A definição etimológica do termo “psicologia” constitui-se em uma junção de dois vocábulos gregos: “psyché” (alma, espírito, mente) e “logos” (estudo, razão, compreensão). Ou seja, “psico-logia” seria o estudo ou a compreensão da alma.

A “alma” humana foi objecto de estudo dos filósofos gregos por muitos séculos e era entendida como uma realidade da metafísica. Mas, o que é uma realidade da metafísica? Seria uma realidade fora do alcance dos sentidos, não passível de apreensão por meio da experiência, não podia ser vista ou tocada.

E actualmente, o que estuda a psicologia?

Para responder a esta questão, vamos resgatar um pouco da sua história.

Para os povos primitivos, as condutas e a natureza humana eram entendidas por meio do sobrenatural: maus espíritos, fúria dos deuses etc. Os filósofos gregos foram os primeiros a explicar as manifestações da natureza, inclusivamente o comportamento e a matéria humana por meio de elementos naturais: água, fogo, o ar etc.

Os famosos filósofos Sócrates e Platão, também trouxeram vários questionamentos psicológicos ao cerne da filosofia da época. O primeiro apontava a razão como um elemento “limite”, que separava o homem dos animais. Já Platão, procurava delimitar um “lugar” no corpo humano para a razão ou alma. Este lugar, definido por ele, seria a cabeça e a medula espinhal, seria o que ligaria a mente ao corpo.

Aristóteles, discípulo de Platão, estudou as diferenças entre a razão, percepção e sensação, o que se ousou considerar um “primeiro tratado da psicologia”.

Apesar de todas estas bases lançadas na Grécia à construção da psicologia, durante a Idade Média, novos paradigmas se impuseram devido à preponderância e hegemonia do cristianismo. Isto influenciou e permeou o desenvolvimento da psicologia daquele período, que foi delimitada pelo conhecimento religioso, o único conhecimento validado na época. Neste contexto, figuras como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino marcam presença com suas teorias que serviram de suportes à igreja católica. A partir deles a racionalidade ganha o status de manifestação divina no homem.

Devemos nos atentar para o facto de a psicologia ter pertencido ao campo da filosofia por todo este tempo e apenas mais adiante começaremos a entrar em contacto com uma psicologia científica. Vejamos:

Com o Renascimento e as ideias Iluministas, marco na Idade Moderna – consolidam-se inúmeras ciências, em contraposição aos dogmas religiosos de outrora. Este período anunciou uma nova forma de organização social e económica: o capitalismo. E ainda trouxe uma visão de homem antropológica, ou seja, o homem colocado no centro do conhecimento e do interesse social.

A possibilidade do desenvolvimento e o enorme avanço das ciências e dos conhecimentos culminaram no que denominado “Revolução Industrial”. Trilhado nesta situação de mudanças e novos valores, o filósofo francês René Descartes deixou suas contribuições às ciências naturais e à psicologia.

Descartes ficou conhecido pelo dualismo que instaurou na compreensão do ser-homem: dissociou o corpo da mente ou alma. Ao corpo cabia um funcionamento similar às máquinas. Seus movimentos seriam “previsíveis, a partir do conhecimento de suas “peças” e relações entre elas”. Enquanto que à mente cabia o conhecer, o raciocinar, o querer. Estes elementos estariam então, no campo da filosofia e por ser a mente uma entidade sem localização, seria imensurável e não observável. Suas ideias deixaram um legado enorme nos valores ocidentais e legitimaram teorias científicas de diversas áreas.

Referencia

BRAGHIROLLI, E. M. Psicologia Geral. 16 ed. Porto Alegre: vozes, 1998