dos papéis sociais que delimitam a sua acção social.

Porem, por um outro lado, a preocupação consciente ou inconsciente da acção prática, o gosto por uma ou outra fórmula de organização da vida colectiva, a preferência por um certo programa politico, podem condicionar tanto a escolha do que se estuda como a visão a que se chega dos factos

DURKHEIM (1973)  um dos pioneiros da investigação científica nas ciências sócias, estabeleceu as regras do método sociológico que a primeira e mais fundamental regra para o sociólogo e tratar os factos sociais como coisas. Trata-se de clara tentativa de adoptar nas ciências sociais procedimentos semelhantes aos das ciências naturais, plenamente consoantes com a doutrina positivista. Ver Factos sociais em Emile Durkheim.

O problema da Quantificação

È impossível negar que o cientista social lida com variáveis de difícil quantificação. Também e difícil discordar da alegação de que o grande adiamento de uma ciência pode ser determinado pela precisão dos seus instrumentos de medida.

Contudo, o problema da quantificação em ciências sociais se analisando com a merecida profundidade, mostrar-se-á bem menos crítico do que aparente.

Mas os factos sociais dificilmente podem ser tratados como coisas, pois são produzidos por seres que sentem, pensam, agem e reagem sendo capazes, por tanto, te orientar a situação de diferentes maneiras. Da mesma forma o pesquisador, pois ele e também um actor que sente, age e exerce uma influência sobre o que pesquisa.

Frente aos factos sociais, o pesquisador não è capaz de ser absolutamente objectivo. Ele têm suas preferências, inclinações, interesses particulares, caprichos, preconceitos, interessa-se por eles e os avalia com base num sistema de valores pessoais.

Diferentemente do pesquisador que actua no mundo das coisas físicas que não se encontram naturalmente envolvido com o objecto do seu estudo, o cientista social ao tratar de factos como a criminalidade, descriminação social ou invasão escolar, está tratando de uma realidade que pode não lhe ser estranha. Seus valores e suas crenças pessoais o informam previamente acerca do fenómeno indicando se è bom ou mau, justo ou injusto. E è com base nessas pré-concepções que ira abordar o objecto do seu estudo. E pouco provável, portanto, que ele seja capaz de trata-lo com absoluta neutralidade. Na verdade o pesquisador è mais do que um observador objectivo: é um actor envolvido no fenómeno.

O problema da Experimentação

A experiencia mostra que no domínio das ciências sociais os temas e conceitos adquirem facilmente um sentido valorativo, pelo que o simples facto de estudar ou escrever sobre um dado assunto, mesmo com as possíveis cautelas da objectividade é assumir sobre ele uma posição pratica susceptível de influenciar as atitudes e comportamentos e de assumir um conteúdo ideológico

DURKHEIM (1973) diz ser verdade que o experimento em investigações sociais é bem pouco utilizado, visto que, de modo geral, o cientista não possui o poder de introduzir modificações nos fenómenos que pretende pesquisar. Cabe no intento, indagar se de facto o experimento controlado é realmente indispensável para a obtenção de resultados cientificamente aceitáveis.

Não há como deixar de admitir que a experimentarão representa uma das mais notáveis contribuições ao desenvolvimento da ciência. Isto não significa, no entanto, que se deva super estimar o papel do experimento controlado. A guisa do exemplo, pode-se lembrar que a Astronomia e a Geologia não devem sua respeitabilidade a utilização de procedimentos experimentais. A Embriologia até a bem pouco, desenvolveu-se independentemente da experimentação.

O problema da Generalização

A generalidade tem implícitos dois outros pontos. Por um lado que as Generalizações sejam nomotéticas e não enumerativas, ou seja que possam aplicar-se a todos os casos idênticos e não se limitem a enumerar as características do caso em estudo. outro lado que se trate de relações causais e não de relações lógicas.

Entendendo-se por relação causal aquela que afirma que dada uma mudança em certa propriedade se verificara necessariamente mudança em outra propriedade dela logicamente independente. Trata-se naturalmente de relações que só a experiência pode confirmar ou desmentir e que por ai satisfazem a terceira condição da explicação científica.

DURKHEIM (1973) Não há como negar as limitações das ciências sociais; não apenas em relação a objectividade, mas também a generalidade. Se as pesquisas nas ciências naturais com frequência conduzem ao estabelecimento de leis, nas ciências sociais não conduzem mais do que a identificação de tendências.

Em relação a criminalidade por exemplo, pesquisas poderão indicar áreas em que sua ocorrência é maior, factores que contribuem para a maior incidência de delitos criminais ou efeitos, de medidas preventivas. O máximo que um pesquisador experiente pode almejar é a construção de teorias, que provavelmente não serão tão gerais quanto ele gostaria que fosse. O verdadeiro nas ciências sociais pode ser apenas um verdadeiro relativo e provisório.